Gouveia e Melo a Catarina Martins: "Temos um oceano de diferenças entre nós"
O quarto debate das eleições presidenciais, realizado este domingo, colocou Catarina Martins - que se estreou na maratona de debates - e Henrique Gouveia e Melo frente-a-frente.
A primeira intervenção coube a Henrique Gouveia Melo, neste que foi o seu segundo debate, e começou por atacar a adversária Catarina Martins. "Temos um oceano de diferenças entre nós. A senhora deputada tem um pé aqui e outro em Bruxelas" frisou.
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Código do trabalho
"Este código de trabalho foi mudado há cerca de dois anos e não quero interferir nas negociações", disse Gouveia e Melo sobre a reforma da lei laboral que o Governo pretende fazer. "O primeiro direito que não deve ser mexido e em diversos tipos de contrato", defendeu.
Contrário a Gouveia e Melo, a candidata Catarina Martins optou por criticar as medidas que o Governo quer alterar. "Cuidado. O que o Governo colocou agora em cima da mesa nas negociações com a UGT foi as empresas poderem baixar um trabalhador de posição e salário". A bloquista disse ainda que é preciso de mudar o código do trabalho, mas não na direção que o Executivo pretende.
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Saúde
"Não vou passar toda esta campanha a falar sobre dar posse a um Governo de extrema-direita", disse Catarina Martins, que argumentou preferir sobre um pacto para a Saúde. A bloquista defendeu ainda que é preciso de uma "visão diferente" para o SNS, que acompanhe mais a "população mais envelhecida, doentes crónicos com maior acompanhamento".
Já o almirante afirmou que o SNS necessita de mudanças, defendendo que é preciso de um modelo mais híbrido "dando espaço à medicina privada, mas o Estado tem de garantir um SNS de qualidade".
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"O que está acontecer na saúde não é a falta de recursos, porque estes têm aumentado muito, mas de organização interna e responsabilização em função dessa organização", sublinhou Gouveia e Melo".
Perigos para a democracia
Gouveia e Melo, sobre os perigos e o futuro da democracia, acabou por lançar farpas a André Ventura. "Um dos candidatos que concorre quer mudar a presidência para executar um outro tipo de regime que não sei qual será, e é um perigo para a democracia".
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Sobre os casos de Justiça que têm dominado os últimos dias [escutas ao antigo primeiro-ministro António Costa], Catarina Martins e Gouveia e Melo defenderam que o "poder judicial não pode condicionar o poder político".
Habitação
Os candidatos a Belém também concordaram sobre "os reais problemas na habitação", mas divergiram naquela que deve ser a solução.
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"Não partilho da solução que o Bloco de Esquerda normalmente adota", atacou Gouveia e Melo, que não ficou sem resposta da eurodeputada. "Catarina Martins, candidata presidencial, muito prazer", respondeu rapidamente a bloquista. O candidato aproveitou para acrescentar "que Catarina Martins foi líder do bloco e que defende essas mesmas ideias".
Uso do poder presidencial
Quanto ao uso do poder presidencial em demitir um Governo por iniciativa própria, que não é usado desde 1976, Gouveia e Melo defendeu ser a favor "da estabilidade governativa". "Nunca usaria um mecanismo desses , a menos que houvesse algo muito grave, como um governo extremista que a certa altura usa os seus poderes para reverter a constituição na prática da constituição, dos direitos cívicos e fundamentais da população. Aí estaria em causa o não regular das instituições democráticas", traçou o candidato.
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Também Catarina Martins defendeu que esse poder deve ser usado em último caso e criticou "a forma como o atual Presidente da República leu esses poderes". "Esta sucessão e dissolução da Assembleia da República transformaram a AR e o debate político num jogo taticista eleitoral. "Um uso mais contido, só em última instância", declarou, acrescentando que espera "nunca usar esse poder".
Defesa
Henrique Gouveia e Melo defendeu no ano passado que "Portugal devia ir morrer onde fosse preciso para defender a Europa", mas recentemente disse que "Portugal não deve ir para Leste", apontou Catarina Martins. Confrontado sobre se tinha mudado de posição, o candidato disse que não, mas que "a NATO é uma aliança defensiva e nós vamos ter de respeitar essas regras", já que Portugal faz parte da aliança.
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O candidato aproveitou para virar o jogo e atacar Catarina Martins, referindo que contradição "é a deputada dizer que nos devemos desarmar unilateralmente". Prontamente, a candidata respondeu que "nunca disse isso". A bloquista reiterou que "a aliança com os EUA não garante a segurança da Europa, como se vê agora com o plano que Trump quer implementar". Já Gouveia e Melo considera que "sem os EUA, a nossa segurança é muito precária".
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