Comércio e Guatánamo dominam cimeira UE-EUA
George W. Bush está hoje em Viena para participar na cimeira anual entre os Estados Unidos e a União Europeia (UE) onde deverá sair reforçada a mensagem de que os dois lados do Atlânticos estão firmemente empenhados em construir uma nova fase de entendimento e virar definitivamente a página sombria que marcou as relações entre as duas maiores potências mundiais no rescaldo da intervenção norte-americana no Iraque.
Não obstante, a agenda do encontro está recheada de assuntos melindrosos: Guantánamo, política norte-americana de vistos e negociações comerciais na Organização Mundial do Comércio (OMC) oferecem terreno fértil para renovadas disputas entre europeus e norte-americanos.
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As questões comerciais prometem, aliás, dominar o encontro, com o bloco europeu a preparar-se para pressionar a administração norte-americana a avançar com novas concessões, em especial no domínio dos produtos agrícolas, para salvar as negociações em curso na OMC.
Lançada em 2001 na capital do Qatar, a ronda de Doha deveria ter sido concluída em 2004, mas vai a caminho de falhar o terceiro prazo-limite caso as negociações a nível ministerial agendadas para o próximo dia 29 em Genebra voltem a produzir um conjunto vazio, comprometendo as chances de um acordo global até ao fim do ano.
Ainda no plano comercial, mas em maior sintonia, europeus e norte-americanos deverão lançar uma «acção estratégica comum» para combater a contrafacção, designadamente a praticada na China.
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Ainda que não conste formalmente da agenda, o encontro deverá ainda ser aproveitado pela UE para confrontar directamente George W. Bush com o problema de Guantánamo, agravado com o recente suicídio de três prisioneiros, e pedir o encerramento da base militar norte-americana em Cuba onde, à margem da lei, estão detidos desde 2001 centenas de alegados terroristas.
Bruxelas irá ainda pressionar os EUA a acabar com a exigência de vistos de entrada que mantém em relação aos cidadãos da Grécia e aos oriundos de nove dos dez novos Estados-membros que aderiram em 2004 (a excepção é a Eslovénia). Washington justifica esta duplicidade de critérios, alegando falhas nos sistemas de segurança destes países.
A situação no Irão e no Médio Oriente constam igualmente da agenda do encontro, sendo temas onde será visível o entendimento entre as duas partes.
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A delegação europeia será chefiada por Durão Barroso, em nome da Comissão Europeia, e Wolfgang Schüssel, primeiro-ministro austríaco e presidente em exercício da UE. Condoleezza Rice acompanha George W. B.
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