Portugal quer duplicar exportações de calçado técnico para 100 milhões até final da década

Segundo a APICCAPS, até ao final de 2025 serão desenvolvidos 34 produtos inovadores que prometem fazer da indústria portuguesa de calçado "a mais qualificada do mundo".
Lusa 03 de Outubro de 2024 às 12:41

A indústria portuguesa de calçado quer duplicar as exportações de calçado técnico até final da década, para 100 milhões de euros, impulsionada por investimentos como o projeto FAIST, para desenvolvimento de uma nova geração de tecnologia de ponta.

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Num comunicado divulgado esta quinta-feira, a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) destaca que o setor "tem vindo a investir na produção de calçado técnico de alto valor acrescentado", fornecendo já algumas das principais forças de segurança a nível internacional, assim como hospitais, centros de saúde ou companhias aéreas.

Os investimentos atualmente em curso pretendem "reforçar essa realidade", sendo de destacar o "contributo decisivo" do projeto mobilizador FAIST, um investimento na ordem dos 50 milhões de euros enquadrado no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que se propõe desenvolver a "fábrica inteligente do futuro" e irá criar 300 novos postos de trabalho nos próximos meses.

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Liderado pela Carité e sob coordenação do Centro Tecnológico do Calçado de Portugal (CTCP), o consórcio responsável pelo projeto -- que engloba 45 copromotores, incluindo universidades, empresas e instituições do sistema científico e tecnológico -- está a desenvolver novas soluções tecnológicas, abrangendo desde ilhas de automação a linhas integradas e plataforma digitais.

Segundo a APICCAPS, até ao final de 2025 serão desenvolvidos 34 produtos inovadores que prometem fazer da indústria portuguesa de calçado "a mais qualificada do mundo".

"Importa que a reindustrialização e o uso de processos de elevada produtividade permitam às empresas fabricar pequenas, médias e grandes encomendas a preços competitivos, conseguindo entrar nas grandes cadeias de distribuição, nomeadamente nos segmentos mais técnicos, que no passado se abasteciam em mercados mais baratos, como a Ásia", explica a coordenadora do projeto, Florbela Silva, citada no comunicado.

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De acordo com a responsável, no âmbito do FAIST serão criados 300 novos postos de trabalho nos próximos meses, 100 dos quais altamente especializados, nomeadamente quadros superiores.

"Temos o conhecimento, a capacidade instalada e estamos a preparados para alargar a nossa oferta", destaca, por sua vez, o presidente do CTCP, Reinaldo Teixeira. "Temos todas as condições para nos afirmarmos como uma referência no desenvolvimento de calçado técnico", acrescenta.

Também citado no comunicado, o presidente executivo (CEO) da empresa de calçado de segurança AMF lembra que, "nos últimos 20 anos, o segmento de calçado profissional em Portugal evoluiu de forma significativa, acompanhando as mudanças na economia global, nas exigências regulamentares e nas necessidades dos clientes".

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Albano Fernandes afirma que "o advento da digitalização e a globalização dos mercados também permitiram expandir o alcance internacional das empresas portuguesas", que, hoje, "conseguem competir em nichos de alto valor acrescentado, exportando para mercados que antes eram praticamente inacessíveis".

Para o empresário, importa agora que as empresas nacionais continuem "a inovar e a adaptar-se às tendências globais, como a sustentabilidade, a personalização e o uso de tecnologia inteligente nos produtos, para garantir que Portugal mantém a sua competitividade no setor".

Já o líder da empresa congénere ICC, Teófilo Leite, garante que "a produção nacional de calçado profissional está ao nível dos melhores", distinguindo-se Portugal "pela competitividade, grande capacidade de adaptação, disponibilidade para acolher projetos disruptivos e flexibilidade produtiva".

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"Começamos por privilegiar a segurança no trabalho, mas rapidamente se percebeu que se tinha de harmonizar segurança com 'design', tendências de moda, seleção de matérias-primas, capacidade de testar a conformidade dos seus produtos em relação às normas, bem como a saúde do pé, área em que a Lavoro foi pioneira há quase 15 anos", afirma.

O empresário destaca que "a produção de calçado profissional é muito exigente", carecendo todos os modelos de certificação em diversos parâmetros, e um segmento "muito regulado, com normas diferentes de mercado para mercado", pelo que as empresas ficam "sem espaço para improviso".

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