Táxis: Contingentes e falta de concursos para licenças estão a restringir oferta
A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) conclui, num relatório estatístico divulgado esta terça-feira sobre a forma como os municípios têm exercido as suas competências no âmbito dos serviços de transporte em táxi, que os contingentes definidos e o reduzido lançamento de concursos para atribuição de licenças "estão a restringir a oferta".
PUB
O regulador do sector dos transportes tinha já divulgado no ano passado um primeiro relatório sobre esta actividade, agregando pela primeira vez informação sobre o número de táxis licenciados e os contingentes definidos, tendo concluído existirem 1.081 licenças por atribuir.
PUB
Agora, a AMT aponta para um reforço dos indícios de que, em alguns concelhos, os contingentes definidos, o não lançamento de concursos para atribuição de licenças de táxi ou o seu lançamento para a atribuição de um reduzido número de licenças "estão a constituir uma restrição activa à oferta, potenciando riscos de desequilíbrio entre a procura e a oferta".
PUB
Em comunicado, o regulador adianta ter constatado que, nos concursos para atribuição de licenças, existiram, em média, 3,2 concorrentes por licença a concurso, sendo que, em 92% dos concursos todas as licenças foram atribuídas.
PUB
Por outro lado, a AMT refere ainda que a existência de vagas nos contingentes é sobretudo explicada pelo não lançamento de concursos ou pelo seu lançamento com um reduzido número de licenças a atribuir.
"Cerca de dois terços dos municípios respondentes nunca iniciaram qualquer concurso de atribuição de licenças de táxi e, mesmo no conjunto de municípios com vagas nos contingentes, 57% não lançou estes concursos", afirma o regulador na mesma nota.
PUB
Outra das conclusões referidas no relatório é a de que "os critérios de classificação utilizados nos concursos discriminam os concorrentes, nomeadamente em função da localização da sua residência ou sede social".
PUB
De acordo com a AMT, os critérios associados à localização da sede social ou residência dos concorrentes, sobretudo na freguesia ou concelho para onde se atribuía a licença, foi o factor mais valorizado em quase 90% dos concursos.
No documento, considera igualmente que os critérios e procedimentos de decisão dos municípios utilizados no exercício das suas competências "potenciam uma avaliação pouco concreta do que é uma resposta adequada às necessidades do transporte em táxi, bem como um enviesamento das suas decisões no sentido de atender sobretudo aos interesses dos actuais detentores de licenças de táxi".
PUB
O regulador dos transportes conclui que os municípios privilegiam a utilização de critérios que consideram a perspectiva de agentes do lado da oferta (como os detentores de licenças), em detrimento de critérios que consideram a perspectiva de agentes do lado da procura (como sejam os utilizadores) e de critérios suportados em dados técnicos e económicos que caracterizem as condições de prestação dos serviços.
PUB
Uma das recomendações que a AMT faz é que os municípios passem a tomar as decisões "através de procedimentos de consulta pública", de forma a garantir a possibilidade "de todas as partes interessadas poderem apresentar a sua posição sobre qual será a decisão mais adequada e, consequentemente, mitigam-se riscos de privilegiar a perspectiva de alguma das partes".
Em seu entender, mesmo com a eventual adopção parcial ou integral das suas recomendações, mantém-se a necessidade "de continuar a aprofundar a reflexão quanto ao enquadramento legislativo e regulatório aplicável aos serviços de transporte em táxi, incluindo quanto à própria lógica global do seu funcionamento, muito assente na contingentação no acesso ao mercado". Para a AMT, "é necessário reavaliar a adequação e proporcionalidade do actual enquadramento, em especial no que diz respeito ao regime de contingentação".
PUB
Mais lidas
O Negócios recomenda