Media Capital estima resultados positivos este ano mas está prudente, diz CEO
O presidente executivo (CEO) da Media Capital afirma, em entrevista à Lusa, que o grupo espera manter os resultados positivos este ano, tendo acabado o primeiro trimestre em linha com o estimado, mas que a conjuntura é de cautela.
Em abril, o grupo anunciou ter registado um lucro de 36,7 milhões de euros em 2022, o que compara com um prejuízo de 4,1 milhões em 2021, ajudado pelo negócio da venda das rádios, que permitiu um encaixe financeiro direto de 69,6 milhões de euros e a obtenção de uma mais-valia líquida de 46,1 milhões de euros.
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Questionado se acredita voltar a obter resultados positivos em 2023, Pedro Morais Leitão respondeu: "Sim", mas não quis quantificar as expectativas.
"Só ser positivo é importante porque se excluíssemos o negócio das rádios, não, não teria sido positivo" [em 2022], sublinha, acrescentando que, apesar da conjuntura, estão "a trabalhar para isso".
Instado a revelar como correram os primeiros meses do ano, e apesar de não quantificar, o gestor mostrou-se satisfeito, mas prudente.
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"No primeiro trimestre ficámos mais ou menos em linha com as expectativas, um bocadinho melhor do que as expectativas que tínhamos em termos de receitas e de rentabilidade (...), mas estamos a falar de coisas pequenas e que facilmente a vantagem que está pode ser posta em causa nestes meses seguintes", considera.
"Como sabem, o primeiro e o terceiro trimestre são trimestres mais fracos, o segundo e o quarto são trimestres mais importantes. Portanto, este segundo trimestre -- estamos a meio do segundo trimestre -- não começou muito bem. Deixa-nos aqui um bocadinho apreensivos, há uma série de coisas a passar-se no mercado que podem justificar isso, mas achamos que os anunciantes, em geral -- grande parte deles com atividades industriais, atividades de retalho -- sentiram também a subida dos seus custos, da inflação, de custos de energia, etc. Obviamente que afetaram as suas operações e estão a tentar limitar a estrutura de custos em todos os lados e o 'marketing' é uma das áreas onde investem mais, de forma mais importante, também estão tentar limitá-la", explica.
Em 2022, o grupo conseguiu reduzir a dívida líquida para 21,2 milhões de euros, nível "mais baixo da história" da Media Capital.
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"O que eu tenho dito aos anunciantes com quem tenho falado diretamente é: 'se acreditam que isto tem alguma utilidade para vocês, é melhor não nos deixarem aqui com as receitas e com os custos a aproximarem-se em permanência'. Mas, enfim, (...) obviamente que (...) estou a defender o interesse do grupo e eles defendem o interesse do seu grupo. Há aqui um interesse de longo prazo que o setor da comunicação social necessariamente tem que a advogar para si próprio", afirma.
Assim, sobre as perspetivas para o mercado publicitário, admite que a conjuntura é difícil.
"No conjunto do ano, e considerando as expectativas que temos, vemos o mercado estável, com alteração das suas componentes. Ou seja, vemos algum do dinheiro que era mais investimento em televisões a ser transferido para o digital, isso é uma tendência de longo prazo que já falámos, e alguma recuperação do negócio de publicidade exterior que nos últimos anos foi penalizada devido à pandemia - as pessoas estavam em casa, portanto, não havia publicidade fora de casa. Há aí duas tendências, uma que me parece de longo prazo, e que vem em linha com o que se passa nos últimos 20 anos, outra que pode ser só circunstancial ou pode representar alguma coisa mais. A publicidade exterior (...) também começa a fazer alguma inovação e, portanto, também pode ter a ver com essa inovação que está a passar nesse setor", explica.
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O grupo Media Capital possui, entre outros ativos, as estações televisivas TVI e CNN, desde novembro de 2021.
Em 09 de maio, na 32.ª edição do congresso da APDC, o CEO da Media Capital revelou que a CNN Portugal perdeu dois milhões de euros no seu primeiro ano.
Questionado quanto tempo considera o Grupo Media Capital razoável para ter uma CNN Portugal com prejuízos, Pedro Morais Leitão aponta três anos.
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"O tradicional num grupo destes, eu diria que mais do que três anos a perder dinheiro é difícil, mas depende muito do contexto económico em que vamos viver, do contexto tecnológico em que vamos viver. A CNN (Portugal) arranca, à partida, com uma forte componente online -- deu-se de raiz tanta importância ao 'online' como à antena -- e acredita-se que a transferência de receitas publicitárias da antena para o 'online' vai poder gerida com essa presença dupla", refere.
No geral, o balanço, reforça, é positivo.
"Falando em nome da empresa, do Conselho de Administração que represento, claramente a mensagem geral é de satisfação em relação aos resultados do primeiro ano. Não esperávamos atingir a liderança de audiências tão rapidamente nos canais informativos e ficámos bem surpreendidos com a facilidade -- com a colaboração que temos com a CNN -- com que temos conseguido formar uma equipa dentro dos princípios certos e com as práticas de trabalho certas tão rapidamente", remata.
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