Cimpor passa a ser detida por fundo de pensões de 300 mil militares turcos

O Grupo Oyak é um conglomerado que, além do cimento, tem fábricas de automóveis, bancos, empresas de energia, agricultura e aposta forte também no imobiliário.
Nuno Carregueiro 26 de Outubro de 2018 às 13:52

Ordu Yardimlasma Kurumu é o nome do novo accionista das unidades da Cimpor em Portugal e Cabo Verde. A Intercement chegou a acordo com esta empresa para vender os activos em Portugal e Cabo Verde, pelo que a histórica empresa de cimentos portuguesa passa de accionistas brasileiros para turcos.

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Oyak (Ordu Yardimlasma Kurumu) é o fundo de pensões das forças armadas turcas (composto por mais de 300 mil militares), que criou um conglomerado que é actualmente o maior grupo industrial deste país, com presença em várias actividades, entre elas a produção de cimento e betão.

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É a Oyak Cement que agrupa a actividade da empresa turca nesta área de negócio e que vai agora controlar a Cimpor. De acordo com um comunicado emitido pela Oyak a propósito da aquisição da Cimpor, a companhia é líder de mercado na Turquia e conta com sete fábricas integradas de cimento, três moagens de cimento, 45 centrais de betão pronto localizadas na Turquia, com uma capacidade anual de produção de 12 milhões de toneladas.

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O anúncio da compra da Cimpor acontece no mesmo dia em que os turcos da Oyak Cement comunicaram ao mercado uma relevante alteração na sua estrutura accionista. A Taiwan Cement comprou 40% da unidade de cimentos do grupo Oyak por 640 milhões de dólares. Um negócio que avalia a nova dona da Cimpor em 1,6 mil milhões de dólares.

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De acordo com um comunicado citado pela Bloomberg, um dos objectivos da parceria entre a Taiwan Cement e a Oyak passa por "unir esforços no mercado internacional de cimentos".

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Automóvel, energia, imobiliário e banca

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Mas a actividade da Oyak vai muito além do fabrico de cimento. O conglomerado gere o fundo de pensões dos mais de 300 mil militares turcos, tem fábricas de automóveis, bancos, empresas de energia, agricultura e aposta forte também no imobiliário.

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Gere um conjunto de activos que, de acordo com a Bloomberg, estavam em 2017 avaliados em 18 mil milhões de dólares (excluindo o fundo de pensões). Segundo o comunicado onde anuncia a compra da Cimpor, o Grupo Oyak diz que emprega actualmente cerca de 30 mil pessoas em 19 países, tendo em 2017 registado um volume de negócios de 10,2 mil milhões de dólares.

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O Grupo Oyak controla o Anker Bank, um pequeno banco na Alemanha (país com um elevado número de emigrantes turcos), tendo abandonado a presença no sistema financeiro turco em 2007, quando vendeu o Oyakbank ao ING por 2,7 mil milhões de dólares.

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O Oyak controla a Hektas Ticaret, empresa que está cotada em bolsa e fabrica fertilizantes agrícolas. No sector automóvel detém a Oyak Renault, que é líder do mercado turco e prevê abrir uma nova fábrica em 2019, em parceria com a companhia francesa.   

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Na ano passado, o grupo investiu fortemente no sector imobiliário, com a compra de terrenos no país por mais de 200 milhões de dólares com o objectivo de construir habitações.

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Em entrevista concedida à Bloomberg no ano passado, o CEO Suleyman Savas Erdem afirmou que o grupo estava à procura de oportunidades para aquisições, sobretudo no exterior, bem como o regresso à banca na Turquia.

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"Se existirem desenvolvimentos concretos, vamos anunciar com orgulho aos nossos mais de 300 mil membros e ao país inteiro", disse Erdem nessa entrevista. Com a compra da Cimpor, o CEO já tem motivos para fazer essa comunicação.

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