Produtos de aloé vera à venda nos EUA não têm… aloé vera

A Bloomberg pediu uma análise aos principais produtos à base de aloé vera que são vendidos nas grandes retalhistas norte-americanas e o resultado foi desconcertante: não há vestígios da principal componente.
Bloomberg
23 de Novembro de 2016 às 01:09

"Os cremes de aloé vera que muitos americanos compram para aliviar a pele cansada não têm quaisquer vestígios de aloé vera", diz a Bloomberg após um estudo realizado às amostras vendidas nas principais retalhistas dos EUA, como Wal-Mart, Target e CVC.

 

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Com efeito, segundo aquela agência noticiosa, todos os produtos listados como tendo a seiva da folha da espécie vegetal aloé vera – também conhecida como babosa – como primeiro ingrediente (ou segundo, depois da água) e que foram testados em vários laboratórios não revelam sinais dessa planta.

 

"Não há qualquer entidade supervisora que garanta que os produtos de aloé vera são o que dizem ser. A Administração norte-americana dos Alimentos e Medicamentos não aprova cosméticos antes de estes estarem à venda e nunca aplicou uma multa por se vender aloé falso. Isso significa que os fornecedores funcionam numa espécie de ‘sistema de honra’", salienta a Bloomberg.

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Isto apesar de o mercado total para o aloé vera nos EUA, incluindo bebidas e vitaminas, ter crescido 11% no último ano, para 146 milhões de dólares, refere a agência, citando dados da empresa de estudos de mercado SPINS LLC.

 

Os três marcadores químicos do aloé vera – acemanano, ácido málico e glucose – não foram encontrados nos testes aos produtos da Wal-Mart, Traget e CVS realizados por um laboratório contratado pela Bloomberg News. As três amostras continham um elemento mais barato, chamado maltodextrina – um tipo de açúcar por vezes usado para imitar o aloé.

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Já o gel de aloé vera que é vendido numa outra retalhista, a Walgreens, continha apenas um dos marcadores, o ácido málico, sublinha a agência noticiosa.

 

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A Target escusou-se a comentar, ao passo que os porta-vozes da Wal-Mart Stores, CVS Health Corp e Walgreens Boots Alliance disseram que os seus fornecedores lhes tinham confirmado que os produtos que vendem são autênticos. Estas quatro retalhistas repartem entre si 23.000 pontos de venda nos EUA.

 

Os testes aos produtos de aloé vera – aclamados pelas suas suas propriedades cicatrizantes, sendo indicado para casos de queimaduras, feridas e úlceras na pele – foram realizados através de uma técnica chamada ressonância magnética nuclear.

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Várias sociedades de advogados, nomeadamente a Barbat, Mansour & Suciu, intentaram acções em tribunal contra as quatro retalhistas depois de os testes realizados separadamente não terem detectado indícios de aloé vera nos produtos de marca branca dessas empresas. Todas elas refutam as acusações de que são alvo.

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