pixel

Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Notícias em Destaque
Joaquim Aguiar
01 de Março de 2017 às 20:25

A bipolarização falsa

O que estrutura o debate estratégico em Portugal é a necessidade de esconder os erros - dos que nacionalizaram e dos que privatizaram, dos que distribuíram e dos que endividaram, dos de esquerda e dos de direita, dos do BES e dos da CGD.

A FRASE...

 

"O domínio dos factos alternativos no momento político presente é maçador. Nos dois lados da barricada, a verdade passou a ser uma coisa relativa, consoante estejam em causa 'os nossos' ou 'os outros'."

Ana Sá Lopes, Sol, 25 de Fevereiro de 2017

A ANÁLISE...

Sempre houve factos alternativos e notícias falsas na política. Mas sempre houve também a realidade efectiva das coisas para revelar o que se esconde atrás desses factos alternativos e dessas notícias falsas (e é por isso que é realidade efectiva), como sempre houve a força do real que dissolve as ilusões e as fantasias. São a realidade efectiva das coisas e a força do real que se servem dos factos alternativos e das notícias falsas para denunciar as intenções dos que se servem desses métodos e processos de influenciar e manipular a opinião. É por isso que os factos alternativos e as notícias falsas têm um efeito perverso: quando os resultados reais os denunciam, o mentiroso não tem como e onde se esconder. Ninguém consegue enganar todos para sempre: a mentira é uma bomba que explode nas mãos dos mitómanos e dos autocratas.

Quando o confronto político é estruturado pela competição entre dois modelos de sociedade contrastados - por exemplo, entre economia de mercado e economia estatizada, mas também poderia ser entre religiões - tem justificação falar-se de bipolarização, contrastando os partidos à direita com os partidos à esquerda, deixando de existir a zona central. Mas se o confronto político for estruturado pela necessidade de ocultar os erros que têm sido cometidos, na esquerda e na direita, quando cada um desses segmentos tenta implantar os modelos de sociedade que defendem, deixa de haver competição e a bipolarização é falsa, serve para esconder e não para revelar, muito menos para decidir e construir.

O que estrutura o debate estratégico em Portugal é a necessidade de esconder os erros - dos que nacionalizaram e dos que privatizaram, dos que distribuíram e dos que endividaram, dos de esquerda e dos de direita, dos do BES e dos da CGD. Esquerda e direita são sombras que escondem os corpos ou são rótulos que enganam sobre o que é o conteúdo.

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

Ver comentários
Ver mais
Publicidade
C•Studio