Olhar a floresta, como estratégia para a sustentabilidade
A segunda edição da Unitalk – Shaping a Greener Future, realizada no espaço Atmosfera M (https://www.youtube.com/watch?v=nDu1jzsrWcw), no Porto, colocou a floresta no centro das atenções como ativo estratégico para Portugal, com destaque para o seu potencial no emergente mercado dos créditos de carbono.
Com um painel que reuniu o Duarte Cordeiro, ex-Ministro do Ambiente e da Ação Climática, Gonçalo Alves, fundador do fundo Smart Forest, e Bruno Brandão, administrador da Unipellets, o debate centrou-se nos desafios da gestão florestal e na necessidade de políticas públicas que permitam transformar o território rural numa verdadeira alavanca para a sustentabilidade e a economia.
Um dos temas centrais foi o potencial da floresta nos mercados de carbono, com capacidade para captar CO2, gerar rendimento e atrair investimento. No entanto, os oradores alertaram que Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer neste domínio. Embora o mercado voluntário de carbono tenha sido regulamentado no início de 2024, ainda não está plenamente operacional, aguardando a implementação de metodologias específicas e a entrada em funcionamento da plataforma eletrónica de registo, prevista para o segundo semestre de 2025. Além disso, questões como a fragmentação fundiária e a ausência de gestão ativa continuam a ser obstáculos significativos à valorização da floresta neste contexto.
A problemática das heranças indivisas, que continuam a fragmentar e imobilizar a propriedade, foi apontada como um dos principais bloqueios à valorização florestal. A necessidade de mobilizar o território, criar modelos cooperativos de gestão e fomentar políticas de incentivo ao sequestro de carbono foram ideias amplamente defendidas.
Embora também se tenha abordado a transição energética, o foco esteve na urgência de integrar a floresta nas novas dinâmicas de compensação climática e no reposicionamento estratégico de Portugal no contexto europeu, onde os mercados de carbono ganham cada vez mais relevância.
"A floresta não é apenas um bem ecológico — é uma infraestrutura natural capaz de gerar rendimento, atrair capital e promover coesão territorial", sublinhou Gonçalo Alves, enquanto Bruno Brandão reforçou a importância de olhar para os ativos florestais como parte da estratégia económica nacional, "Sem uma visão moderna e integrada, continuaremos a perder valor e território".
A Unitalk voltou a afirmar-se como um espaço de reflexão plural e orientado para soluções práticas, numa altura em que Portugal precisa de alinhar a sua visão territorial com os instrumentos financeiros e ambientais que estão a transformar a economia global."