Radiografia ao trabalho: conheça alguns dos indicadores sobre o emprego em Portugal
No conjunto dos 27 estados-membros da União Europeia, e segundo os últimos dados disponíveis, Portugal é o terceiro onde os idosos mais trabalham, o quarto que mais utiliza contratos a prazo e o quinto com maior risco de pobreza entre trabalhadores. Os dados são do relatório especial do Dia do Trabalhador elaborado pela Pordata e pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.
PUB
Portugal é o terceiro país com maior percentagem de pessoas com mais de 64 anos no mercado de trabalho, só ultrapassado pela Estónia e Irlanda. Por causa de uma pirâmide etária cada vez mais envelhecida e do aumento da esperança média de vida aos 65 anos, o país voltou a anunciar o adiamento da idade de reforma para os 66 anos e 7 meses em 2022, o que deve fazer o número aumentar. Hoje, 11,7% das pessoas com 65 ou mais anos trabalham em Portugal, "um valor que representa o dobro do registado na EU27" (5,7%).
PUB
O ano 2020 foi de recuos devido à pandemia, sobretudo no mercado de trabalho onde a taxa de emprego caiu 1,4 pontos percentuais e ficou aquém da meta fixada para o ano - 75%, que já tinha sido ultrapassada em 2019. Os 74,7% de taxa de emprego para 2020 colocam Portugal junto do Chipre: são os dois únicos países que recuaram no cumprimento da meta.
PUB
Já a taxa de desemprego nacional é superior à media dos 27 estados-membros entre os mais jovens e, ao mesmo tempo, os mais velhos. Enquanto em Portugal 32% dos jovens com idades entre os 15 e 19 anos que procuram emprego não o encontram, na UE esse valor é de apenas 21%. Já a população em idade ativa com mais de 60 anos apresenta no país uma taxa de desemprego na ordem dos 7%, 2 p.p acima da média europeia.
Fruto do domínio das micro e pequenas empresas na constituição do tecido empresarial, Portugal é ainda o nono país onde os trabalhadores por conta própria têm maior peso entre os empregadores (4,6%), e o oitavo no que toca a trabalhadores por conta própria não empregadores (11,8%), ultrapassado por países como a Grécia, Roménia e Itália onde mais de 15% da população possui empresas sem empregados.
PUB
Entre aquelas que empregam mais do que uma pessoa, existe em Portugal uma certa preferência pelos contratos a prazo, oferecidos a um em cada cinco trabalhadores. Neste indicador, Portugal é quarto na UE e está 4 p.p acima da média comunitária (14% na UE e 18% em Portugal). A estabilidade no emprego é maior nos países bálticos e na Roménia, onde menos de 3% dos trabalhadores têm contratos com termo.
PUB
Já os patrões são também geralmente menos qualificados em Portugal do que no resto da Europa. Segundo a Pordata, "Quase metade dos empregadores em Portugal têm, no máximo, o ensino básico (46%), 29 p.p. acima do registado na média da UE27 (17%)". Os trabalhadores por conta de outrem são mais escolarizados, mas a distância para a UE mantém-se já que em Portugal 37% dos trabalhadores têm no máximo o ensino básico, face à média de 16% na UE.
Salários e pobreza
Em relação aos salários, o relatório apresenta alguns dados importantes e explica que "comparando o ano de 1974 com o ano de 2020, e descontando o efeito da inflação, as pessoas que recebem o salário mínimo nacional recebem hoje mais 139 euros do que em 1974, ou seja, em média ganhou-se mais 3 euros por ano".
PUB
Segundo os últimos dados disponíveis, em 2019 Portugal estava entre os cinco países da Europa com uma maior fatia da população empregada considerada "pobre". Cerca de 11% dos trabalhadores viviam com "rendimentos inferiores ao limiar de risco de pobreza". Para tal contribuem fatores como o salário mínimo e o custo de vida, que são visivelmente desajustados em algumas zonas do país de maior densidade populacional, já que é nas zonas urbanas onde existe maior risco de pobreza. Estes números colocam Portugal junto de países como Espanha, Luxemburgo, Itália e Roménia, e longe dos exemplos da Finlândia e da República Checa, onde "o risco de pobreza atinge menos de 4% da população empregada". A média da UE é de 9% da população empregada.
O tema do desfavorecimento salarial entre a população feminina é já conhecido, mas o relatório explica que, em Portugal, o intervalo salarial entre géneros é de 11%. Ainda assim, Portugal é o oitavo país onde esta disparidade é menor, vindo o melhor exemplo do Luxemburgo, onde os homens auferem mais 1,3% do que as mulheres. Convém, contudo, ressaltar que estes dados, provenientes do Eurostat contabilizam apenas empresas com mais de 10 empregados, o que deixa de fora da amostra portuguesa cerca de 95% das empresas.
PUB
Mais lidas
O Negócios recomenda