Primeiro-ministro do Canadá diz que fala em breve com Trump após tarifas sobre automóveis

Carney anunciou esta semana um "fundo de resposta estratégica" de 2 mil milhões de dólares canadianos (1,4 mil milhões de dólares) que protegerá os empregos automóveis canadianos afetados pelas tarifas de Trump.
Amber Bracken / Reuters
Lusa 28 de Março de 2025 às 07:08

O primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, adiantou quinta-feira que vai falar com o Presidente norte-americano nos próximos dias, depois de Donald Trump ter anunciado tarifas de 25% sobre as importações de automóveis.

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Carney, que não fala com Trump desde que se tornou o novo líder do Canadá, há quase duas semanas, disse que o chefe de Estado norte-americano

entrou em contacto na quarta-feira à noite para agendar uma chamada telefónica.

"Falaremos em breve, certamente no decorrer dos próximos dias", frisou Carney.

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O governante canadiano destacou que Trump tem de respeitar a soberania do Canadá: "Não é pedir muito, mas aparentemente é muito para ele".

Trump declarou guerra comercial ao Canadá e continua a pedir que o vizinho do norte dos Estados Unidos se torne o 51.º Estado dos EUA, uma posição que enfureceu os canadianos.

"É evidente que os Estados Unidos já não são um parceiro fiável. É possível que nas negociações, com negociações abrangentes, consigamos restaurar alguma confiança, mas não haverá volta a dar", salientou Carney.

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"Precisaremos de reduzir drasticamente a nossa dependência dos Estados Unidos. Precisaremos de direcionar as nossas relações comerciais para outros lugares", acrescentou.

O ex-banqueiro central foi empossado como novo primeiro-ministro do Canadá a 14 de março. É invulgar que um presidente dos EUA e um primeiro-ministro canadiano fiquem tanto tempo sem se falarem depois de um novo líder tomar posse.

Carney, que substituiu Justin Trudeau como líder do Canadá e chefe do Partido Liberal, está no início de uma campanha de cinco semanas depois de ter convocado eleições antecipadas para 28 de abril.

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Os liberais no poder pareciam estar prestes a sofrer uma derrota eleitoral histórica este ano até que Trump declarou uma guerra comercial e desafiou a soberania do Canadá.

A crise gerou um aumento do patriotismo entre os canadianos, com muitos no país a sentirem que Carney é a melhor pessoa para liderar o país neste momento. O próprio Trump reconheceu que alterou a política canadiana.

O Presidente norte-americano anunciou na quarta-feira que vai impor tarifas de 25% sobre todos os veículos e peças automóveis importados para os Estados Unidos a partir de 02 de abril - embora as peças do México e do Canadá estejam isentas por enquanto - e os carros montados nesses países pagarão a tarifa apenas sobre as peças não proveniente dos Estados Unidos.

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Carney considerou as tarifas injustificadas e abandonou a campanha eleitoral para presidir ao seu comité especial do Gabinete sobre as relações com os EUA em Otava. Disse que muitos canadianos estão preocupados e ansiosos sobre o futuro.

Disse que nos próximos anos os canadianos deverão reinventar fundamentalmente a economia num mundo drasticamente diferente. Mais de 75% das exportações do Canadá vão para os EUA.

Os automóveis são a segunda maior exportação do Canadá e o setor emprega 125.000 canadianos diretamente e quase outros 500.000 em indústrias relacionadas.

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Carney anunciou esta semana um "fundo de resposta estratégica" de 2 mil milhões de dólares canadianos (1,4 mil milhões de dólares) que protegerá os empregos automóveis canadianos afetados pelas tarifas de Trump.

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