Mira Amaral: “EDP é obviamente uma empresa do regime, como foi o BES”
"Como foram, numa fase, o BCP, o BES e a CGD, a EDP é, obviamente, uma empresa do regime", acusa Mira Amaral, antigo ministro da Indústria e Energia entre 1987 e 1995, nos governos de Cavaco Silva, em entrevista ao Dinheiro Vivo.
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Questionado sobre se considera que o Estado tem estado capturado pela EDP, Mira Amaral diz que a teoria da captura se aplica às chamadas "empresas do regime", entre as quais integra a eléctrica liderada por António Mexia, "porque existe entre elas e o poder político uma cumplicidade que explica muito do que se tem passado", argumentou o antigo governante.
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O actual "chairman" da capital de risco da Busy Angels acusa Passos Coelho de não ter arriscado muito no ataque às rendas excessivas da EDP, como exigia a troika, fraquejando perante o poder de Mexia. "A gestão de topo da EDP teve a arte e o engenho de acenar este argumento às Finanças: ‘Vocês não cortem as rendas da EDP, que assim vale mais na privatização’. E eu sei o que a casa gasta nas Finanças", ironizou Mira Amaral.
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Apesar de admitir que, "depois, pressionado pela saída de Henrique Gomes [então secretário de Estado da Energia]", fez alguns cortes nas rendas, considera que faltou a Passos a coragem de afrontar o novo dono da empresa.
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"Fazê-los [os cortes] quando os chineses já eram accionistas legítimos da EDP é bem mais difícil do que se tivesse sido antes", nota, frisando que "foi esse o engenho que a gestão de topo da EDP teve sobre o governo".
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As declarações de Mira Amaral ao Dinheiro Vivo surgem numa altura em que há uma investigação do Ministério Público sobre as chamadas rendas excessivas (que tem o nome pomposo de CMEC - Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual) pagas pelo estado à EDP, que levou já à constituição como arguidos de uma série de actuais e antigos gestores da EDP e da REN, entre ao quais António Mexia, presidente da eléctrica controlada pelos chineses da China Three Gorges (CTG).
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