Itália retira poder a acionista chinês da Pirelli

Governo de Giogia Melloni alega preocupações relativas à segurança nacional e aprova medida para impedir que a Sinochem indique o CEO da fabricante de pneus, apesar de ser acionista maioritária da empresa.
Marco Tronchetti Provera, CEO da Pirelli
Flavio Lo Scalzo/Reuters
Negócios 18 de Junho de 2023 às 18:50

Itália retirou o poder de decisão à chinesa Sinochem enquanto maior acionista da Pirelli, removendo-lhe o direito de nomear o CEO ou definir a estratégia da fabricante de pneus. O executivo italiano invoca questões de segurança nacional, em resposta a preocupações sobre a interferência do Estado chinês.

PUB

 

Segundo o Financial Times, o governo da primeiro-ministro Giorgia Meloni invocou preocupações de segurança nacional sobre o potencial de uso indevido da tecnologia de componentes eletrónicos da Pirelli, bem como uma eventual interferência do partido comunista chinês, para justificar as medidas que restringem os direitos da Sinochem.

PUB

O conglomerado estatal chinês Sinoche detém uma participação de 37% na Pirelli e já em março a Bloomberg tinha avançado que o governo italiano estava a considerar a possibilidade de limitar a partilha de informação tecnológica relevante com os membros do conselho de administração representantes da Sinochem ou limitar os seus direitos de voto.

Na sexta-feira, o governo italiano fez o anúncio formal, que não tem precedentes, de que iria impor "um conjunto de medidas de segurança para salvaguardar a independência da Pirelli".

PUB

Este domingo, Financial Times revelou os termos das medidas apresentadas e que dão à Cmfin, o veículo de investimento privado do atual CEO da empresa, Tronchetti Provera, e que detém apenas 14% da companhia, o direito de apontar por um período de tempo indefinido o presidente executivo.

De acordo com a ordem do governo italiano, consultada pelo FT, a Sinochem, que detém a participação na Pirelli através da China National Rubber Company, será também barrada de qualquer envolvimento nas decisões da fabricante de pneus relativas a "fusões, aquisições, vendas, spin-offs ou colocação de instrumentos financeiros".

PUB

A tensão entre Tronchetti e o seu acionista chinês vem detrás. Num acordo acionista anterior, a Sinochem tinha aceitado que Tronchetti Provera, que gere a empresa desde 1992, indicasse o CEO.

Contudo, recentemente o conglomerado chinês propôs um novo acordo acionista que previa a eliminação dessa prerrogativa, o que agudizou a relação entre os dois acionistas.

Esta revisão do acordo foi apresentada ao governo italiano em março, que detém uma "golden share" sobre a fabricante de pneus. O executivo italiano pode assim vetar decisões estratégicas, forçar vendas ou impor decisões a investidores estrangeiros, o que acabou por levar a cabo nesta revisão.

PUB

Quando a Sinochem entrou na empresa italiana, em 2015, os poderes associados ao Estado italiano, enquanto acionista com "golden share" eram mais limitados do que a versão que agora limita os direitos acionistas do conglomerado.

Segundo o Financial Times, a Sinochem não quis fazer nenhum comentário sobre as medidas aprovadas pelo governo italiano, adiantando que os advogados da empresa e Pequim estão ainda a avaliar a decisão e as suas implicações. A Pirelli também não reagiu aos detalhes avanaçados pelo jornal britânico, adiantando que deveria publicar um comunicado ainda este domingo.

Pub
Pub
Pub