“BCE tem a oportunidade única de ser o primeiro a mostrar eficácia da sua política monetária"

António Ramalho diz que estão reunidas as condições técnicas e políticas para que o BCE inicie a 6 de junho “uma descida lenta e consistente” das taxas de juro, depois da “inflação dos 400 dias”. Novo episódio do podcast Partida de Xadrez vai para o ar esta segunda-feira.
Partida de Xadrez, cover art, podcast
Maria João Babo 02 de Junho de 2024 às 12:00

"O Banco Central Europeu (BCE) foi capaz de utilizar a política monetária de uma forma mais eficaz a controlar a inflação do que tinha sido durante 10 anos a promover o crescimento económico", afirma António Ramalho no décimo episódio do podcast Partida de Xadrez, que vai para o ar esta segunda-feira no site do Negócios e nas principais plataformas.

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Após 10 subidas, num total de 400 pontos base, em apenas 15 meses, o gestor acredita que "estão agora reunidas as condições para uma descida lenta e consistente das taxas de juro na Europa". A inflação, diz, "vai ser mesmo temporária e chamar-se inflação dos 400 dias".

Já Gonçalo Moura Martins chama a atenção de que, havendo ainda geografias com a inflação mais alta, "o BCE tende a manter uma política monetária muito restritiva que combate o chamado imposto da inflação". No entanto, avisa que com isso a instituição cria, para as empresas e famílias, um "imposto indireto decorrente das elevadas taxas de juro". O primeiro, frisa, "prejudica todos e beneficia o Estado", enquanto o segundo "prejudica todos os devedores e só beneficia os bancos".

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Com a inflação na Zona Euro nos 2,4%, António Ramalho afirma que "o BCE tem a oportunidade histórica de ser a primeira instituição central a demonstrar a eficácia da sua política monetária, antes mesmo dos EUA". "Esta é uma espécie de ressurreição dos valores da política monetária", diz o gestor.

"A nossa inflação era tripla. Nunca vi uma situação tão negativa à partida que corresse tão bem", aponta, atribuindo os méritos à "política monetária, à forma como a política monetária foi transmitida à sociedade e aos apoios que os governos deram para ajustarem localmente".

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Já Gonçalo Moura Martins concorda que "a política foi bem aplicada e a componente emocional do discurso foi muito positiva", mas diz que "não podemos esquecer a parte menos social e mais agressiva". Em seu entender, "conseguimos resolver o problema com o esforço de todos".

Em sua opinião, "esta espiral inflacionista foi ligeiramente atípica, já que a economia não foi muito penalizada" e "as empresas conseguiram acomodar o aumento dos custos financeiros anormais". "Houve uma conjugação de circunstâncias que acabou por fazer com que esta crise inflacionista não tivesse efeitos devastadores".

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