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Cidades portuárias aceleram aposta na economia azul e energia limpa

A conferência “Cidades Portuárias e a Economia Azul” mostrou que Viana do Castelo é uma das cidades mais ativas na transição para a economia azul e na captação de investimento ligado ao oceano.

09:00
Luís Nobre, presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo
Luís Nobre, presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo CStudio

Na conferência “Cidades Portuárias e a Economia Azul” , promovida pela Câmara Municipal de Viana do Castelo e pelo Centro de Excelência Jean Monnet – Europa Azul Sustentável (OCEANID+), o município assumiu a “absoluta determinação” em reafirmar a maritimidade como força económica do território. Assim afirmou Luís Nobre, presidente da autarquia, sublinhando que Viana tem hoje “uma enorme vontade de se afirmar através do mar e da inovação”, com destaque para as energias renováveis offshore, um dos setores onde o concelho mais tem crescido. A estratégia municipal assenta num objetivo claro: transformar o Porto de Viana num polo de competitividade, capaz de atrair empresas, investimento e talento.

Portos na linha da frente da inovação

A relevância das cidades portuárias é evidente nos números: 90% do comércio mundial circula por via marítima, lembrou Regina Salvador, coordenadora do OCEANID+ da Universidade Nova de Lisboa. Na União Europeia, os portos empregam mais de 3 milhões de pessoas em 22 países estados-membro, operando como clusters que concentram indústria, logística, serviços e inovação tecnológica. Com o setor a atravessar uma mudança estrutural, os portos europeus “estão a apostar na digitalização, na transição energética e na inovação aberta como estratégia da revolução”, declarou Emma Cobos, diretora de Inovação e Estratégia de Negócios no Porto de Barcelona.

Luís Nobre, presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo
Emma Cobos, diretora de Inovação e Estratégia de Negócios no Porto de Barcelona CStudio

Cobos frisou que a inovação interna é fundamental para garantir eficiência operacional, promover investigação e ganhar escala, destacando Portugal como “referência” na economia azul. O impacto económico vai muito além das toneladas movimentadas. “Um porto não pode ser medido em toneladas, mas sim pelo peso que representa para a economia local seja em termos de PIB ou de emprego”, sublinhou a responsável espanhola.

Norte concentra metade das renováveis

O papel da Região Norte neste setor foi reforçado pela CCDR-NORTE. Ricardo Simões, diretor da Unidade de Inovação, salientou que o Norte representa 50% da produção nacional de energias renováveis, colocando a região “na linha da frente da energia verde”. Viana do Castelo destaca-se neste movimento. “Em 2024 foi o município com maior crescimento económico do Norte”, indicou Ricardo Simões. A meta da neutralidade carbónica está em aceleração e poderá ser atingida “já na próxima década”, impulsionada pelo investimento empresarial e pela expansão das energias offshore, onde Viana concentra investigação, prototipagem e operações industriais.

Luís Nobre, presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo
Ricardo Simões, diretor da Unidade de Inovação da CCDR-NORTE CStudio

Portos passam a olhar a 360 graus

A discussão sobre o papel dos portos na economia azul juntou dirigentes de vários setores, desde a administração portuária à reparação naval, pesca, tecnologia oceânica e turismo náutico, numa mesa redonda dedicada às Cidades Portuárias e à Economia Azul, com a presença do presidente da APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, João Neves; do presidente da AEDVC – Associação Empresarial do Distrito de Viana do Castelo, Manuel Cunha Júnior; do diretor geral do SUSTEmare – Centro de Tecnologia e Inovação em Energias e Tecnologias Oceânicas, Jorge Delgado; do presidente da DocaPesca – Portos e Lotas, Afonso Oliveira; do administrador da WestSEA – Viana Shipyard, Vítor Figueiredo, e do CBO do Feel Viana Sport Hotel, José Sampaio.

João Neves, presidente da APDL, lembrou que o conceito de economia azul obriga a uma mudança de perspetiva: “Os portos já não olham apenas 180 graus para o mar. Agora olham a 360 graus, para o mar e para a terra.”

A infraestrutura portuária é vista como plataforma para novas indústrias — biotecnologia marinha, tecnologias oceânicas, energia das ondas e sistemas offshore.

Reparação naval recebe investimento histórico

Um dos investimentos estruturantes em curso é o da WestSea – Viana Shipyard, que está a construir uma nova doca seca de 220 metros de comprimento e 45 metros de largura, num projeto superior a 24 milhões de euros. Será a maior infraestrutura deste género construída em Portugal nas últimas décadas e permitirá ao estaleiro receber navios de maior porte e entrar em novos mercados internacionais.

A nova doca seca ficará localizada na antiga rampa de lançamento do estaleiro, alinhada ao cais do Bugio, e vai permitie à empresa ganhos de capacidade para receber navios de maior dimensão e chegar a novos mercados no panorama internacional. “É um investimento estruturante, como não se fazia em Portugal há muitos anos”, destacou Vítor Figueiredo, administrador da empresa. A nova doca seca permitirá aumentar capacidade, eficiência e atratividade para armadores estrangeiros.

Turismo náutico ganha escala e maturidade

O turismo ativo ligado ao mar é outro dos vetores estratégicos. José Sampaio, CBO do Feel Viana Sport Hotel, recordou que o projeto nasceu em 2007, quando pouco se falava de turismo náutico em escala. Hoje, afirma-se como um dos ícones da oferta do concelho. “Conseguimos concretizar o projeto, apesar de termos tido alguma constestação inicial. Hoje em dia, este é um projeto bastante sólido. Atualmente, podemos até dizer que o nosso desafio já não é colocar Viana do Castelo no mapa, mas sim saber como crescer da melhor forma, para conseguirmos dar resposta a todas as solicitações”, referiu.

Tecnologia oceânica e energia offshore em expansão

Para Jorge Delgado, diretor-geral do SUSTEMARE – Centro de Tecnologia e Inovação em Energias e Tecnologias Oceânicas, a economia azul está diretamente ligada à transição energética. “O mar surge como essencial, está à nossa frente uma oportunidade de transição energética ligada às offshores que temos de aproveitar”.

O SUSTEMARE, liderado pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo e parceiros científicos e empresariais, pretende posicionar o concelho na fileira das tecnologias oceânicas avançadas, desde sensores, sistemas robóticos, materiais para ambientes marinhos e soluções para energia das ondas e eólica offshore.

Estratégia integrada para afirmação marítima

A conferência “Cidades Portuárias e a Economia Azul” evidenciou que Viana do Castelo está a consolidar um ecossistema onde indústria, ciência, turismo, portos e energia se articulam com políticas públicas e investimento empresarial. A visão é clara: transformar a maritimidade num fator de competitividade, captar valor acrescentado e reforçar o impacto económico do oceano no território.

Como resumiu o moderador da mesa redonda, Miguel Marques, especialista em economia azul: “O que une cidades como Viana do Castelo e Barcelona é o mar e o facto de serem duas cidades que estão a fazer pela economia azul”.

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