Rivera lava as mãos à espera que PSOE viabilize governo
Ainda ninguém percebeu com total clareza qual o posicionamento do Cidadãos e do seu líder, Albert Rivera. Se no dia seguinte às eleições Rivera afiançava que "não há veto" a Mariano Rajoy, esta terça-feira, em Bruxelas, sentenciava que com o primeiro-ministro em exercício no governo, o Cidadãos ficará na oposição.
PUB
Na noite seguinte às eleições Albert Rivera telefonou a Rajoy e a Pedro Sánchez, secretário-geral do PSOE, pedindo que sejam iniciadas conversações a três. Donde se conclui que o Cidadãos mantém a intenção de viabilizar, ou integrar, um governo do PP se, e só se, Rajoy - que venceu as últimas três legislativas espanholas - aceitar afastar-se. Algo de todo improvável tendo em conta que o líder conservador foi o único a sair reforçado, em mandatos e votos, das eleições de domingo que, mesmo assim, voltaram a traduzir-se num Parlamento fragmentado em que não se vislumbra nenhuma solução governativa evidente.
Só que enquanto Rajoy mostrou abertura face àquela proposta, Sánchez atirou a bola para o lado do PP, sustentando que a iniciativa de encetar conversações cabe aos populares. Mariano Rajoy pareceu concordar ao pedir, também na capital belga, onde participa desde ontem no Conselho Europeu, "tranquilidade" para que as negociações possam decorrer "sem pressões". Mas o presidente do PP não perdeu a oportunidade de apontar o dedo, "com todo o respeito", ao facto de Rivera se desmultiplicar em declarações à comunicação social.
PUB
Porém Rajoy e Rivera coincidem num ponto. É preciso evitar novas eleições. Mas se o ainda chefe do Governo espanhol está disponível a "todas as fórmulas" de governação, inclusivamente da governar em minoria, Rivera passa a bola ao PSOE porque "é o único que, nesta altura, pode evitar umas terceiras eleições".
Rajoy pede que o deixem governar
PUB
"Aquilo que eu quero é que haja governo, que esse governo se constitua rapidamente, porque já estamos em funções há sete meses", disse esta terça-feira Rajoy. Dramatizando a situação, Mariano Rajoy pediu que se não quiserem pactar que ao menos o deixem governar: "Se as outras forças políticas não quiserem, espero que, pelo menos, deixem governar quem ganhou".
Desta feita o presidente do PP não abdica de se candidatar à investidura como primeiro-ministro e aposta tudo na fragilização do PSOE, que perdeu cinco mandatos face a Dezembro, como factor decisivo para desbloquear o impasse político que perdura há sete meses. No entender do jornalista Iñaki Gabilondo, Sánchez não se dar por vencido é "uma virtude, mas também o é saber perder".
PUB
Saber mais sobre...
Saber mais Espanha Eleições Albert Rivera Mariano Rajoy Pedro Sánchez PSOE PP Cidadãos Iñaki Gabilondo Andaluzia Susana DíazMais lidas
O Negócios recomenda