pixel

Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Notícias em Destaque

Finalmente, Setembro

Um primeiro sinal de fraqueza seria a quebra do suporte na zona entre os 5.050 e os 5.100 pontos.

Um mês depois, regresso à escrita com a bolsa portuguesa cerca de 3% abaixo do nível em que se encontrava. Pouco aconteceu neste quente mês de Agosto na praça nacional, mas o mesmo não se pode dizer de outros importantes mercados internacionais que registaram subidas significativas.

Um Agosto morto na bolsa portuguesa não me surpreendeu, sendo o cenário mais provável que tinha apontado no último artigo. Mas é sempre decepcionante quando o nosso mercado não consegue acompanhar as subidas dos seus congéneres internacionais.

Durante os últimos meses, um dos principais argumentos dos pessimistas na bolsa portuguesa era que estava a começar o "bear market" nos mercados internacionais e que a praça nacional não resistiria a isso. A principal razão apontada para esse arranque internacional do domínio dos touros era o facto de vivermos um dos "bull markets" mais longos dos Estados Unidos e a correcção já ter começado com alguma relevância. O que aconteceu? O principal índice de referência, o S&P, bateu o seu máximo histórico, contrariando a ideia de que o domínio dos touros tinha acabado. Como sempre vim afirmando, anunciar o fim de uma tendência por ela durar muitos anos é um erro - os mercados podem sempre subir ou descer muito mais do que imaginamos. E aquele velho adágio "Sell in May and go away" não foi a bengala que os ursos clamavam.

Continuo a defender que também é um erro prognosticar o fim do "bull market" português em função dos outros mercados. Na última década, a correlação entre a bolsa portuguesa e os principais mercados mundiais é muito fraca e, se alguém acredita conhecer verdadeiramente as tendências das praças internacionais, deve investir aí e não em Portugal. O nosso mercado tem características muito próprias e quem, na última década, tem investido na bolsa portuguesa em função do que se passa no exterior não tem tido sucesso.

Fiquei mais optimista na bolsa portuguesa depois deste mês de Agosto? Não. O mercado esteve fraco e mostrou incapacidade para subir. Mas, em termos globais, nada se alterou. Continuo optimista, fruto da tendência ascendente de longo prazo que o nosso mercado construiu nos últimos dois anos. O poder da tendência é algo que respeito muito e ainda não há nenhum sinal de fraqueza relevante. Claro que a incapacidade de quebrar a resistência dos 5.800 pontos faz-me refrear o meu optimismo, mas enquanto o mercado não fizer claros "lower lows" não mudo o meu estado de espírito. Caso suportes importantes sejam quebrados, não tenho problemas nenhuns em identificar que algo mudou e eu também mudarei a minha perspectiva. Dogmas e egos grandes são sinónimos de perdas no mercado. É importante que o PSI aguente a zona dos 5.300 pontos pois seria um primeiro sinal de fraqueza e o sinal definitivo de fraqueza seria a quebra do suporte na zona entre os 5.050 e os 5.100 pontos. Caso isso aconteça, despirei o fato de touro que trago vestido há tanto tempo.

Apesar deste Agosto monótono na bolsa portuguesa, sem grandes novidades para o principal índice, nem tudo ficou na mesma no que diz respeito às acções individuais. Algumas conseguiram dar a volta ao "bear market" em que viviam, como foi o caso dos CTT em que eu defendi essa inversão em função do extremo pessimismo em que se encontrava, enquanto outras foram perdendo cada vez mais força em oposição ao que esperava, como foi o caso da Sonae SGPS. É assim a vida de um analista e dos investidores, acertando em cheio em algumas acções e falhando rotundamente noutras.

Nas próximas semanas, começarei a analisar em detalhe as diversas acções da bolsa portuguesa e acompanharei de perto o pós-Verão da bolsa portuguesa, quer semanalmente neste espaço de opinião quer diariamente no caldeiraodebolsa.com. Se previa um monótono Agosto, historicamente Setembro e Outubro são meses de grande volatilidade e emoção.

Depois de três meses de consolidação, a bolsa portuguesa tem tudo para se mexer a sério nos próximos meses. Veremos quem comandará esse movimento, se ursos e touros, sendo que os primeiros mostraram força no final do mês. O espectáculo vai começar. Finalmente, Setembro.

Finalmente, Setembro

Comente aqui este artigo.

Nem Ulisses Pereira, nem os seus clientes, nem a DIF Brokers detêm posição sobre os activos analisados. Deve ser consultado o disclaimer integral aqui

Analista Dif Brokers

ulisses.pereira@difbroker.com

Ver mais
Publicidade
C•Studio