Deputados aprovam direito de oposição à transmissão de contratos de trabalho

PS, PCP e BE viabilizaram novas regras em caso de transmissão de empresa ou estabelecimento. PSD e CDS votaram contra.
José Soeiro
Miguel Baltazar/Negócios
Catarina Almeida Pereira 31 de Janeiro de 2018 às 13:25

PS, PCP e BE aprovaram esta quarta-feira, na especialidade, o diploma que altera as regras em caso de transmissão de empresa, de parte da empresa ou de estabelecimento, sublinhando que o projecto "reforça os direitos dos trabalhadores". 

PUB

 

PSD e CDS votaram contra um diploma que nas palavras do deputado António Carlos Monteiro "institui a tutela e o controlo da economia por parte do Ministério do Trabalho".

PUB

 

O novo diploma, que deverá ser aprovado em plenário já na próxima sexta-feira, consagra expressamente o direito de oposição do trabalhador à transmissão do seu contrato, sempre que isso lhe cause "prejuízo sério", permitindo que fique na empresa original (sempre que haja lugar) ou que saia com uma compensação idêntica à que é paga num despedimento colectivo, tal como o Negócios tem vindo a explicar. Este direito de oposição já era reconhecido pela jurisprudência, quando os casos chegavam a tribunal, mas não estava regulamentado.

PUB

 

As alterações ao Código do Trabalho, inspiradas no caso PT/Altice, reforçam os direitos dos trabalhadores e as obrigações das empresas, determinando que o conteúdo do contrato de transmissão seja partilhado com a ACT e os representantes dos trabalhadores, ou reforçando as sanções em caso de incumprimento. Também se permite que os serviços do Estado sejam chamados a participar nas negociações com os trabalhadores.

PUB

 

O CDS manifestou-se contra o reforço do papel da ACT nos termos que constam da proposta.

PUB

 

"É uma matéria sensível que assenta tanto quanto sabemos num processo relacionado com o caso PT/Altice. Legislar em função desse caso concreto tem enormes riscos. O desafio do legislador é não se confundir com o juiz", começou por referir o deputado António Carlos Monteiro, no grupo de trabalho onde a questão foi discutida.

PUB

 

"O que fazem é instituir a tutela e o controlo da economia por parte do Ministério do Trabalho", acrescentou.

PUB

 

José Soeiro, do Bloco de Esquerda respondeu que foi avaliada a possibilidade de o ministério do Trabalho poder travar as operações, mas acrescentou que essa proposta não consta do texto conjunto. "Dizer que corresponde a uma tutela do Ministério do Trabalho é do domínio do absurdo", disse.

PUB

 

"Se esta proposta tivesse o apoio do PSD e do CDS não iria no sentido do reforço dos direitos dos trabalhadores", disse Rita Rato, do PCP, sublinhando que PSD e CDS não apresentaram qualquer proposta de alteração.

PUB

 

Clara Marques Mendes, do PSD, afirmou que em vez "de um passo em frente" se dá "um passo em falso", considerando, tal como o CDS, que o diploma deveria ter sido discutido em concertação social. A deputada sustenta que as novas regras vão aumentar a conflitualidade, em parte devido aos "conceitos indeterminados" que podem justificar a oposição.

PUB

 

PS, PCP e BE avançaram juntos

 

PUB

A discussão entre PS, PCP e BE foi curta porque já estava feita: desta vez os três partidos que sustentam o Governo resolveram apresentar um projecto de lei conjunto, o que não tem sido habitual nos temas relacionados com a legislação laboral. 

 

"Não posso deixar de manifestar a satisfação do PS por se ter conseguido com o Bloco de Esquerda e PCP construir um projecto de lei em conjunto", referiu a deputada do PS Wanda Guimarães, na sua intervenção inicial.

PUB

 

Mesmo assim, o PCP ainda quis levar a votação algumas propostas, alargando a protecção no despedimento. Face aos protestos da direita, acabou por recuar, para permitir que o diploma fosse imediatamente aprovado e que possa ter luz verde em plenário no final desta semana.

Notícia actualizada às 14:36 com mais informação

PUB
Pub
Pub
Pub