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Portugal cresce quando coopera

A capacidade de gerar escala, estabilizar rendimentos, fixar população e criar valor local põe o modelo cooperativo no centro das soluções que podem reforçar a competitividade e a soberania do país no contexto global.

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Sérgio Raposo Frade, presidente do Grupo Crédito Agrícola.
Sérgio Raposo Frade, presidente do Grupo Crédito Agrícola.

As cooperativas tornaram-se, ao longo dos tempos, um dos pilares mais decisivos do desenvolvimento económico e territorial de Portugal. O Ano Internacional das Cooperativas trouxe essa evidência para o centro do debate, lembrando que este modelo com forte peso na produção agroalimentar, no emprego local e no acesso ao crédito de proximidade é hoje determinante para a coesão, para a sustentabilidade e para a competitividade do mundo rural. Num contexto de transição geopolítica, climática e alimentar, o cooperativismo deixou de ser uma herança institucional e afirma-se como uma solução contemporânea para garantir produção, rendimento e soberania em várias regiões do país.

“Hoje, as cooperativas geram atividade económica, viabilizando milhares de pequenas e médias explorações que, nas regiões mais desfavorecidas do país, permitem a fixação de populações, criam empregos, aproveitamento dos recursos locais e valorização do capital humano”, sublinha Jorge Volante, presidente da .

Este modelo, profundamente enraizado nas comunidades, não apenas garante escala a pequenos e médios produtores, como funciona como uma verdadeira alavanca de equilíbrio num mercado que este responsável considera cada vez mais concentrado, em que “as redes de distribuição de alimentos em grande escala estão a sofrer alterações” e “cada vez mais a soberania alimentar da Europa se impõe como um objetivo a concretizar”. É nestes contextos que o setor cooperativo ganha relevância, não apenas como agente económico, mas como instrumento de política pública e de estabilidade social.

Hoje, as cooperativas geram atividade económica que, nas regiões mais desfavorecidas do país, permitem a fixação de populações, criam empregos, aproveitamento dos recursos locais e valorização do capital humano. Jorge Volante, presidente da FENACAM.

Banca cooperativa é um pilar estratégico

Contudo, o presente e sobretudo o futuro do cooperativismo joga-se também na sua capacidade de resposta a um mundo em rápida transformação climática e tecnológica. Fenómenos extremos como secas prolongadas, ondas de calor e inundações deixaram de ser exceção. E as exigências de cumprimento de critérios ambientais, sociais e de governação tornaram-se parte integrante da competitividade agrícola. “A adaptação e resiliência climática deixou de ser uma boa prática para se tornar um imperativo na gestão e produção agrícola, fundamental para garantir estabilidade produtiva, rentabilidade e competitividade”, alerta Sérgio Raposo Frade, presidente do .

É neste ponto que a banca cooperativa se afirma como um pilar estratégico de continuidade e transformação. O Crédito Agrícola, através das 67 Caixas de Crédito Agrícola Mútuo que o compõem, apresenta-se hoje não apenas como financiador, mas como parceiro ativo de um novo ciclo agrícola mais sustentável, mais tecnológico e mais resiliente. “O Crédito Agrícola pretende ser um parceiro ativo nesta transformação, alinhando as tendências climáticas e de mercado com soluções financeiras adequadas às necessidades específicas do setor”, afirma Sérgio Raposo Frade.

O Crédito Agrícola pretende ser um parceiro ativo nesta transformação, alinhando as tendências climáticas e de mercado com soluções financeiras adequadas às necessidades específicas do setor. Sérgio Raposo Frade, presidente do Grupo Crédito Agrícola.

A aposta passa, de forma clara e estruturada, por três eixos de intervenção: agricultura climate-smart, agricultura regenerativa e inovação e tecnologia. O financiamento à eficiência hídrica, à irrigação inteligente, às culturas mais resilientes e à redução de fertilizantes e pesticidas cruza-se com o apoio a práticas que recuperam a saúde do solo, restauram a biodiversidade e promovem o sequestro de carbono, através de coberturas vegetais, rotação de culturas e aumento de matéria orgânica. Paralelamente, a integração de sensores, estações meteorológicas, plataformas digitais, soluções de inteligência artificial e robótica reforça a precisão, reduz custos e aumenta a produtividade agrícola. Mas a transição não é apenas tecnológica também é humana. Reconhecendo que a transição também exige capacitação em escala, estamos a “dinamizar formação prática para agricultores, cooperativas e Organizações de Produtores, como o Programa CA AgroTransição”, destaca Sérgio Raposo Frade. Sendo nesta conjugação entre capital, conhecimento e proximidade que reside uma das maiores forças do modelo cooperativo.

Manter viva a capacidade de inovação

A proximidade ao mercado não é retórica e traduz-se numa presença real e contínua nos territórios. Com a maior rede de agências bancárias em Portugal, 615, das quais 250 são a única agência bancária existente nas respetivas localidades, o Crédito Agrícola afirma que mantém viva uma ligação económica, social e relacional que vai muito além da mera transação financeira. “A missão de contribuir para o desenvolvimento socioeconómico das comunidades e regiões, praticando uma banca de proximidade, próxima e sustentável, já constitui um pilar estratégico e fundamental do desenvolvimento dos territórios onde estamos presentes”, declara o presidente do Grupo Crédito Agrícola.

Esta realidade assume uma dimensão estratégica inequívoca se se considerar o cenário marcado pela concentração do sistema bancário e pela progressiva desertificação de serviços em zonas de baixa densidade. Não apenas porque se garante acesso ao crédito, mas porque mantém viva a capacidade de investimento, inovação e empreendedorismo em territórios que, sem este suporte, teriam maior dificuldade em competir e em reter população.

A nível europeu, a força do cooperativismo é igualmente evidente. Segundo dados recordados por Idalino Leão, presidente da , as cooperativas representam cerca de 60% da concentração, processamento e comercialização de produtos agrícolas na União Europeia e aproximadamente 50% do abastecimento em fatores de produção destinados à agricultura. Em Portugal, as quotas são já muito relevantes em setores como a fruta e o azeite (30-35%), o vinho (35-40%) e o leite (cerca de 65%). Ainda assim, “temos um enorme potencial de crescimento para a atividade das cooperativas agrícolas no nosso país”, reconhece este especialista.

Cooperativas, um modo diferente de estar na economia

Para que esse potencial se concretize, é necessária uma estratégia pública clara, continuada e orientada para resultados. Idalino Leão defende a implementação de um programa especificamente dedicado às cooperativas agrícolas, que integre medidas de capacitação, modernização tecnológica, aumento de escala, incentivos à concentração, profissionalização da gestão e melhoria do acesso ao crédito. E sublinha a importância de preservar a identidade e a força financeira da Política Agrícola Comum nos seus dois pilares, bem como a possibilidade de canalizar fundos do desenvolvimento regional para ações conjuntas com a agricultura, sobretudo em infraestruturas e capacitação.

Há, todavia, outra dimensão identitária que permanece incontornável. As cooperativas representam um modo diferente de estar na economia: mais participativo, mais enraizado, mais alinhado com o interesse coletivo. Como bem lembra Jorge Volante, “o setor cooperativo é, e será sempre, um parceiro privilegiado a ter em conta, pelo poder político, o que nem sempre acontece!”.

O Ano Internacional das Cooperativas não é, por isso, apenas uma celebração simbólica. É um sinal político, económico e social. Um convite à reflexão, mas, sobretudo, à ação. À ação de reforçar, modernizar e valorizar um modelo que tem demonstrado níveis “inigualáveis de resiliência, de ligação às regiões e de continuidade de apoio a áreas de atividade fundamentais para as comunidades que servem, sobretudo em cenários de crise ou de dificuldades”, acrescenta o presidente do Grupo Crédito Agrícola.

Para Portugal, a mensagem que passa é a de que num mundo em mudança, a cooperação pode ser a maior vantagem competitiva. Não apenas para o setor agrícola, mas para o desenho de um modelo económico mais equilibrado, mais sustentável e mais justo do ponto de vista territorial. Hoje, mais do que nunca, cooperar é uma decisão estratégica e também uma decisão de soberania.

Temos um enorme potencial de crescimento para a atividade das cooperativas agrícolas no nosso país. Idalino Leão, presidente da CONFAGRI.
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