Greves nos portos vão continuar

Duas semanas de greves nos portos portugueses e as paralisações vão continuar. Sindicatos assumem que só darão tréguas quando houver solução em relação ao regime laboral destes trabalhadores, alterado recentemente. Já o Instituto Portuário adverte para as consequências desta greve num sector de "pleno emprego".
Lusa 28 de Setembro de 2012 às 15:25

De acordo com os sindicatos, hoje os portos nacionais estão parados devido à greve simultânea dos estivadores e das administrações portuárias, cuja adesão é de 99%, o que na prática significa que "não entram nem saem navios dos portos do Continente, Madeira e Açores", explicou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Administrações Portuárias, Fernando Oliveira.

O presidente do Instituto Portuário e do Transporte Marítimo (IPTM), João Carvalho, rejeita que o impacto seja tão significativo, mas adverte para as consequências da "irresponsabilidade" dos sindicatos para a economia.

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"Acima de tudo há um impacto económico, especialmente no porto de Lisboa, mas mais do que isso é a imagem que sai deteriorada com isto", afirmou à Lusa João Carvalho, considerando que "duas semanas de greves consecutivas não são normais".

O presidente do IPTM acusa os sindicatos de "alguma irresponsabilidade", já que os trabalhadores do sector têm "pleno emprego" e mantêm as condições salariais.

Fernando Oliveira garante que "as greves só vão parar quando houver uma solução, isto é, quando o Governo se sentar à mesa para negociar".

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"Não há nenhum recuo, antes pelo contrário", reforçou à Lusa Vítor Dias presidente do Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego do centro e sul de Portugal, que hoje decretou greve nos portos de Lisboa, Figueira da Foz, Setúbal, Aveiro e Sines.

Desde 17 de Setembro, a maioria dos portos portugueses está paralisada devido à greve dos pilotos de barra, à paralisação dos estivadores e dos trabalhadores das administrações portuárias, que se foram sucedendo umas às outras, sem interrupções.

Já Fernando Oliveira, do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado, que representa os pilotos dos portos e barras, que fizeram greve no início da semana, reforça que as paralisações serão suspensas quando "alguém da tutela quiser conversar".

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Em vez de levar ao cancelamento das greves previstas, o acordo do Governo com representantes dos trabalhadores da UGT para a revisão do regime jurídico do trabalho portuário "reforçou a união dos sindicatos que compõem a Frente Comum e tornou as pessoas ainda mais convictas na luta pelos direitos ao trabalho".

"Estas coisas têm o condão de potenciar a vontade e a firmeza das pessoas perante as injustiças e este tipo de comportamentos", declarou Vítor Dias, referindo-se ao acordo anunciado pelo Governo, que diz ter sido subscrito por "sindicatos que representam menos de 20% do universo de trabalhadores portuários".

Depois do anúncio do acordo entre o Governo, sindicatos e operadores, o Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego do centro e sul de Portugal decidiu "endurecer ainda mais a luta", tendo emitido um pré-aviso de greve parcial nos portos de Lisboa, Setúbal, Figueira da Foz e Sines entre 29 de Setembro e 22 de Outubro.

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O presidente do IPTM defendeu que a reforma do trabalho portuário, aprovada pelo Governo em Conselho de Ministros, que vem substituir o regime em vigor há mais de 20 anos, é a que vigora em mais de 90% dos portos europeus".

O acordo, celebrado entre o Governo e a União Geral de Trabalhadores (UGT), a Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores Portuários, a Associação dos Operadores Portuários dos portos do Douro, Leixões e Lisboa, e o Grupo Marítimo-portuário Sousa, vai ao encontro do compromisso que o Estado português assumiu no memorando de entendimento com a troika.

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