Paulo Raimundo acusa PS de desistir e ceder em toda a linha ao Governo
O secretário-geral do PCP acusou este domingo o PS de "dar a mão, o braço, a perna, o corpo e a cabeça toda" à política de direita e ao Governo da República, e sublinhou igualmente a necessidade de enfrentar o Chega.
Discursando num almoço-comício, no Funchal, Paulo Raimundo salientou que a conjugação de resultados, nas eleições legislativas regionais da Madeira de março e nas legislativas nacionais de maio, nas quais a direita ganhou, "é muito desanimadora" e que há "mais dois problemas de fundo" a enfrentar.
PUB
Em causa está, por um lado, "a desistência do Partido Socialista, que está a dar a mão, o braço, a perna, o corpo e a cabeça toda à política direita e ao Governo da República", criticou. E, por outro lado, acrescentou, é preciso enfrentar a "opção de demagogia da mentira, da ilusão, daqueles que enchem a boca pelo povo, mas que quando têm a oportunidade são os maiores protagonistas da política antipopular, [...] nomeadamente o Chega".
Após a sua intervenção, em declarações aos jornalistas, o secretário-geral do PCP reiterou que sabe qual é o programa da AD (Aliança Democrática, que reúne PSD e CDS-PP) e que não o pode deixar "passar em claro", como é intenção do PS, justificando, assim, a já anunciada apresentação de uma moção de rejeição.
Na sua leitura, o PS, ao decidir viabilizar o Programa do Governo sob o argumento da "chamada estabilidade", torna-se "cúmplice" de uma "política errada" e "colocou-se junto das forças do retrocesso".
PUB
"Vai ficar para trás, porque a alternativa vai impor-se, vai abrir caminho e o PS tem de decidir: ou se junta ao retrocesso ou vem para a alternativa. Até agora, decidiu que vai para o retrocesso", reforçou.
Ainda durante o seu discurso no almoço, perante cerca de duas centenas de participantes, o dirigente reconheceu que o partido estaria "melhor do ponto de vista institucional" se tivesse elegido na Madeira nas regionais de 23 de março, e que os resultados das legislativas de 18 de maio também não foram satisfatórios, vincando, porém, que isso "não tira a confiança" nem "retira em nada a razão" da luta dos comunistas.
Paulo Raimundo reforçou que o PCP e a CDU (coligação que junta comunistas e Os Verdes) têm "toda a razão do seu lado" - são quem "enfrenta a ditadura da minoria", combate as injustiças e "quer que a vida da maioria melhore".
PUB
"E é aqui que estamos e é aqui que vamos continuar a travar a batalha, junto dos trabalhadores, junto das populações, a aprender com a característica e a ação própria da juventude", assumiu.
O líder comunista realçou que a CDU está pronta, na Madeira, para continuar "a tomar a iniciativa junto das populações" e a denunciar o Orçamento Regional, que disse ser "uma vergonha".
Paulo Raimundo garantiu igualmente que a coligação fará tudo "para transformar as eleições autárquicas numa grande ação de contacto popular", admitindo que está em causa um sufrágio exigente "e um grande desafio".
PUB
E deixou o apelo: "Quem quiser trabalhar de forma honesta e competente é bem-vindo à Coligação Democrática Unitária, independentemente do voto que tiveram há 15 dias, ou há um mês, ou há três anos."
Saber mais sobre...
Saber mais Eleições Política Partido Socialista Paulo Raimundo Partido Comunista Português FunchalMais lidas
O Negócios recomenda