Porto inaugura galeria que coloca artesãos no centro da cena cultural
A Galeria de Artes Certificadas foi inaugurada na passada sexta-feira. Trata-se de um espaço do Grupo O Valor do Tempo dedicado ao saber-fazer manual, instalado na histórica Rua das Flores, que reúne 27 artes certificadas e dá visibilidade aos artesãos nacionais.
Aberta entre 1521 e 1525, por vontade de D. Manuel I, a Rua das Flores foi durante séculos o território dos ourives que lhe valeram o nome de Rua do Ouro. Cinco séculos depois, a rua volta a escutar o som das mãos que moldam o tempo: com a inauguração da Galeria de Artes Certificadas, uma oficina viva onde a cultura não se mostra em vitrinas, mas se aprende, se partilha e passa de mãos vivas para mãos futuras.
O novo espaço, de entrada livre e visitável todos os dias das 10h às 20h, acolhe 27 artes certificadas de várias regiões de Portugal, num percurso que atravessa a Filigrana, a cestaria, os cordofones, a cerâmica, os bordados e outras artes artesanais que sobreviveram ao tempo.
Para
António Quaresma, Presidente do Grupo O Valor do Tempo, responsável pelo
projeto, esta é “uma embaixada de autenticidade e um laboratório social que
devolve sentido ao futuro através do que o passado nos legou. E damos rosto,
voz e dignidade a quem carrega estes ofícios no corpo e na memória, remunerando
de forma justa o tempo que dedicam ao que fazem”.
Na cerimónia de inauguração que recebeu cerca de 250 convidados, o Presidente
da Câmara Municipal do Porto, Pedro Duarte, sublinhou que este é “um espaço que
engrandece e dinamiza a cidade, porque contribui para a perpetuação da memória
e identidade portuenses. Estamos perante atividades de um futuro que se quer
criativo, sustentável e ancorado em valores sociais e culturais. As artes
manuais também têm lugar na cultura urbana de uma cidade como o Porto,
concorrendo para a sua diversidade e diferenciação artísticas",
acrescentou.
Já o Secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Pedro Machado, sublinhou o percurso do Grupo O Valor do Tempo na construção de uma economia social que traz para o centro aqueles que, durante décadas, permaneceram nos bastidores. Pedro Machado defendeu que “a valorização do saber-fazer manual não é apenas um gesto cultural, mas um contributo direto para um turismo que se distingue pela autenticidade e pela identidade do país, capaz de gerar valor sem descaracterizar aquilo que o torna único.”
Durante
a inauguração foram formalizados dois protocolos: um entre a Joalharia do Carmo
e a Contrastaria da Imprensa Nacional – Casa da Moeda, e outro entre a
Joalharia do Carmo e o CINDOR. Ao abrigo destes acordos, a Imprensa Nacional
passa a dispor no espaço de uma área dedicada à divulgação e valorização da
contrastaria portuguesa, enquanto o CINDOR assume ali um núcleo vocacionado
para formação técnica e qualificação de novos profissionais do setor.
O evento encerrou com o concerto “Cordas do Tempo”, que juntou a viola braguesa
de Rui Gama e a voz da soprano Dora Rodrigues, e uma visita ao espaço e aos
artesãos que ali trabalham.
www.ovalordotempo.pt