Centeno ressuscita hipótese de presidir ao Eurogrupo
Em entrevista à CNBC no dia em que a Comissão Europeia propôs a saída de Portugal do Procedimento dos Défices Excessivos, o ministro das Finanças diz que os assuntos em Lisboa são para manter em boas mãos, "não necessariamente nas minhas."
O ministro das Finanças não afasta a possibilidade de vir a presidir ao Eurogrupo, o órgão que junta os titulares da pasta das Finanças da Zona Euro, uma hipótese que parecia colocada de parte nas últimas semanas depois de o Governo ter assumido que Mário Centeno havia sido sondado para o cargo.
"Sim, os assuntos em Portugal são para manter em boas mãos, não necessariamente nas minhas (risos), mas temos muitas coisas para fazer lá [em Lisboa]," respondeu esta segunda-feira, 22 de Maio, em Bruxelas, à margem da reunião do Eurogrupo, quando questionado pelo canal de notícias CNBC sobre se tem assuntos pendentes em Portugal.
"A cozinha em Lisboa é muito melhor [do que a de Bruxelas], mas não a perderia na mesma," acrescentou ainda antes de reiterar que a substituição do presidente do Eurogrupo cabe ao colectivo: "Uma vez mais, é uma decisão a ser tomada pelos 19 membros do Eurogrupo", afirmou.
"A cozinha em Lisboa é muito melhor [do que a de Bruxelas], mas não a perderia na mesma," acrescentou ainda antes de reiterar que a substituição do presidente do Eurogrupo cabe ao colectivo: "Uma vez mais, é uma decisão a ser tomada pelos 19 membros do Eurogrupo", afirmou.
Centeno parece desta forma, segundo aquele meio, ressuscitar as hipóteses de vir a suceder no cargo ao ministro das Finanças holandês Jeroen Dijsselbloem, embora as suas respostas sejam pouco claras sobre o tema nos registos áudio e vídeo disponibilizados no site da CNBC. As regras actuais exigem que o presidente do Eurogrupo seja simultaneamente ministro das Finanças de um dos países membros da União Monetária. Ou seja, se Centeno aceitasse o cargo de Bruxelas teria à partida de manter-se à frente das Finanças em Lisboa. Contudo, no âmbito da reforma da governação da zona euro, há uma proposta antiga no sentido de que o presidente do Eurogrupo o seja em exclusivo. Um dos mais antigos defensores desta mudança é o ministro germânico das Finanças, Wolfgang Schäuble, que ainda esta segunda-feira reiterou que apresentará até Julho uma proposta conjunta com França sobre o futuro do euro. O Negócios contactou o Ministério das Finanças a propósito da notícia da CNBC, mas até ao momento não foi possível obter resposta.
Contudo, no âmbito da reforma da governação da zona euro, há uma proposta antiga no sentido de que o presidente do Eurogrupo o seja em exclusivo. Um dos mais antigos defensores desta mudança é o ministro germânico das Finanças, Wolfgang Schäuble, que ainda esta segunda-feira reiterou que apresentará até Julho uma proposta conjunta com França sobre o futuro do euro.
Mais de um mês de especulações e recuos
Mais de um mês de especulações e recuos
A 1 de Abril o Expresso noticiou que Mário Centeno tinha sido "sondado" para liderar o Eurogrupo, no rescaldo da polémica que envolveu as afirmações de Jeroen Dijsselbloem sobre os países do sul da Europa, envolvendo comparações com alguém que pede ajuda depois de gastar o dinheiro em "aguardente e mulheres."
Três dias depois, António Costa confirmou a possibilidade de ter Centeno em Bruxelas. "Não temos como prioridade a candidatura do Dr. Mário Centeno," disse o primeiro-ministro na altura, argumentando que o ministro teria de ter nesta altura uma "margem de liberdade muito maior."
Dias depois, Costa admitiu apoiar o ministro espanhol Luis de Guindos para o cargo, que tinha feito entretanto declarações assegurando que não pretendia ocupar aquela posição.
Nas declarações à CNBC, o ministro acrescentou que o país está "muito preocupado com a agenda actual do Eurogrupo" e com as decisões enquanto "instrumentos de política para enfrentar os maiores desafios que temos na Europa em termos do processo de decisão," referindo-se a uma situação de "algum impasse" no seio do organismo, como quando tenta colocar em evidência a visão nacional no que diz respeito, por exemplo, ao ajustamento estrutural no orçamento. As palavras do ministro das Finanças são conhecidas no dia em que a Comissão Europeia anunciou ter proposto o fim do Procedimento por Défices Excessivos (PDE) que estava aplicado a Portugal desde 2009, depois de o país ter encerrado o défice de 2016 nos 2% do PIB. Um passo que considera "muito importante" para que as agências de "rating" possam, no futuro, vir a melhorar a notação de Portugal, para três delas actualmente em grau especulativo (Moody's, Fitch e Standard & Poor's). "Temos de fazer muito mais trabalho com as agências, temos grandes sinais a dizer que Portugal está num ciclo muito virtuoso de crescimento e consolidação orçamental," disse o ministro, realçando que a decisão de Bruxelas "quebrou um impasse". Sobre o processo de capitalização da Caixa Geral de Depósitos, Centeno voltou a defender que o valor aplicado não deve contar para o défice, já que foi aprovado pela Comissão Europeia e a operação feita em condições de mercado, além de que o banco público é um factor de crescimento para a economia portuguesa e que, em breve, dará lucros. (Notícia actualizada às 17:02 com referência a questão colocada ao Ministério das Finanças)
As palavras do ministro das Finanças são conhecidas no dia em que a Comissão Europeia anunciou ter proposto o fim do Procedimento por Défices Excessivos (PDE) que estava aplicado a Portugal desde 2009, depois de o país ter encerrado o défice de 2016 nos 2% do PIB.
Um passo que considera "muito importante" para que as agências de "rating" possam, no futuro, vir a melhorar a notação de Portugal, para três delas actualmente em grau especulativo (Moody's, Fitch e Standard & Poor's). "Temos de fazer muito mais trabalho com as agências, temos grandes sinais a dizer que Portugal está num ciclo muito virtuoso de crescimento e consolidação orçamental," disse o ministro, realçando que a decisão de Bruxelas "quebrou um impasse".
Sobre o processo de capitalização da Caixa Geral de Depósitos, Centeno voltou a defender que o valor aplicado não deve contar para o défice, já que foi aprovado pela Comissão Europeia e a operação feita em condições de mercado, além de que o banco público é um factor de crescimento para a economia portuguesa e que, em breve, dará lucros.
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