Tarifas levam Zona Euro a travar a fundo no segundo trimestre
Depois de ter crescido uns "surpreendentes" 0,6% no primeiro trimestre, a economia da Zona Euro travou a fundo entre abril e junho e ficou muito perto da estagnação, ao crescer apenas 0,1% face aos arranque do ano. O efeito negativo das tarifas norte-americanas fez-se sentir nas principais economias da moeda única.
Segundo a estimativa rápida do Eurostat divulgada nesta quarta-feira, 30 de julho, que considera apenas 12 países da moeda única (mas 96% do PIB), a economia da Zona Euro cresceu 0,1% em cadeia e 1,4% em termos homólogos.
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Embora ainda não estejam completos, os números do gabinete de estatística mostram que a economia da Zona Euro travou a fundo no segundo trimestre, depois de ter crescido 0,6% em cadeia e 1,6% em termos homólogos nos primeiros três meses do ano.
O abrandamento já era esperado. As principais instituições económicas e analistas internacionais justificaram o crescimento "supreendente" do primeiro trimestre com uma antecipação das exportações para evitar o impacto das tarifas de Donald Trump, mas esperavam que esse efeito começasse a desaparecer a partir de abril, depois de a administração norte-americana ter feito os primeiros anúncios de tarifas "recíprocas".
O gabinete de estatística não mostra ainda o comportamento por componentes do PIB, mas os dados divulgados ao longo do trimestre já sinalizavam que a Zona Euro ficaria muito perto da linha vermelha: isso foi visivel nos indicadores de confiança de consumidores e das empresas, preocupados com a incerteza em torno das tarifas comerciais, mas também nos números das vendas e nos serviços.
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No conjunto da União Europeia (UE) a economia também travou no segundo trimestre, ao crescer 0,2% em cadeia e 1,5% em termos homólogos (depois dos 0,5% e dos 1,5% registados no primeiro trimestre).
Entre os Estados-membros do euro para os quais já há dados disponíveis, Espanha obteve a maior taxa de crescimento em cadeia (0,7%), seguida de Portugal, que, ao avançar 0,6%, cresce também acima da Zona Euro.
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Pela negativa, destaque para as contrações registadas na Irlanda (de 1%), Alemanha e Itália (ambas de 0,1%). Os três países são os mais expostos na UE às tarifas aduaneiras de Donald Trump, com fatias significativas das suas vendas ao estrangeiro a irem para o outro lado do Atlântico.
Os analistas vêm as quedas, sobretudo a registada na Alemanha, como uma reversão dos efeitos positivos da antecipação das exportações. A economia alemã, considerada o motor de crescimento da UE, caiu em território negativo depois do crescimento de 0,4% registado no primeiro trimestre, com o investimento das empresas a recuar.
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