Tornar Wall Street uma selva novamente?
Casa roubada, trancas à porta. Foi o que aconteceu após a crise financeira de 2008. Depois dos excessos em Wall Street, as autoridades americanas e europeias meteram mãos à obra para colocar ferrolhos nos abusos nos mercados financeiros e trincos para proteger os investidores.
Se na Europa esse processo continua em curso, no outro lado do Atlântico a administração Trump iniciou uma avaliação tendo em vista o desmantelamento das leis criadas para impedir a repetição de 2008. Além de se poder dar novamente carta-branca aos bancos para fazerem uma gestão agressiva do capital e incorrer em riscos excessivos, os sinais que são dados para a protecção dos investidores também não são tranquilizadores. É que uma das principais trancas após o rombo da crise financeira era que os intermediários financeiros teriam de ter sempre em conta o melhor interesse do cliente. Agora essa regra pode cair, o que abre a porta a que as entidades financeiras recomendem o que é mais lucrativo para elas próprias do que para os seus próprios clientes. Mario Draghi avisou esta segunda-feira que "a ideia de repetir as condições que existiam antes da crise são preocupantes". É que sem trancas os mercados podem ser um local bem menos seguro.
Jornalista
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