Guiné-Bissau: Presidente está por trás do "golpe-fantoche", acusam ativistas
O organizador da manifestação que juntou esta quinta-feira em Lisboa perto de 200 guineenses contra o golpe de Estado na Guiné-Bissau considerou que o Presidente, Umaro Sissoco Embalo, está por trás do golpe que impediu a divulgação dos resultados eleitorais.
"A teatralidade precisava deste tipo de situações, não é inédito na história política do continente africano", disse Yussef Gomes, coordenador do movimento coletivo "Firkidja di Pubis", durante a manifestação em frente à sede da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa, quando questionado pela Lusa sobre se Sissoco Embaló está por trás do golpe militar na Guiné-Bissau.
PUB
"Não é uma situação nova, Embaló já tinha aberto a possibilidade de haver um golpe de Estado que iria colocar os militares de forma explícita no poder, porque eles já estavam no poder; a verdadeira força que colocou Embaló no poder e conseguiu sustentar o poder é as Forças Armadas", disse o jovem ativista, concluindo que "a grande diferença é que neste momento as coisas estão claras, porque perante todas as informações que chegam, Embaló está por trás do golpe de Estado".
Sobre a situação em Bissau na sequência do golpe de Estado, Yussef Gomes respondeu que "é de resistência a um golpe de Estado, uma espécie de auto-golpe, um golpe fantoche, que tinha como objetivo fundamental colocar um ponto final no processo eleitoral, que iria hoje divulgar os resultados das eleições presidenciais e legislativas, que demonstravam que Embaló tinha perdido de forma copiosa".
Para este jovem ativista, "era preciso colocar um ponto final e a forma que encontraram foi um falso golpe de Estado, que prendeu o candidato vencedor, Fernando Dias, prendeu o presidente da Assembleia Popular, Domingos Simões Pereira, que é o líder do maior partido da oposição, e vários procuradores-gerais que participaram no processo de forma digna".
PUB
Neste momento, "o que existe na Guiné-Bissau é resistência, o povo tem consciência que Embaló representava o regime, que tem os seus tentáculos, e as Forças Armadas deram um passo em frente no sentido de continuarem a defender os seus interesses, que são contrários à soberania popular e aos interesses económicos do país".
As declarações do ativista foram feitas à margem de uma manifestação que juntou perto de 200 guineenses que, à porta da sede da CPLP, deixaram duras críticas à inação desta organização que junta os países lusófonos, e na qual decorreu esta tarde uma reunião dos embaixadores dos países lusófonos junto da CPLP.
O general Horta Inta-A foi empossado hoje Presidente de transição da Guiné-Bissau, um dia depois de os militares terem tomado o poder no país, antecipando-se à divulgação dos resultados das eleições gerais de 23 de novembro.
PUB
Os militares anunciaram a destituição do Presidente Umaro Sissoco Embaló, suspenderam o processo eleitoral, os órgãos de comunicação social e impuseram um recolher obrigatório.
As eleições, que decorreram sem registo de incidentes, realizaram-se sem a presença do principal partido da oposição, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e do seu candidato, Domingos Simões Pereira, excluídos da disputa e que declararam apoio ao candidato opositor Fernando Dias da Costa.
Simões Pereira foi detido e a tomada de poder pelos militares está a ser denunciada pela oposição como uma manobra para impedir a divulgação dos resultados eleitorais.
PUB
Saber mais sobre...
Saber mais Eleições Política Guiné-Bissau Domingos Simões Pereira Comunidade dos Países de Língua Portuguesa Fernando Dias da Costa Umaro Sissoco Embaló Lisboa Assembleia PopularMais lidas
O Negócios recomenda