Vencedor do Nobel recomenda taxar ricos para estimular economia

Como estimular a procura numa economia? Aumentando impostos em vez de reduzi-los, responde um vencedor do Prémio Nobel de Economia de 2019.
Abhijit Banerjee
Bloomberg
Bloomberg 02 de Novembro de 2019 às 17:00

Baixar impostos para impulsionar o investimento é um mito promovido pelo setor privado, garante Abhijit Banerjee, que ganhou o prémio Nobel juntamente com Esther Duflo, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e Michael Kremer, da Universidade Harvard, pelo trabalho sobre diminuição da pobreza global. "Isso dá incentivos aos ricos, que já têm toneladas de dinheiro."

 

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Uma abordagem melhor seria subir alguns impostos e distribuir o dinheiro para as pessoas gastarem, disse Banerjee numa entrevista realizada em Nova Déli, onde o responsável promovia o seu livro ‘Good Economics for Hard Times’.

 

"Não se impulsiona o crescimento cortando impostos, isso se faz dando dinheiro às pessoas", argumentou. "O investimento reagirá à procura."

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China, Índia e Indonésia estão entre os países que estão a baixar impostos corporativos para estimular o crescimento económico, perante a perspectiva global desanimadora. Ainda em outubro, o Fundo Monetário Internacional reduziu a projeção para a expansão global em 2019 pela quinta vez consecutiva, para 3%.

 

Neste ano, a China introduziu cortes de impostos equivalentes a 280 mil milhões de dólares sobre rendimentos individuais e lucros corporativos. A Índia surpreendeu ao baixar impostos a pessoas jurídicas no valor de 20 mil milhões. A Indonésia planeia diminuir a alíquota tributária para empresas de 25% para 20%.

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Cobrar impostos aos ricos tornou-se uma questão fundamental para os potenciais candidatos do Partido Democrata na disputa pela Casa Branca contra o presidente Donald Trump, que prometeu mais cortes "substanciais" de impostos no ano que vem.

 

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A crescente desigualdade em países desenvolvidos como os EUA causa revolta e contribui para as tensões comerciais, afirmou Banerjee. "É inacreditável que, em nome do crescimento, tenham permitido a explosão da desigualdade a este ponto", acrescentou.

 

Desaceleração na Índia

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Na Índia, onde o crescimento recuou para o menor patamar em seis anos, o vencedor do Nobel recomenda que a política pública seja mais expansionista.

 

Além de baixar os impostos corporativos, o governo indiano adotou várias medidas para reverter a desaceleração, incluindo a retirada de um imposto sobre capital estrangeiro e a facilitação da compra de veículos. O estímulo fiscal intensificou preocupações com a ampliação do défice orçamental.

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"Perante a queda na procura, não é mau o governo ser expansionista", afirmou Banerjee. "Se a intenção é estimular a procura e o corte de impostos corporativos não fizer isso — conforme eu antevejo —, então o que se faz?"

(Texto original: Taxing the Rich to Fund Welfare Is the Nobel Winner’s Growth Mantra)

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