China diz que esmagará ingerências em Taiwan. Ilha com novos planos de defesa

A tensão entre os países da região voltou a aumentar, com a China a acusar também o Japão de intrometer-se num assunto que não lhe diz respeito e de estar a contribuir para alimentar um possível confronto militar.
China diz que esmagará ingerências em Taiwan. Ilha com novos planos de defesa
Chiang Ying-ying / Associated Press
Negócios com Lusa 08:09

A China voltou esta quarta-feira a acusar o Japão de aumentar a tensão regional com a anunciada implantação de mísseis em ilhas próximas de Taiwan, advertindo que "esmagará" qualquer tentativa de interferência externa no que considera um assunto interno.

O porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado (Executivo chinês), Peng Qing'en, classificou a decisão de Tóquio como uma "provocação extremamente perigosa" e acusou o Japão de estar "a criar tensão e a alimentar o confronto militar" numa zona a apenas 110 quilómetros de Taiwan.

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"Temos a firme vontade, determinação e capacidade de salvaguardar a soberania e a integridade territorial da China e de esmagar qualquer tentativa de interferência externa", afirmou Peng numa conferência de imprensa em Pequim.

O porta-voz acusou Tóquio de violar o espírito da Constituição pacifista do país e de avançar para a "expansão militar", impulsionado por "forças de direita, que procuram libertar-se das restrições do pós-guerra".

Peng recordou que a Declaração de Potsdam (1945) proibia o rearmamento japonês, sublinhando que esta evolução "despertou a preocupação da comunidade internacional".

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A reação da China ocorre num momento de máxima tensão diplomática entre Pequim e Tóquio, após declarações recentes da nova primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, que declarou que um ataque chinês contra Taiwan pode justificar a intervenção das Forças de Autodefesa japonesas.

Por seu lado, o Presidente taiwanês anunciou também esta quarta-feira uma série de iniciativas para reforçar as capacidades defensivas da ilha, com o objetivo final de consolidar uma força capaz de "defender permanentemente" a "Taiwan democrática" contra a "ameaça chinesa".

Numa conferência de imprensa, no gabinete presidencial, em Taipé, William Lai Ching-te sublinhou a intenção de equipar as forças armadas com um "alto nível de prontidão" para "dissuadir de forma eficaz" a China até 2027, ano em que, segundo relatórios dos serviços de informação norte-americanos, o Presidente chinês, Xi Jinping, ordenou a conclusão dos preparativos para a "reunificação pela força".

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Neste contexto, o Governo de Taiwan planeia investir 1,25 biliões de novos dólares taiwaneses (34,4 mil milhões de euros) entre 2026 e 2033, para alcançar uma "capacidade defensiva altamente resiliente e dissuasão plena", afirmou William Lai.

Os fundos vão financiar o desenvolvimento do 'Escudo de Taiwan' (T-Dome), um "sistema avançado de defesa aérea em camadas, com elevada capacidade de alerta e eficácia de interceção", anunciado por Lai em 10 de outubro e semelhante ao 'Iron Dome' de Israel e ao 'Golden Dome' proposto pelos Estados Unidos.

Os fundos vão permitir, além disso, a incorporação de "alta tecnologia" e inteligência artificial nas forças armadas, de forma a "construir um sistema de defesa resiliente, baseado numa tomada de decisões eficiente e em ataques precisos", contribuindo, ao mesmo tempo, para "reforçar a autonomia de defesa e desenvolver a indústria nacional", observou Lai.

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"Taiwan, como o elo mais importante e crucial da primeira cadeia de ilhas, não pode tornar-se um ponto vulnerável na segurança regional. Devemos demonstrar determinação e assumir uma maior responsabilidade pela autodefesa", enfatizou.

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