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A beleza do futuro será sustentável – ou não será: a visão de Ana Sofia Amaral, da L’Oréal Portugal

A meio do programa global “L’Oréal for the Future”, a multinacional francesa reforça o seu compromisso com a sustentabilidade, a inovação científica e o impacto social. Em conversa, Ana Sofia Amaral, diretora científica e líder de RSC da L’Oréal Portugal, revela como a empresa está a transformar o setor da beleza para enfrentar os desafios ambientais e sociais da próxima década.

09:35

Há empresas que seguem tendências e há outras que as antecipam. A L’Oréal pertence ao segundo grupo. Há mais de 25 anos que o grupo francês, líder mundial em cosmética, tem procurado integrar a sustentabilidade no coração da sua estratégia, muito antes de o termo se tornar palavra de ordem. Em 2020, lançou o programa global “L’Oréal for the Future”, uma agenda de transformação profunda que redefine o modo como a empresa produz, inova e se relaciona com as comunidades e o planeta.

Cinco anos depois, e a meio do percurso que culminará em 2030, a L’Oréal faz o ponto de situação. O programa, estruturado em quatro grandes pilares – transição climática, proteção da natureza, circularidade e apoio às comunidades –, reflete uma convicção clara: o desempenho económico e a responsabilidade ambiental e social são indissociáveis. Em Portugal, a estratégia ganha corpo através de projetos científicos, parcerias locais e de uma liderança que aposta na mudança estrutural.

Em conversa com Ana Sofia Amaral, diretora científica e responsável pela área de Sustentabilidade e Responsabilidade Social Corporativa da L’Oréal Portugal, explorámos os avanços, desafios e a visão que molda o futuro da beleza.

À conversa com Ana Sofia Amaral, da L’Oréal Portugal

A L’Oréal tem uma longa história de compromisso com a sustentabilidade e lançou em 2020 o programa “L’Oréal for the Future”. Para começar, pode explicar-nos em que consiste este programa e o que o diferencia das iniciativas anteriores da L’Oréal?

O “L’Oréal for the Future” é o programa global que reflete o compromisso da L’Oréal com a sustentabilidade, através do qual alinhamos o desempenho económico com a responsabilidade ambiental e social, duas vertentes que, na nossa visão, são impossíveis de separar.

Enquanto líder global da beleza, temos a responsabilidade de impactar positivamente o mundo que nos rodeia e, com essa missão em mente, definimos as nossas metas para a criação de um futuro sustentável e próspero até 2030 através do programa “L’Oréal for the Future”. Este foca-se em quatro pilares fundamentais: gerir a transição climática, salvaguardar a natureza, impulsionar a circularidade e apoiar as comunidades.

Há mais de 25 anos que a L’Oréal percorre esta jornada de mudança transparente e com impacto, mas, em 2020, o “L’Oréal for the Future” veio formalizar esse compromisso, mostrando que a transformação do mundo só acontece através da ação. E a nossa ação? É criar a beleza que faz avançar o mundo.

66%
dos ingredientes usados nas fórmulas L'Oréal são de base biológica.

O programa foi lançado em 2020 e 2025 marca o seu ponto intermédio. Que balanço faz da implementação em Portugal e a nível global? Que metas já foram alcançadas e que desafios ainda persistem?

O ano de 2025 não é apenas o ponto intermédio do “L’Oréal for the Future”, mas também um momento de reflexão, é o momento de olhar para o caminho percorrido, avaliar os progressos alcançados e reforçar os compromissos assumidos, tanto em Portugal como a nível global. E é com orgulho que podemos afirmar que já atingimos alguns marcos neste percurso.

Em 2024, 37% do plástico utilizado nas nossas embalagens tinha origem reciclada ou biológica e 49% das embalagens eram recarregáveis, reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis, assim como 66% dos ingredientes usados nas nossas fórmulas já são de base biológica, derivados de minerais abundantes ou de processos circulares.

A forte aposta nos formatos Refill, que incentivam um consumo mais responsável, levou a que, atualmente, por exemplo, 30% dos nossos perfumes sejam recarregáveis. Além disso, 97% da energia utilizada nas nossas operações já é proveniente de fontes renováveis. Em outubro de 2024, alcançámos a meta de ter 100% das fábricas e centros operacionais a utilizar energia renovável, um compromisso que estamos agora a alargar à rede de lojas próprias. Também 53% da água utilizada nos processos industriais vem de água reciclada ou reutilizada.

Mas a transformação não tem como foco apenas o planeta, também se constrói com e para as pessoas. A L’Oréal é hoje uma das dez empresas mais igualitárias do mundo e já apoia quase mais de 4,5 milhões de pessoas através das causas sociais das nossas marcas. Também por meio do L’Oréal Fund for Women, foram atribuídos 70 milhões de euros a mais de 530 organizações – sete delas em Portugal – em 97 países, ajudando diretamente mais de 4,8 milhões de mulheres e raparigas. Temos também inúmeras conquistas em projetos que beneficiam comunidades mais vulneráveis, promovendo inclusão e empregabilidade.

Este percurso é sustentado por uma forte aposta na inovação responsável, com vários programas que pretendem desenvolver tecnologias que respondam aos desafios ambientais e sociais mais urgentes. Um exemplo disso é o Acelerador de Inovação Sustentável, que o grupo lançou em setembro, no qual vai investir 100 milhões de euros em cinco anos, numa parceria com o Cambridge Institute for Sustainability Leadership.

Estas são metas intermédias importantes, mas sabemos que podemos sempre fazer mais e melhor. Todos estes resultados e compromissos reforçam a nossa ambição de contribuir para um futuro mais sustentável, inclusivo e próspero. Para as pessoas e para o planeta.

Um dos pilares centrais é “Gerir a transição climática”. A L’Oréal comprometeu-se com metas ambiciosas de descarbonização validadas pela Science Based Targets initiative (SBTi). Como é que a operação em Portugal está a contribuir para esse objetivo global? Há exemplos concretos de redução de emissões ou de utilização de energia renovável que possa partilhar?

Com o compromisso de gerir a transição climática, a L’Oréal estabeleceu metas concretas: queremos reduzir em 57% as emissões diretas (scope 1 e 2) e 28% as emissões indiretas (scope 3) em bens, serviços e transporte, em comparação com 2019. Além da redução direta de emissões, na L’Oréal trabalhamos em parcerias estratégicas ao longo de toda a cadeia de valor para acelerar a transição climática, promovendo soluções inovadoras e sustentáveis. Este compromisso reforça a prioridade estratégica de longo prazo em liderar a descarbonização no setor da beleza, combinando ciência, inovação e transparência para criar um futuro de emissões líquidas nulas.

Estas metas estão validadas pela Science Based Targets initiative (SBTi), desde 2024, e alinhadas com a trajetória de 1,5 °C do Acordo de Paris, abrangendo não apenas as emissões de gases com efeito de estufa (GEE), mas também água, biodiversidade e recursos naturais.

Além disso, em Portugal, temos trabalhado com os nossos clientes para encontrar soluções tanto ao nível logístico, em termos de tipo de transporte e respetiva racionalização, ou, por exemplo, trabalhando o ecodesign dos materiais de promoção de produto.

1354MILHÕES
Em 2024, o investimento em investigação e desenvolvimento atingiu 1.354,7 milhões de euros, o que representa 3,1% das vendas totais do Grupo L'Oréal.

Enquanto diretora científica, a inovação é uma das suas áreas de atuação. De que forma é que a ciência e a tecnologia estão a impulsionar a transição sustentável da L’Oréal? Pode dar exemplos de como a investigação tem permitido desenvolver produtos mais sustentáveis, seja em formulação, embalagem ou impacto ambiental?

A ciência e a tecnologia estão no centro da transição sustentável da L’Oréal. Acreditamos que a inovação é a forma mais eficaz de responder, de maneira concreta, aos desafios ambientais e sociais que enfrentamos, e é por isso que continuamos a investir em investigação e desenvolvimento. Em 2024, esse investimento atingiu 1.354,7 milhões de euros, o que representa 3,1% das vendas totais do Grupo L’Oréal.

A L’Oréal está a transformar profundamente os seus processos científicos através das Green Sciences, uma abordagem que junta biotecnologia, química verde e princípios de sustentabilidade para criar fórmulas mais eficazes, seguras e com menor impacto ambiental. Esta mudança permite substituir matérias-primas de origem fóssil por alternativas renováveis e desenvolver produtos que respeitam mais o planeta, desde a composição até à embalagem.

Iniciativas como o programa global de aceleração em inovação sustentável, que referi, ajudam-nos a identificar e testar tecnologias que apoiem esta transição, seja através de novos materiais, processos de produção mais eficientes ou soluções de circularidade. Esta aposta em beauty tech abre caminho a produtos e serviços mais inclusivos, sustentáveis e ajustados às necessidades de cada pessoa. Para a L’Oréal, a inovação é um motor que impulsiona um modelo de beleza mais sustentável, responsável e orientado para o futuro.

O segundo pilar do programa centra-se em “Proteger a natureza”, com metas relacionadas com biodiversidade, matérias-primas e gestão da água. Que estratégias estão a ser implementadas para garantir que os ingredientes e os processos são realmente sustentáveis e regenerativos? E como é que a L’Oréal está a responder à questão crítica da escassez de água?

O pilar “Proteger a natureza” traduz o nosso compromisso em garantir que toda a cadeia de valor integra práticas verdadeiramente sustentáveis e regenerativas. Esse trabalho começa no ecodesign dos produtos e no uso crescente de materiais reciclados e recicláveis. Em paralelo, investimos na literacia ambiental dos consumidores, através de iniciativas como o site Reciclar em Beleza, criado em parceria com a Sociedade Ponto Verde.

Estamos também a acelerar soluções inovadoras que respondem a desafios ambientais urgentes, graças a programas como o Fundo de Inovação Circular e o Acelerador de Inovação Sustentável, lançado em 2024 com um investimento de 100 milhões de euros. Estes programas permitem identificar, testar e pôr em prática tecnologias e processos regenerativos.

Quanto à escassez de água, seguimos uma estratégia clara de gestão hídrica responsável, com resultados muito relevantes: em 2024, 53% da água utilizada nas nossas fábricas foi reciclada e reutilizada, e só nesse ano poupámos 64 mil m³ de água, o equivalente a 25 piscinas olímpicas. O nosso objetivo é alcançar os 100% de reutilização até 2030, alinhando todas as unidades industriais com o conceito de fábricas Waterloop.

Por fim, a proteção da biodiversidade é reforçada pela Política Florestal 2030 e pelo Fundo L’Oréal para a Regeneração da Natureza, criado em 2020 e com uma dotação de 50 milhões de euros, dos quais 27 milhões já apoiaram 16 projetos dedicados à restauração de ecossistemas e à agricultura regenerativa.

A circularidade é um conceito-chave na sustentabilidade. A L’Oréal quer reduzir em 50% o uso de plástico virgem até 2030 e aumentar a utilização de materiais reciclados e de base biológica. Como é que esta transformação está a acontecer, tanto ao nível do design dos produtos como da experiência do consumidor? O mercado português está preparado para adotar produtos recarregáveis e embalagens sustentáveis?

A circularidade é, de facto, um dos pilares da nossa estratégia de sustentabilidade e estamos a concretizar essa mudança de forma integrada, desde a conceção dos produtos até à experiência final do consumidor. Como já explicado, o investimento em inovação tem sido fundamental para avançarmos neste caminho.

Em 2022, lançámos o Fundo de Inovação Circular, com um investimento de 50 milhões de euros, destinado a apoiar empreendedores e soluções que promovam embalagens circulares, processos mais eficientes e novas abordagens de reciclagem. Em 2024, 98% dos produtos novos ou atualizados tinham um perfil ambiental melhorado e 92% dos ingredientes e materiais de embalagem de base biológica eram rastreáveis e provenientes de fontes sustentáveis. Além disso, 66% dos ingredientes das nossas fórmulas têm origem biológica e 49% das embalagens de plástico são agora recarregáveis, reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis.

Para dar resposta a esta transformação, adaptámos os nossos centros de fabrico pelo mundo, o que permitiu multiplicar por 17 o número de opções recarregáveis disponíveis nos últimos cinco anos. Em paralelo, temos feito um esforço para a educação e sensibilização do consumidor, conscientes de que a sustentabilidade pesa cada vez mais nas escolhas de compra.

No mercado português, é especialmente gratificante verificar que há uma cada vez maior abertura a produtos recarregáveis e embalagens sustentáveis, impulsionada pelo interesse dos consumidores em reduzir o impacto ambiental. Mais de metade dos consumidores afirmam estar dispostos a optar por produtos mais sustentáveis. Várias marcas do grupo já oferecem estas soluções de recarga e produtos formulados com ingredientes sustentáveis, conciliando a experiência do consumidor com práticas mais circulares.

Estas iniciativas representam o nosso compromisso estratégico claro, que passa pela integração de inovação, sustentabilidade e responsabilidade social em todas as etapas. É este trabalho contínuo que consolida a liderança da L’Oréal em sustentabilidade, reconhecida por distinções como a tripla classificação “A” do CDP.

Outro pilar essencial é o apoio às comunidades e o empoderamento das mulheres, algo que a L’Oréal tem trabalhado há décadas. Pode explicar-nos como estas iniciativas se concretizam em Portugal? E de que forma o Fundo L’Oréal para as Mulheres e os programas de inclusão social estão a gerar impacto real?

A L’Oréal acredita num futuro justo, inclusivo e diversificado, e promove o crescimento das comunidades através de iniciativas sociais e inclusivas que visam aumentar o acesso ao emprego e educação, garantir salários justos e fornecer apoio essencial às comunidades mais vulneráveis.

No âmbito do nosso pilar de apoio às comunidades, o empoderamento das mulheres assume um papel central. Em 2020, criámos o Fundo L’Oréal para as Mulheres, que já apoiou mais de 530 organizações sem fins lucrativos, beneficiando diretamente mais de 4,8 milhões de pessoas, com um investimento de 70 milhões de euros.

Em Portugal, o nosso foco reflete-se em parcerias com organizações como Girl Move, Banco do Bebé, Mulher Século XXI, APAV ou CooLabora, Ajuda de Mãe ou MeXoxo, que apoiam mulheres em situações vulneráveis, jovens mães, vítimas de violência ou exclusão, e promovem a inclusão social, proteção e desenvolvimento pessoal. Através destas iniciativas criamos um impacto real e duradouro, e fortalecemos a autonomia, a educação e a segurança das mulheres e meninas no país.

No plano científico, o programa L’Oréal-UNESCO For Women in Science já apoiou mais de 70 mulheres cientistas em Portugal e mais de 4.400 a nível global. As premiadas recebem apoio financeiro de forma a desenvolverem os seus projetos e continuar a contribuir para o avanço da ciência.

No plano social e educativo, iniciativas como o programa global “L’Oréal for Youth”, que oferece 25.000 oportunidades de emprego anuais para jovens com menos de 30 anos, e o L’Oréal LAB Lisboa, centro formativo inaugurado em 2025 com mais de 80 formações semestrais para profissionais de cabeleireiro, reforçam a nossa aposta em inovação, digitalização e sustentabilidade, beneficiando milhares de participantes.

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O Fundo L'Oréal para as Mulheres já apoiou mais de 530 organizações sem fins lucrativos, beneficiando diretamente mais de 4,8 milhões de pessoas.

Para que estas transformações sejam duradouras, é necessário um compromisso transversal dentro da empresa. Como é que a sustentabilidade é integrada na cultura da L’Oréal Portugal e nas decisões do dia a dia? De que forma se garante o envolvimento de todos os colaboradores e parceiros nesta missão?

A cultura da L’Oréal é o espelho da convicção que temos de que performance económica e responsabilidade ambiental e social são indissociáveis. A nossa abordagem combina investimento em investigação e desenvolvimento com parcerias estratégicas ao longo de toda a cadeia de valor. Internamente, para garantir o envolvimento de todos os colaboradores, cada mercado conta com um Sustainability leader responsável por dinamizar os objetivos ESG e promover campanhas de sensibilização internas. A maior parte dos compromissos de sustentabilidade está refletida em políticas e metas operacionais claras, assegurando que cada colaborador compreende o seu papel e a sua contribuição.

O compromisso estende-se naturalmente aos nossos parceiros, com quem desenvolvemos planos de negócio que criam valor, não só para as partes envolvidas, mas simultaneamente para o consumidor e para o planeta. As nossas iniciativas e programas de sustentabilidade são também pensadas do ponto de vista da ação colaborativa, porque acreditamos que liderar pelo exemplo é a melhor forma de catalisar mudanças positivas em toda a indústria.

A L’Oréal tem referido que a transformação para um modelo sustentável exige colaboração ao longo de toda a cadeia de valor. Que tipo de parcerias estratégicas estão a ser estabelecidas com fornecedores, universidades ou start-ups para acelerar esta transição?

Na L’Oréal acreditamos que a transição para um modelo sustentável só é possível através da colaboração ao longo de toda a cadeia de valor, envolvendo fornecedores, universidades, centros de investigação e start-ups que partilham a nossa visão de inovação responsável. Um exemplo concreto é o programa de aceleração em inovação sustentável, lançado em 2025 em parceria com o Cambridge Institute for Sustainability Leadership (CISL), com um investimento global de 100 milhões de euros ao longo de cinco anos. Este programa pretende identificar, testar e desenvolver tecnologias inovadoras que respondam a desafios ambientais e sociais críticos, desde soluções de embalagem até processos industriais mais eficientes e circulares.

Trabalhamos também de perto com fornecedores e parceiros industriais, apoiando-os na adoção de práticas de baixo impacto e na transição para matérias-primas mais sustentáveis, através de programas de formação, partilha de boas práticas e ferramentas de avaliação. Ao mesmo tempo, a colaboração com universidades e centros de investigação permite acelerar o desenvolvimento de soluções baseadas nas Green Sciences, combinando biotecnologia, química verde e sustentabilidade para criar produtos mais eficazes, seguros e com menor impacto ambiental.

Portugal tem sido um mercado dinâmico e atento às questões ambientais. Vê potencial para o país se afirmar como um laboratório de inovação sustentável no setor da beleza? Que papel pode a L’Oréal Portugal desempenhar nesse contexto?

Portugal tem um grande potencial para se afirmar como laboratório de inovação sustentável no setor da beleza, impulsionado por consumidores cada vez mais conscientes e exigentes em relação à saúde, ao ambiente e à origem dos produtos. Prevê-se que o mercado dos cosméticos no país passe por uma transformação significativa nos próximos cinco anos, com maior adoção de materiais reciclados (PCR), plásticos de base biológica e embalagens recarregáveis ou reutilizáveis, bem como designs minimalistas que facilitem a reciclagem.

A União Europeia tem vindo a reforçar a agenda de sustentabilidade, com novas diretivas sobre embalagens, ingredientes e comunicação, que exigirão práticas mais transparentes e verificáveis. Neste contexto, a L’Oréal pode assumir um papel de liderança, antecipando tendências, promovendo inovação responsável e demonstrando um compromisso sólido com a sustentabilidade ao longo de toda a cadeia de valor, desde a formulação dos produtos até à comunicação e à experiência do consumidor. As marcas que adotarem esta abordagem holística estarão mais bem preparadas para prosperar e para inspirar mudanças, tanto no mercado nacional como, naturalmente, no planeta.

O horizonte de 2030 é ambicioso. Que resultados espera ver concretizados até lá? E olhando para o futuro da beleza, como imagina o papel da L’Oréal num mundo em que a sustentabilidade é cada vez mais uma exigência e não apenas uma escolha?

Na L’Oréal trabalhamos com muita ambição e o máximo de antecipação, assim estamos a trabalhar para que possamos atingir todos os objetivos que definimos. Para nós a sustentabilidade faz parte da nossa estratégia de negócio que se mede e deve estar diretamente vinculada à criação de riqueza. Por isso, o tempo das escolhas já ficou para trás.

O nosso papel, pela responsabilidade que temos como líderes nesta indústria, é ser um motor de desenvolvimento para a nossa cadeia de valor e para os nossos stakeholders. Hoje, ao nível da sustentabilidade, devo destacar duas palavras de ordem: colaboração e aceleração. É isso que estamos a fazer e acreditamos que é assim que poderemos chegar a bom porto.

Por isso vejo a beleza do futuro de forma positiva, aliás não poderia ser de maneira diferente tendo em conta o nosso propósito de “Criar a beleza que faz avançar o mundo”. 

Se tivesse de resumir o espírito do programa “L’Oréal for the Future” numa frase, qual seria? E que mensagem gostaria de deixar aos consumidores portugueses sobre o poder das suas escolhas no dia a dia?

Criar a beleza que faz avançar o mundo. É essa a nossa missão principal e que descreve na perfeição o programa “L’Oréal for the Future”. O nosso compromisso com a sustentabilidade é um passo nessa direção, mas queremos estar lado a lado com os consumidores nesta missão, ajudando-os no processo de decisão e nos seus comportamentos diários. Toda a mudança necessita de uma ação e queremos que os consumidores portugueses se sintam apoiados nesta transição climática e ambiental.

Mais do que uma estratégia corporativa, o “L’Oréal for the Future” traduz-se numa visão de longo prazo sobre o papel das empresas num planeta em transformação. A conversa com Ana Sofia Amaral mostra que a sustentabilidade deixou de ser um departamento e passou a ser uma lente através da qual a marca pensa, inova e age. A beleza, nesta perspetiva, é um compromisso entre a ciência e a responsabilidade. O futuro, garante, só poderá ser verdadeiramente belo se for sustentável.

Ana Sofia Amaral, diretora científica e líder de RSC da L’Oréal em Portugal
Quem é Ana Sofia Amaral? Diretora científica e líder de RSC da L’Oréal em Portugal. Licenciada em Farmácia pela Universidade de Lisboa, Ana Sofia Amaral iniciou a sua carreira, em 1991, na L'Oréal Portugal, como responsável de controlo de qualidade, e, mais tarde, como química industrial na SINCORAL (fábrica portuguesa da L'Oréal). Entre 1998 e 2002, trabalhou como especialista técnica no INFARMED (Autoridade Nacional de Medicamentos e Produtos de Saúde) e, após esta experiência, voltou à L'Oréal Portugal, em 2002, para a Direção Científica e Técnico-Regulamentar. Entre 2014 e 2022, foi administradora representante dos trabalhadores, no Conselho de Administração da L'Oréal SA, e membro do Comité de Remunerações e Recursos Humanos. Desde 2009, é membro não executivo do Conselho de Administração da EMBOPAR, representando a L'Oréal Portugal, e foi administradora não executiva do Conselho de Administração da Sociedade Ponto Verde, de 2013 a 2020. É, desde 2023, também responsável de Sustentabilidade e Responsabilidade Social Corporativa da L'Oréal Portugal.
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