Emissões de gases de efeito de estufa caem 4,4% em 2024 com setor energia

Renováveis em recorde e menor consumo de energia contribuem para a redução das emissões em 2024, segundo o INE. Impostos ambientais sobem com aumento do ISP.
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Patrícia Vicente Rua 19 de Dezembro de 2025 às 12:09

As emissões de gases de efeito de estufa (GEE) em Portugal recuaram 4,4% em 2024, excluindo o uso do solo e florestas (LULUCF), refletindo sobretudo a redução das emissões do setor da energia, que registou uma queda de 6,5%, segundo as Estatísticas do Ambiente 2024, divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

A evolução reflete um conjunto de fatores, com destaque para a redução das emissões do setor da energia, num contexto de reforço do peso das renováveis na produção elétrica e da diminuição do consumo energético. Em 2024, a eletricidade gerada a partir de fontes renováveis atingiu um novo máximo histórico de 86,2% do total, face a 75,8% em 2023, impulsionada sobretudo pelo crescimento da capacidade fotovoltaica instalada, que aumentou 45,6%, para 5.677 megawatts.

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Em paralelo, o consumo de energia primária recuou 1,5% e o consumo final diminuiu 0,7%, interrompendo a trajetória de crescimento observada desde 2020. Estes fatores contribuíram para a redução da dependência energética nacional, que desceu para 64,3%, face aos 66,7% registados no ano anterior.

O desempenho ambiental ocorre num contexto climatológico exigente. O ano de 2024 foi classificado como muito quente e seco em Portugal continental, com uma temperatura média do ar de 16,5 ºC, cerca de 0,9 ºC acima da normal climatológica de 1981-2010, e uma precipitação total anual equivalente a 95% da média histórica. Apesar disso, a qualidade do ar manteve-se globalmente favorável, com 31,5% dos dias classificados como “muito bons” e 46% como “bons”.

No domínio dos resíduos, os dados do INE mostram um agravamento da pressão ambiental. Em 2024 foram recolhidas 5,52 milhões de toneladas de resíduos urbanos, mais 182,8 mil toneladas do que em 2023, aumento associado ao crescimento da população residente e à maior atividade turística. O indicador de preparação de resíduos para reutilização e reciclagem subiu para 37%, invertendo dois anos de queda, mas permanece ainda 18 pontos percentuais abaixo da meta de 55% definida para 2025.

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No plano fiscal, os impostos com relevância ambiental tiveram um aumento homólogo de 8,7% para 5,9 mil milhões de euros em 2024, impulsionados pelo Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP), que respondeu por 77% do acréscimo total, espelhando o descongelamento da taxa de carbono e a reversão de reduções temporárias aplicadas em anos anteriores.

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