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Governo de Sócrates “fez esforço grande de racionalização do projecto TGV”
Teixeira dos Santos recorda que Governo de Durão Barroso tinha previsto cinco linhas de alta velocidade.
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O ministro das Finanças do Governo de José Sócrates sublinhou esta sexta-feira, na comissão parlamentar de inquérito às parcerias público-privadas (PPP), que o anterior Executivo “fez um esforço muito grande de racionalização e de clarificação de prioridades face ao que considero uma certa megalomania que então reinava com projectos de alta velocidade”.
Teixeira dos Santos lembrou que a resolução de Conselho de Ministros de Julho de 2004, no Governo de Durão Barroso, consagrava a rede de alta velocidade a que o país se comprometeu com Espanha confirmando quatro ligações – Lisboa-Madrid até 2010, Porto-Vigo até 2009, Aveiro-Salamanca até 2015 e Faro-Huelva até 2018 – e acrescentava Lisboa-Porto.
“O governo de que fiz parte reduziu estas prioridades para três”, recordou, lembrando que em virtude da crise suspendeu Lisboa-Porto e Porto-Vigo e restringiu a opções a Lisboa-Madrid. Aí “ficamos circunscritos a Poceirão-Caia porque ligação de Portugal às redes transeuropeias é algo de crucial e decisivo para a competitividade”.
Para Teixeira dos Santos, este projecto “dificilmente podia ser abandonado”. Isto pela importância para a economia nacional da ligação às redes transeuropeias, do carácter prioridade reconhecido pela União Europeia a este projecto, da afectação de fundos comunitários e ao financiamento do BEI ao projecto, destacou
Dos 1.469 milhões de euros que este projecto iria custar, 662 milhões provinham de fundos comunitários e 600 milhões estavam assegurados de financiamento do BEI para este projecto, destacou.
“Uma coisa é querer olhar para esta situação em 2010 ou quando este processo foi iniciado, em meados de 2008”, afirmou Teixeira dos Santos, recordando que “o problema na altura era estimular a economia, não havia problema de financiamento soberano”.
“O andamento deste projecto estava em linha com o que eram as preocupações europeias de resposta à crise”, fisou o ex-ministro, acrescentando que “era um projecto relevante do ponto de vista de resposta anti-crise no quadro de 2008 e 2009”.
Teixeira dos Santos referiu ainda a inflexão que foi feita pelo Governo de José Sócrates provocada pela crise iniciada em 2007. “Tivemos a partir de 2010, quando começou a ser evidente a reacção dos mercados financeiros, que tomar opções”, afirmou, lembrando que o Executivo decidiu então parar o lançamento de novas PPP e adiar decisão relativamente à alta velocidade Lisboa-Porto e Porto-Vigo.
Uma decisão que, garantiu, se “deveu à intervenção e influência do ministro das Finanças”.