Alentejo como exemplo numa transição energética mais rápida e justa

Nos próximos dias 2 e 3 de Junho, em Sines, vai estar em debate uma transição energética rápida e justa para o Alentejo, no momento em que se acelera a descarbonização da região, com o fecho de centrais e refinarias, e se anunciam novos projetos industriais, mais inovadores e sustentáveis.
24 de Maio de 2022 às 11:42

No Centro de Artes de Sines irá decorrer a segunda edição do Energy and Climate Summit, uma iniciativa do Projeto Guardiões, que visa congregar vontades e desenvolver soluções que façam do Alentejo um exemplo na transição para uma economia mais circular e sustentável. Sob a égide do tema "Energia e Transição Justa", responsáveis governamentais, regionais e municipais irão discutir, com líderes do setor privado, da academia, e da investigação científica e tecnológica, as melhores práticas e as mais recentes evoluções e soluções nas áreas da energia solar, da energia eólica, armazenamento de energia, hidrogénio e gases renováveis. Na mira de todos estará o desenvolvimento de projectos inovadores e sustentáveis que viabilizem uma transição justa para uma economia descarbonizada na região do Alentejo.

Viabilizar a transição justa para uma economia descarbonizada

O Projeto Guardiões é uma iniciativa que junta o Instituto Politécnico de Portalegre, o Fórum da Energia e Clima, e a Comissão Coordenadora de Desenvolvimento Regional do Alentejo, e que pretende transformar a região num laboratório vivo de projetos de transição energética e economia circular a partir de um grande envolvimento do setor público e do setor privado, e de uma forte sensibilização da sociedade civil. Para Ricardo Campos, líder do Fórum da Energia e Clima, "o momento que vivemos, entre o fecho das centrais a carvão e a urgência de acelerar a penetração da energia solar, hidrogénio e gases renováveis, é também um momento de grande potencial transformador para a economia portuguesa."

Ricardo Campos, líder do Fórum da Energia e Clima


Primeiro evento envolveu CPLP na dimensão educação e conhecimento ambiental

Na sua primeira edição, que teve lugar no Politécnico de Portalegre com o tema "Educação e Conhecimento", o Energy and Climate Summit, "superou todas as expectativas iniciais" refere Luís Loures, Presidente do Instituto. No âmbito do evento foi realizado um congresso técnico, que envolveu ministros, reitores de universidades e investigadores de países como Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Equatorial e Portugal, e que resultou já em ações concretas. Foram estabelecidos acordos e está em curso a criação de novos programas de investigação e de novas ofertas formativas dentro dos países da CPLP.

Para o responsável do Politécnico, "a realização de eventos como o Energy and Climate Summit e de projetos como o Guardiões faz parte das missões desta instituição, que sempre tem sido pioneira nos domínios da sustentabilidade, das alterações climáticas, da transição energética e da economia circular". Luís Loures considera estas como "iniciativas exemplares do compromisso que temos com a integração transversal destas temáticas nos nossos cursos, na nossa Investigação, e na relação que mantemos não só com as empresas, mas com todos os parceiros, sejam estes do setor público ou privado".

Luís Loures, presidente do Instituto Politécnico de Portalegre


A transição energética é uma oportunidade para desenvolver Portugal

A propósito do evento da próxima semana em Sines, e que coloca no contexto dos Planos de Recuperação e Resiliência e dos objectivos assumidos a nível comunitário no combate às alterações climáticas, Ricardo Campos mostra-se convicto de que "estamos finalmente a aproveitar a posição geoestratégica de Sines e de Portugal, onde com energia renovável e mais barata podemos atrair investimento e criar um novo ecossistema de inovação, de especialização em indústrias da economia verde, de fixação de emprego e de crescimento do PIB do nosso país. Sines pode ser uma nova capital de desenvolvimento do país." o que terá de passar "também por projetos piloto que estimulem a criação de novos serviços e empresas com uma ligação profunda com o sistema de ensino e do conhecimento", refere. Neste contexto de grandes transições, Luís Loures vê "um papel reforçado, ao nível da investigação, da formação, da capacitação, para as instituições de ensino enquanto lugar de conhecimento, de inovação e de democracia, que enfrentam os desafios e assumem as tarefas que as novas gerações e o planeta exigem."

Resta referir que, ao longo do próximo ano, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do  Alentejo, o Instituto Politécnico de Portalegre, e o Fórum da Energia e Clima, irão promover ainda mais três grandes conferências no âmbito do projeto Guardiões. Já em Outubro, em Beja, sobre a gestão da água. Em 2023 será a vez da Mobilidade e da Ferrovia, em Évora (Janeiro), para culminar, novamente em Portalegre, com uma grande conferência sobre Economia Circular, em Abril de 2023.