João Leite, diretor-geral da KSB em Portugal, está há 36 anos no cargo. Nestas mais de três décadas, viveu momentos complicados e outros gratificantes, mas o resultado é um êxito. Nesta conversa, João Leite faz um balanço deste período.
Quais foram os momentos mais difíceis nos seus 36 anos de gestão?
É sempre difícil fazer essa avaliação de forma isenta, pois os momentos mais recentes estão sempre mais frescos na nossa memória. O ataque informático, em julho e agosto de 2019, e a covid, em 2020 e 2021, parecem-me os mais difíceis. No primeiro caso, estivemos quase dois meses sem sistema informático, o que foi desesperante. No segundo caso, foi mais o susto, interno e externo, profissional e pessoal, do que propriamente as dificuldades, pois conseguimos rapidamente ativar um bom funcionamento 100% remoto e a equipa manteve-se coesa. Em qualquer um desses três anos conseguimos bons resultados financeiros.
E quais foram os momentos mais gratificantes?
Também aqui a “frescura” da memória conta e, como os resultados financeiros se têm mantido sempre em bom nível, o meu “voto” vai para o que conseguimos atingir recentemente ao nível da sustentabilidade ambiental e satisfação de colaboradores: em 2024, atingimos a neutralidade carbónica e ficámos no top 3 da satisfação de colaboradores, dentro do Grupo KSB na Europa. Ainda nos recursos humanos, há cerca de quatro anos atingimos a paridade de género, um difícil resultado na nossa área de atividade, a engenharia mecânica. Outro resultado que muito me orgulha é, desde que este ranking começou a ser feito, em 2021, estarmos no top dos 5% de melhores PME de Portugal, em termos financeiros. Este ranking é elaborado pela Scoring, empresa especializada em análise financeira. Mas a coisa que mais me orgulha é, nos meus 36 anos de trabalho, nunca ter despedido um colaborador por problemas financeiros da empresa.
Afirmou que a KSB tem tido bons resultados. O que significa isso, em termos concretos?
Em termos de satisfação dos colaboradores, na última avaliação feita pelo Grupo KSB, em outubro de 2024, atingimos 88% no nível de empenhamento dos colaboradores, o terceiro melhor resultado da Europa, muito acima da média do Grupo KSB (74%), que já de si é excelente, pois está bem acima da média do setor na Europa (65%). Em termos financeiros, a Scoring tem critérios próprios, relacionados com a rentabilidade, a capacidade de tesouraria e a sustentabilidade financeira, que podem ser consultados no site deles. Em termos de crescimento do volume de encomendas, que é um indicador importante para uma empresa de vendas como a nossa, entre 2021 e 2024 crescemos 19%, de 5,9 milhões de euros para 7 milhões. E entre 2016 e 2024 crescemos 40%, de 5 milhões de euros para 7 milhões. Sempre com lucros, mesmo durante a crise financeira de 2009-2012, a covid e a guerra na Ucrânia. Em termos de sustentabilidade ambiental, a nossa neutralidade carbónica (2024 e 2025) é certificada por uma empresa especializada independente, a Energy Saving Management Consultants, de acordo com a norma ISO 14064. E antes de termos atingido a neutralidade carbónica, mudámos para um fornecedor de energia elétrica – bastante mais caro – que nos garante energia 100% renovável e reduzimos o nosso consumo anual de CO2 em 10 toneladas.
No que toca aos clientes, como se posiciona e avalia a KSB?
A última avaliação da satisfação dos clientes foi feita em dezembro de 2024 e o resultado geral médio foi 76% (Bom), sendo que quatro das oito áreas avaliadas tiveram Muito Bom (Contacto com Vendas, Orçamentação, Logística e Produtos), três tiveram Bom (Assistência Técnica, Venda de Peças e Webshop) e uma teve Mau (Gestão de Reclamações). Temos a perceção de que precisamos de melhorar a gestão das reclamações, um momento da venda fundamental para o cliente. E já tomámos medidas nesse sentido, algumas drásticas. Contamos ter resultados rápidos. Mas os resultados gerais foram muito bons. Ter uma média de 76% é muito positivo. E ter 87% das nossas áreas de atividade com Muito Bom ou Bom também é muito motivante.
Quais são, na sua opinião, as principais razões deste sucesso?
A principal razão é o empenho e a qualidade dos colaboradores. Somos muito cuidadosos no recrutamento, o qual focamos exclusivamente nas competências humanas, e muito exigentes nos comportamentos. Por outro lado, investimos muito na formação comportamental e no espírito de equipa, além de darmos uma enorme autonomia e flexibilidade. Confiamos e ouvimos os colaboradores. E temos estes valores alinhados com a nossa avaliação para prémios. A paridade de género também contribui – muito – para o nosso sucesso, pois as mulheres têm competências especialmente adequadas ao espírito de equipa, como está cientificamente provado. Outra razão fundamental para o nosso sucesso é a elevada autonomia e rapidez de decisão da filial portuguesa, ao contrário da grande maioria dos nossos concorrentes. Isso permite-nos tomar qualquer tipo de decisão de forma rápida e adaptada ao mercado. Exemplos são todo um leque de benefícios para os colaboradores e atividades de desenvolvimento do espírito de equipa, bem como o investimento na assistência técnica própria, a flexibilidade na aceitação de reclamações em garantia, a flexibilidade na data e local de entrega, a flexibilidade nas condições de pagamento, a simplicidade de processos, entre muitos outros. Um último importante fator deste sucesso é a qualidade dos nossos produtos e a credibilidade da nossa marca. A grande maioria dos nossos produtos são fabricados na Alemanha e os restantes são-no em França, dois países muito competentes na fabricação de equipamentos eletromecânicos. Apesar de a KSB não ter fábrica própria em Portugal, o Grupo KSB compra em Portugal – exemplos são a Duritcast e a Arsopi – cerca de quatro milhões de euros de componentes, não havendo nenhum concorrente que se aproxime desse valor. A marca KSB, com os seus mais de 150 anos de experiência e provas dadas, sempre na vanguarda da inovação e da eficiência, é a melhor garantia para os nossos clientes.
