Meia dose de Gaspar
"A Maria João (Avillez), como eu, também gosta de coisas pequenas". Vítor Gaspar
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Primeiro, foi o anúncio do livro "Vítor Gaspar por Maria João Avillez"; depois, uma grande entrevista de Gaspar ao "Público", agora, o lançamento da obra no CCB. Acho que é demasiado cedo para o reaparecimento de Gaspar. Devia ter esperado até termos algumas saudades, ou seja, lá para meados de Junho de 2870.
Ver Gaspar a discursar no CCB não me causou o efeito que esperava: não tive arrepios na espinha, náuseas ou qualquer outro sintoma de terror ou repulsa. Estou curado. Gaspar já não é o papão. Não fui eu que cresci, foi ele que minguou. O ex-ministro das Finanças é como aquelas histórias de vilões com seis metros de altura e alguns superpoderes que aterrorizam uma cidade mas, no final, as pessoas descobrem que não passava de um gnomo a conduzir um robot gigante.
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Gaspar, o superiormente inteligente, capaz, único, e ser supremo de luz, para a grande maioria não passa de um incompetente que nunca cumpriu uma meta e saiu pela porta pequena. Uma bimby alemã que não conseguia fazer uma canja. Gaspar é o economista não político que atribuiu à chuva os desvios no Orçamento e o grande patriota que nem o nosso fuso horário usava.
Gaspar a discursar, já sem a sua habitual lentidão, reforça a ideia de que ele próprio já não está no papel. Deixou cair a máscara e, no entanto, parece ligeiramente preocupado com o que nós pensamos dele. Porque, Gaspar, discretamente, também regressa com uma narrativa. Se Passos Coelho, segundo as suas palavras, é o "Ídolo Reformador", Gaspar quer ser conhecido como o Negociador - é esta a nova versão que ele quer passar. Mais facilmente ia pelo Gaspar, o Sex Symbol. O Reformador e o Negociador, é assim que Gaspar vê a dupla que fez com Passos, parece Miami Vice.
Diz Gaspar que "é insultuoso pensar que fui o quarto elemento da troika". Sendo assim, não podemos permitir que um bom insulto seja desperdiçado - vou pensar nisso cem vezes. Se soubéssemos que, para Gaspar, um insulto era chamarem-lhe: "És o quarto elemento da troika!", tínhamos poupado tanto em Grândolas e gritos de "gatuno, aldrabão!" Diz ele que a troika estava sentada do outro lado da mesa, mas sabemos todos que, por baixo da mesa, eles estavam a empernar. A mesa só estava lá para isso: para fingir que havia lados.
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O livro Gaspar por Maria Avillez devia ser como aqueles postais de Natal, abria-se e começava a ouvir-se a Grândola. Li por alto, até me expulsarem da FNAC (que eu não contribuo com dinheiro para laca para a Maria João Avillez) e o que lá está é tão triste... Há quem sonhe a cores e a preto e branco, o pensamento de Gaspar tem uma só cor: cinzento algarismo. Nada floresce naquele raciocínio. Até o deserto de Atacama tem rosas, mas, para Gaspar, florescer é incerteza, crescimento é imprevisibilidade e não se pode viver assim, com tanta vida. Para o ex-ministro das Finanças, a felicidade é o coma controlado. Custa acreditar como um indivíduo destes tem coragem de sair à rua, tal é a imprevisibilidade da vida.
É muito fácil chegar à conclusão que Gaspar ou era economista do FMI ou era serial killer. Optou pela primeira, provavelmente porque os serial killers são, muitas vezes, apanhados.
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