Marisa Matias e João Ferreira: descubra as diferenças, que eles têm dificuldade
"Quais são as diferenças entre os dois?": a primeira pergunta do moderador, o jornalista Carlos Daniel, na RTP, acabaria por ser a mais difícil e nenhum dos candidatos lhe deu uma resposta convicta. João Ferreira, apoiado pelo PCP, nem sequer tentou: "Seguramente existirão", mas a sua é uma "candidatura pela positiva". Perante a insistência, remeteu para os espetadores: "Tenho muita confiança no eleitorado para fazer essa distinção."
PUB
E voltou às bandeiras que tem repetido ao longo dos vários debates, sempre sem fazer qualquer comparação com a adversária: "valorização dos salários, proteção dos jovens, combate à precariedade", que, para Ferreira, Marcelo Rebelo de Sousa não contrariou ao deixar passar nova legislação do governo que regula, por exemplo, as condições de acesso dos jovens ao primeiro emprego.
O jornalista fez o mesmo desafio a Marisa Matias: "É capaz de dizer algo diferente em relação às questões laborais?"
"Em relação a isso não", admitiu a bloquista. Mas abriu para outros temas para, pelo menos, tentar esboçar algumas diferenças (no que não seria mais à frente seguida por João Ferrreira): disse ter travado lutas em que o que ouvia do lado dos comunistas é que "a sociedade não estava preparadas para elas". Por exemplo, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a adoção, o fim das touradas ou a despenalização das drogas leves ou da morte assistida. Ou ainda nos esforços de proibição da exploração de recursos fósseis no Algarve, que o PCP não acompanhou.
PUB
Mas Ferreira não viu aqui grandes diferenças e aplanou de novo o terreno entre os dois: "Temos feito e faremos combates comuns. Existirão diferenças, não vale a pena inventar, (...) não vale a pena cavar diferenças onde não existem". E reiterou, da sua parte apoio às causas do casamento e adoção homossexual.
De novo à procura de diferenças, também não foi na longa discussão (vários minutos do debate em torno deste tema) sobre o encerramento da refinaria da GALP em Matosinhos - que o moderador introduziu a propósito das questões ambientais -, que as encontrarram. Com Marisa a encerrar assim esse capítulo: "Partilho muito do que foi dito pelo João Ferreira."
PUB
No tema em que mais facilmente se distinguiriam, o posicionamento face ao governo em matéria de gastos na saúde, já que PCP viabilizou o último Orçamento do Estado, ao contrário do BE, que votou contra, houve finalmente diferenças, mas ténues. Marisa Matias afirmou que a atual situação de pandemia poderia ter sido "uma oportunidade para melhorar o SNS, se toda a esquerda tivesse sido mais firme". Aliás, essa maior firmeza à esquerda poderia ainda ter evitado "estarmos a lidar com a atual crise ainda com as leis laborais de Passos Coelho e da Troika".
Ferreira voltou a criticar Marcelo na Saúde, agora por se ter "posto ao caminho" para travar uma lei de bases que impedisse o caminho do "negócio da doença", numa alusão à possibilidade de participação dos privados no fornecimento de cuidados de saúde. Sobre porque é que isso "não foi corrigido em 5 anos", Ferreira explicou que reconhece "insuficiências na reposta do OE", mas valoriza "muito os que não desistem a meio de um combate".
PUB
Marisa não refutou melhorias no OE, até porque as propostas que o governo "apresentou ao PCP também apresentou a BE", mas não foram suficientes para "resolver os bloqueios". E a meia hora do debate também não foi suficiente para divergências sérias entre os dois.
Saber mais sobre...
Saber mais Marisa Matias João Ferreira Marcelo Rebelo de Sousa PCP OE BE políticaMais lidas
O Negócios recomenda