O fim dos tempos fáceis nas contas públicas
As previsões para as contas em 2026 e o regresso do nervosismo aos mercados de dívida soberana não são, para já, um drama – mas sinalizam o fim de uma era em que as finanças públicas em Portugal quase deixaram de ser um assunto.
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Se tirarmos os anos da pandemia, os últimos oito anos nas finanças públicas foram marcados por uma repetição: o Governo apresentava um Orçamento do Estado assente num cenário conservador, a receita fiscal e contributiva depois crescia acima do esperado e, no final, havia o que nos media se começou (infelizmente) a chamar de “brilharete”. Por entre esta gestão de expectativas – que cedo se tornou numa tática dos ministros das Finanças – os governos do PS e o da AD foram beneficiando de uma alquimia orçamental. Puderam aumentar a despesa e/ou baixar impostos e, mesmo assim, consolidar as finanças públicas e baixar muito o rácio da dívida. As “simpatias” que distribuíam pesavam menos nas contas do que a margem adicional dada pela longa expansão da economia e do emprego. Esta alquimia parece estar perto do fim.
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