Gigantes tecnológicos põem em perigo o pluralismo e a diversidade, diz ERC
Helena Sousa lembrou também o "volume crescente de conteúdos gerados por inteligência artificial (IA)", que estão "a tomar conta da 'internet'", aumentando a "incerteza sobre o que é real".
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A presidente da Entidade Reguladora da Comunicação (ERC), Helena Sousa, afirmou esta terça-feira que os "gigantes tecnológicos" fazem a filtragem dos "conteúdos de forma opaca, pondo em perigo o pluralismo e a diversidade".
Helena Sousa, que falava em Lisboa na conferência organizada pela ERC "A Comunicação Social e o Futuro Digtial", disse que as empresas tecnológicas têm um "grande poder em matéria de proeminência de conteúdos, com sistemas algorítmicos que geram dependência e filtram os conteúdos de forma opaca, pondo em perigo o pluralismo e a diversidade".
"Estes mecanismos de seleção e direcionamento de conteúdos são mais eficazes a captar audiências e, consequentemente, publicidade", acrescentou.
A presidente da ERC ressalvou que "as pessoas acedem cada vez mais a notícias por outras vias que não os próprios órgãos de comunicação social", utilizando "motores de busca, redes sociais, 'e-mail', notificações móveis, agregadores e outros", o que coloca a "liberdade em territórios de opacidade, aos quais seria urgente, como já fazem outros países, dedicar enorme atenção".
Helena Sousa lembrou também o "volume crescente de conteúdos gerados por inteligência artificial (IA)", que estão "a tomar conta da 'internet'", aumentando a "incerteza sobre o que é real".
Na mesma linha, a responsável afirmou que estes conteúdos distorcem a realidade e "alimentam sentimentos de medo e de insegurança perante o futuro".
"A desinformação é um fenómeno com efeitos transversais em todos os domínios da vida social", acrescentou.
Helena Sousa ressalvou que o novo quadro regulatório europeu advêm do reconhecimento de "riscos sistémicos" que são necessários combater "pelo impacto que têm sobre os direitos fundamentais, dignidade humana, liberdade de expressão, liberdade e pluralismo dos 'media', reserva da vida privada, não discriminação, proteção dos consumidores, sobre processos democráticos e, em especial, a integridade dos processos eleitorais".
A presidente da ERC afirmou também que, "em 20 anos, o panorama mediático alterou-se profundamente, nas suas dimensões tecnológica e sociocultural", sendo que hoje existem "novos desafios que exigem, de facto, um novo olhar".
"Do ponto de vista económico, a tendência de recessão do setor intensificou-se", acrescentou, informando que "em 2008, havia em Portugal perto de 3.100 títulos de imprensa registados na ERC", número que no final de 2024 "tinha caído para quase metade, 1.675".
Noutra linha, a ERC anunciou uma vaga de estágios que visa a "capacitação interna e de formação de novas gerações".
"Estamos inclusivamente a preparar um programa remunerado de estágios que promova novas partilhas e aprendizagens e o melhor recrutamento de novo talento", disse a presidente do regulador.
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