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Divisas nos bancos angolanos duplicam numa semana

A injecção de divisas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) na banca comercial aumentou 100% na última semana, para 218,4 milhões de euros, com vendas apenas em moeda europeia, sobretudo para garantir importações da indústria.

Luanda Angola
Luanda Angola Reuters
13 de Junho de 2016 às 10:47

A informação consta do relatório semanal do BNA sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, no período entre 6 e 10 de Junho, e contrasta com os 106,9 milhões de euros da primeira semana do mês.

De acordo com o documento, consultado hoje pela Lusa, das divisas disponibilizadas na última semana, equivalentes a 244 milhões de dólares, o maior montante destinou-se a garantir a "cobertura de necessidades do sector da indústria", com 107,5 milhões de euros.

Foram ainda vendidos 6,6 milhões de euros para garantir necessidades do sector de Energia e Águas, 11,8 milhões de euros para comprar medicamentos ao exterior e 12,3 milhões para as necessidades da Agricultura, além de 80,2 milhões de euros "para a cobertura de operações diversas".

A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, permaneceu inalterada nos 166,710 kwanzas por cada dólar e de 186,264 kwanzas por cada euro.

Contudo, no mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, à falta de divisas aos balcões dos bancos, a nota de um dólar continua a ser transaccionada acima dos 500 kwanzas.

Angola enfrenta uma crise financeira e económica com a forte quebra (50%) das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade.

A conjuntura nacional levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.

A falta de divisas, em função da procura, dificulta, por exemplo, a transferência de salários dos trabalhadores de expatriados, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou a 6 de Abril que Angola solicitou um programa de assistência para os próximos três anos, cujos termos foram debatidos nas reuniões de primavera, em Washington, durante o mês de Abril, e que prosseguem desde 1 de Junho, em Luanda, com conclusão prevista para terça-feira.

O ministro das Finanças de Angola, Armando Manuel, esclareceu, entretanto, que este pedido será para um Programa de Financiamento Ampliado para apoiar a diversificação económica a médio prazo, negando que se trate de um resgate económico.

Dívida colocada semanalmente por Angola sobe quase 30%

A dívida pública colocada semanalmente pelo Banco Nacional de Angola (BNA) aumentou quase 30%, para 63,1 mil milhões de kwanzas (338,3 milhões de euros), com juros dos Bilhetes do Tesouro a um ano ainda acima dos 18%.

Segundo dados compilados hoje pela Lusa com base no relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial do BNA, enquanto operador do Estado, o banco central colocou no mercado primário, entre 30 de maio e 03 de Junho, 40,7 mil milhões de kwanzas (218 milhões de euros) em Bilhetes do Tesouro (BT) e 20,1 mil milhões de kwanzas (107,6 milhões de euros) em Obrigações do Tesouro (OT).

As taxas de juro médias pela emissão de BT oscilaram entre os 14,65% na maturidade a 91 dias e os 18,29% no prazo a 364 dias (18,37% na semana anterior), enquanto as OT fecharam com taxas de juro de até 7,75%, a cinco anos.

No segmento de venda directa de títulos ao público foram ainda colocados pelo BNA mais 2,3 mil milhões de kwanzas (12,3 milhões de euros).

A dívida pública colocada semanalmente por Angola aumentou assim 27,4%, tendo em conta os montantes colocados na primeira semana de Junho, que ascenderam então a 49,5 mil milhões de kwanzas (265 milhões de euros).

O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou a 6 de Abril que Angola solicitou um programa de assistência para os próximos três anos, cujos termos foram debatidos nas reuniões de primavera, em Washington, prosseguindo em Luanda desde 1 de Junho e até terça-feira.

O ministro das Finanças de Angola, Armando Manuel, esclareceu, entretanto, que este pedido será para um Programa de Financiamento Ampliado para apoiar a diversificação económica a médio prazo, negando que se trate de um resgate económico.

Angola vive desde meados de 2014 uma crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra das receitas da exportação de petróleo, recorrendo à emissão de dívida para garantir o funcionamento do Estado e a concretização de vários projectos públicos.

O país deverá gastar mais de 6,2 mil milhões de dólares (5,5 mil milhões de euros) entre 2016 e 2017 com o serviço da dívida pública contraída externamente, mas o petróleo abaixo dos 38 dólares por barril pode obrigar à reestruturação da carteira, admitiu o Governo.

A informação consta de um documento de suporte à estratégia do Governo angolano para ultrapassar a crise financeira provocada pela quebra nas receitas do petróleo, ao qual a Lusa teve acesso e que indica que o 'stock' de dívida pública atingiu em 2015 os 42,9 mil milhões de dólares (38 mil milhões de euros), correspondendo a 48,7% do Produto Interno Bruto (PIB).

O endividamento do Estado angolano tem sido utilizado para colmatar a forte quebra nas receitas com a exportação de petróleo e só em 2015 o serviço da dívida pública angolana ascendeu a 18 mil milhões de dólares (15,9 mil milhões de euros).

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