Mercado de gestão de frotas tem uma palavra a dizer
Algumas empresas estão a mudar a sua política no que diz respeito à entrega de carros aos altos executivos. A GE, conhecida organização norte-americana, foi uma das organizações que adoptaram, em 2017, esta estratégia, acabando com um dos benefícios corporativos mais antigos do mundo. Pensou-se que era o fim desta prática. Mas será que é assim? Talvez não.
O estudo "Car Benefit Policies Around the World", da Mercer, realizado no ano passado, mostra que mais de metade das empresas ainda oferece algum tipo de programa envolvendo viaturas. Ou seja: os programas de frotas estão a mudar, não sendo tão simples como eram. Agora, em todo o mundo, seguem-se as tendências.
Comece-se pelos carros ecológicos. O objectivo de ter veículos "verdes" passa por limitar o impacto ambiental do programa de carros de uma empresa. Mas há diferenças consoante o ponto do planeta onde esteja uma organização. Por exemplo, empresas localizadas na Europa tendem a favorecer a limitação de opções de veículos para aqueles com menores emissões de CO2. No continente americano, Médio Oriente e África tenta-se reduzir as emissões apenas limitando o número de veículos em cada frota, demonstrava, então, o estudo. As empresas estão a tentar fazer a mudança, aproveitando os benefícios fiscais para serem mais responsáveis e agradar às suas comunidades.
Alternativas de transporte
Aproveitando a boleia dos carros ecológicos, as políticas alternativas de transporte começam também, aos poucos, a predominar. Estas soluções demonstram como os benefícios estão a evoluir, passando dos carros para os programas de transporte, nos quais os funcionários das empresas são incentivados a optar por bicicletas ou transportes públicos como seu principal meio de transporte. À medida que os empregos se aproximam dos centros das cidades e os millennials se tornam um componente maior da força de trabalho, as empresas continuarão a encontrar novas maneiras de transferir os seus funcionários para dentro e para fora do escritório.
O estudo aponta também que os programas de carros da empresa podem ser extremamente caros e são mais do que apenas o custo dos veículos; as organizações têm de se preocupar com os custos administrativos e de pessoal da implementação efectiva de uma política de frotas. Muitas empresas em todo o mundo estão a chegar à conclusão de que essas despesas são desnecessárias e muitas adoptaram uma política de subsídio de carro simples. Nesse tipo de programa, os funcionários limitam-se a receber uma remuneração mensal ou anual pelos custos de transporte e a empresa concentra-se noutras questões mais importantes.
Em conclusão, apesar de parecer que os benefícios das frotas estão a começar a desaparecer, estão realmente a passar por uma evolução. Esta transição de uma política geral para todos os funcionários com um determinado nível de carreira para uma solução personalizada para cada mercado e cargo está em progressão em diferentes regiões do mundo, sendo uma coisa certa: as políticas de frotas vão durar enquanto os empregadores precisarem de mover os seus funcionários do ponto A para o ponto B.
Um sector rico
Outro estudo relacionado com a gestão de frotas, mas este da Deloitte, revela que este sector evoluiu para uma indústria multibilionária na Europa nos últimos anos. Mais: o negócio de gestão de frotas continua a crescer e está a ganhar importância estratégica significativa num mundo de mobilidade variável. O trabalho demonstra que saber gerir e a operar frotas de veículos com várias marcas é um negócio altamente lucrativo que está a ganhar importância significativa. Sobretudo ao pensar-se nas duas principais tendências que têm maior probabilidade de influenciar o futuro da indústria automóvel: a tendência a compartilhar em vez de possuir; e a tendência para veículos autónomos.
A relevância do mercado de gestão de frotas aumentará ainda mais no futuro, antevê o estudo. Isto porque a geração mais jovem comprará menos carros, pois a relevância de possuir um carro para status social está em declínio. Depois, a urbanização crescente reduz a atractividade de possuir um carro pelo alto custo e aborrecimento associados a encontrar um espaço de estacionamento sozinho. A crescente mudança da propriedade para o uso, impulsionada pelas várias ofertas de mobilidade e modelos de negócios, especialmente em áreas urbanas, mudará ainda mais as vendas de carros novos para o canal corporativo. As empresas começarão a ver as frotas das suas empresas não só como um custo, mas também como um modelo de receita potencial que alavanca serviços, como o compartilhamento de carros corporativos.
No futuro, com os carros autónomos, como os robot-táxis, ou a crescente procura por parte das pessoas da mobilidade integrada multimodal, a gestão de frotas será uma das principais capacidades para ser bem-sucedido na mobilidade, conclui o estudo.