Norberto Rosa: "Só em 2008 é que nos apercebemos do elevado montante de créditos garantidos por ações"
Norberto Rosa, ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD), afirma que até 2008 os gestores não estavam conscientes da quantidade de crédito que tinha sido concedido tendo como garantia ações cotadas em bolsa. Eram, ao todo, quase 5 mil milhões de euros em crédito desta natureza.
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"Efetivamente, só em janeiro dee 2008 é que tivemos a perceção de que havia efetivamente um elevado montante garantido por ações", afirma Norberto Rosa na comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD), esta quinta-feira, 6 de junho.
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O gestor explica que "havia todo um conjunto de indicadores que era celebrado pela direção de risco, mas não havia essa informação agregada". Por isso, "quando concedíamos cada crédito não se sabia quais eram os colaterais subjacentes".
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Assim, "quando começámos a ver a crise grave na bolsa pedimos para se fazer esse levantamento". Foi aí, "a partir de fevereiro de 2008, que verificámos que havia 4,6 mil milhões de euros" de crédito garantido por ações. "Perante esta situação, a decisão tomada foi a de não conceder mais crédito com garantia de ações".
Estes esforços levaram o banco a reduzir estes empréstimos para 2,9 mil milhões de euros entre 2008 e 2011, refere o gestor aos deputados.
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Entre estes, está o empréstimo de 350 milhões de euros concedido pela CGD ao comendador Joe Berardo. Crédito que foi utilizado para a compra de ações do BCP e que acabou por ser um dos mais ruinosos para a Caixa.
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"Relativamente à Fundação Berardo, a informação que tenho é que na reunião de 7 de março de 2007 foi aprovado um financiamento de 350 milhões de euros com o objetivo de refinanciar a dívida existente no BCP e adquirir ações nos principais indices bolsistas europeus", explica. E com uma condição: um aval de Joe Berardo, que poderia ser dispensado após análise das contas da Fundação. O que acabou por acontecer.
Entre as ações que podiam ser adquiridas estavam as do BCP, mas também EDP, PT, entre outras. Norberto Rosa garante não ter participado na reunião em que foi aprovada a concessão de crédito, mas sim na reunião em que foram apresentadas as contas que permitiram dispensar o aval do empresário madeirense, que tinha, segundo o gestor, "resultados líquidos de 56 milhões de euros" no ano anterior.
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