Empresa de ex-líder do Leiria quer perdão de 98% da dívida
Desde o princípio desta década que a Materlis, que já foi um gigante do sector das madeiras e produtos derivados, se mantém no circuito comercial apesar dos sucessivos incumprimentos de planos de recuperação aprovados pelos seus credores.
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Detida por João Bartolomeu, presidente do clube de futebol União de Leiria durante 25 anos, entre 1997 e 2012, a Materlis está agora em Processo Especial de Revitalização (PER) com uma dívida de 45,6 milhões de euros a quase duas centenas de credores.
De acordo com o plano de recuperação apresentado pela Materlis, a empresa pretende um perdão de 98% da dívida e o reembolso dos créditos remanescentes num prazo superior a duas dezenas de anos. De fora desta proposta ficaria apenas o credor hipotecário, o BCP (7,2 milhões de euros de créditos), o Fisco (2,1 milhões de euros) e a Segurança Social (363 mil euros).
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"Os valores da dívida não estão correctos. Nós fizemos uma reclamação sobre isso ao tribunal, que não se pronunciou até ao momento, pelo que, para cumprirmos os prazos, tivemos de apresentar um plano de recuperação sem negociar com os credores, como queríamos", reagiu João Bartolomeu, em declarações ao Negócios. Para o empresário, a dívida "ronda os 29 milhões de euros".
De qualquer forma, estamos perante uma empresa que fechou o último exercício com uma facturação não muito distante dos 2,7 milhões de euros registados no ano anterior. "Mas a Materlis continua a trabalhar, com 28 pessoas, e acredito que os credores vão aprovar o plano de recuperação. Estou convencido de que não vai para liquidação", afirmou o empresário.
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Neste momento decorre o prazo de votação do plano, que conta já com alguns importantes votos desfavoráveis. O Negócios sabe que a Sonae Indústria, principal credor da empresa, com 9,5 milhões de euros, já declarou o seu voto contra, assim como instituições bancárias como o Novo Banco (1,9 milhões de euros), o BIC (1,7 milhões de euros) e o BPI (1,4 milhões de euros).
Além de várias sociedades credoras do seu universo empresarial, como a Leirinveste, com nove milhões de euros de créditos, Bartolomeu garantiu que, entre outros, "a Caixa Geral de Depósitos [que reclama 1,3 milhões de euros] votou a favor". Pela aritmética do dono da empresa, "o PER passa. Sei fazer contas", argumentou.
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Angola e falências afundaram a empresa
Já sobre a degradação das contas da Materlis, João Bartolomeu garantiu que houve sobretudo duas grandes razões para a situação económico-financeira a que a empresa chegou: "Nunca devíamos ter ido para Angola – ficaram a dever-nos 9,2 milhões de euros. Ganhámos a acção em tribunal, mas nunca recebemos; e [em Portugal] a falência de clientes nossos, que nos ficaram a dever seis milhões de euros", contou o também antigo líder da União de Leiria.
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Com a entrada da empresa em sucessivos processos de insolvência, "deixou de ter liquidez, com a banca a não financiar nada, pelo que tínhamos de comprar tudo a pronto", lamentou o empresário. Mas afiançou que a Materlis "tem muitas encomendas" em carteira. Se o PER for aprovado, rematou, "rapidamente iremos estar a facturar 20 milhões de euros".
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