Como vão evoluir as taxas de juro?
As taxas de juro deverão iniciar, no próximo ano, um movimento de ligeira subida, mas sem impacto significativo no bolso das famílias portuguesas. A prestação da casa deverá manter-se sem grandes oscilações, enquanto os juros dos depósitos vão continuar próximos de zero.
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O BCE deverá deixar as suas taxas de juro inalteradas no próximo ano, ajudando a manter as prestações da casa próximas de mínimos. A Euribor, o principal indexante do crédito à habitação, deverá permanecer em valores negativos, ainda que possa registar uma ligeira subida. "Em 2018 não se esperam alterações nas taxas do BCE, nem que o cenário de excesso de liquidez se altere significativamente", realça Filipe Garcia. "Portanto, as prestações em 2018 deverão ficar muito próximas das de 2017, mas já terão sido observado os mínimos durante este ano", explica o economista da IMF.
De acordo com o mesmo especialista, os futuros da Euribor e os FRA apenas descontam subidas muito ligeiras da Euribor em 2018, sobretudo no segundo semestre, esperando-se que estes indexantes apenas regressem a terreno positivo em 2019.
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Mas, se não crescem as prestações, também não crescem as remunerações dos depósitos. "As taxas de depósitos deverão continuar muito próximas de zero, num futuro previsível", refere Filipe Garcia. A taxa média paga pelos bancos nos novos depósitos fixou-se em 0,26%, em Outubro, segundo dados do BCE.
No mercado da dívida, o panorama é ligeiramente diferente. Os principais bancos de investimento antecipam um movimento de subida nas obrigações europeias, à medida que o BCE começa a travar o ritmo de compras na região. A entidade vai passar a investir, em Janeiro, metade do valor que destina à aquisição de títulos (30 mil milhões de euros). E a expectativa é que, após Setembro, anuncie um novo corte neste valor.
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"Esperamos que as taxas de juro subam em 2018 na Zona Euro. Estamos ainda abaixo do nosso "target" de 0,8% para os juros a dez anos da Alemanha", referiu Nadège Dufossé, responsável pela alocação de activos da Candriam, em entrevista ao Negócios. A mesma especialista argumenta que "o crescimento económico, subida gradual da inflação e redução de estímulos deverão permitir às ‘yields’ aumentar pelo menos gradualmente".
Já a dívida portuguesa poderá manter o bom comportamento. "O espaço [para queda dos juros] agora é menor, tendo em conta que Portugal já tem grau de investimento e o mercado estreitou o ‘spread’ a antecipar esse facto", diz Filipe Garcia. Mas, com os analistas a anteciparem novas melhorias de "rating" em 2018, há espaço para boas notícias.
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