Câmara dos Representantes dos EUA aprova publicação de documentos sobre Epstein
A votação da câmara baixa sobre um projeto de lei que ordena ao Departamento de Justiça a divulgação de documentos relacionados com Jeffrey Epstein avançou, com 427 votos a favor e um contra.
A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou esta terça-feira com uma maioria esmagadora a lei que obriga as autoridades a publicar os documentos relativos ao caso do bilionário pedófilo Jeffrey Epstein.
A votação da Câmara sobre um projeto de lei que ordena ao Departamento de Justiça a divulgação de documentos relacionados com Epstein avançou, com 427 votos a favor e um contra, sendo o deputado republicano da Louisiana, Clay Higgins, o único voto dissidente.
Agora, a lei terá de receber o 'sinal verde' do Senado. O líder da maioria na câmara alta, o republicano John Thune, afirmou que o Senado tentará aprovar rapidamente o novo projeto de lei sobre o caso Epstein e enviá-lo para apreciação do Presidente norte-americano, Donald Trump.
Thune disse hoje aos jornalistas que o Senado poderia aprovar rapidamente o projeto por unanimidade, uma manobra que exige a concordância de todos os senadores.
O senador republicano afirmou não prever emendas ao texto, observando que “quando um projeto de lei é aprovado por 427 votos contra um, e o Presidente diz que o assinará, não haverá necessidade ou interesse num processo de emendas”.
Em concreto, o projeto exige que o Departamento de Justiça - equivalente ao Ministério da Justiça - divulgue "todos os registos, documentos, comunicações e materiais de investigação não classificados na sua posse que se relacionem com a investigação e acusação de Jeffrey Epstein".
Antes da votação, o Presidente norte-americano voltou a distanciar-se do criminoso sexual.
"Não tenho nada a ver com Jeffrey Epstein. Expulsei-o do meu clube há muitos anos porque achava que ele era um pervertido doente e, bem, eu estava certo", disse Donald Trump a jornalistas na Casa Branca ao receber o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman.
Durante meses, a Casa Branca tentou travar esta votação, mas agora Donald Trump diz que apoia o projeto e reforçou que não tem "nada a esconder".
Trump, que mantinha amizade com Epstein e até então havia instado os republicanos a votarem contra o projeto, mudou de posição no fim de semana, encorajando os membros do seu partido a apoiar a lei e indicando que está disposto a assiná-la, um passo essencial para a implementação da mesma.
Já os democratas no Congresso afirmaram hoje que, se o Presidente norte-americano realmente quisesse divulgar os arquivos do criminoso sexual condenado, já o teria feito, porque "é evidente" que o Departamento de Justiça, que detém o material, está a agir como um "fantoche" de Donald Trump.
A congressista republicana Marjorie Taylor Greene tem sido uma das vozes mais dissidentes dentro do Partido Republicano, especialmente em relação ao caso Epstein.
Taylor Greene, cujo apoio Donald Trump retirou publicamente no fim de semana, juntou-se hoje às vítimas de Epstein no Capitólio norte-americano e mostrou-se disposta a lutar "contra as pessoas mais poderosas do mundo", referindo diretamente Donald Trump.
"Estas mulheres travaram a luta mais horrível, que nenhuma mulher deveria ter que travar. E elas conseguiram isso, unindo-se e nunca desistindo”, afirmou a agora ex-aliada de Trump.
“Foi isso que fizemos, lutando com tanta garra contra as pessoas mais poderosas do mundo, até mesmo o Presidente dos Estados Unidos, para que essa votação acontecesse hoje”, acrescentou Taylor Greene, uma republicana da Geórgia.
Taylor Greene expressou ainda dúvidas em relação ao cumprimento da lei por parte do Departamento de Justiça.
"O verdadeiro teste será: o Departamento de Justiça libertará os documentos? Ou eles permanecerão retidos para mais investigações?", questionou, referindo-se à investigação ordenada por Trump à relação de Jeffrey Epstein com importantes figuras democratas, incluindo Bill Clinton.
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