A startup portuguesa Connected foi adquirida pela Open Cosmos, empresa de tecnologia de satélites que está em Portugal desde o fim do ano passado. A Connected estava a encerrar uma ronda de financiamento, tal como o Negócios já tinha revelado em março, quando foi abordada para a venda. 

"A oferta da Open Cosmos era demasiado alinhada - em termos de missão, cultura e ambição - para ser ignorada. Foi um claro reconhecimento da nossa tecnologia e do progresso real que alcançámos com recursos limitados, apenas possível com a dedicação incansável de toda a a nossa equipa", aponta Tiago Rebelo, agora ex-CEO da Connect e o novo Chief Revenue Officer da Open Cosmos. 

A Open Cosmos está a ser apontada como uma das empresas do setor espacial de crescimento mais rápido a nível europeu, sendo responsável pelo desenvolvimento, construção e operação de missões completas de satélites. Três satélites serão construídos nas instalações da organização em Coimbra, contando com um investimento inicial de sete milhões de euros. 

A aquisição da Connected por parte da empresa espanhola marca também um dos "exits" [venda e retorno financeiro aos acionistas] mais rápidos da tecnologia espacial europeia, uma vez que a startup portuguesa foi fundada em 2023. Embora o valor da operação não tenha sido divulgado, a venda da Connected permite que Portugal se afirme como líder em inovação e produção para a economia espacial.

A tecnologia startup nacional permite reduzir o custo e a complexidade das comunicações espaciais, permitindo vários tipos de aplicações, nomeadamente a monitorização de infraestruturas e vigilância do oceano. 

A atração da Connected, de acordo com o fundador e CEO da Open Cosmos, Rafel Jordà, é simples. "Construiu em dois anos o que outras empresas tardam cinco a fazer. É uma das startups espaciais mais competentes da Europa", explica, em comunicado. 

Para este responsável, o sistema de comunicações embarcado em satélites de terceiros encaixa-se perfeitamente na nossa visão para a OpenConstellation, acelerando a nossa capacidade de fornecer infraestrutura espacial escalável, multifuncional e flexível". Tiago Rebelo já tinha explicado que pretendiam levar 16 ativos para o espaço no próximo ano e 80 até 2029, aproveitando boleia para reduzir os custos, embora a troco "de uma percentagem da nossa capacidade". 

O acordo traçado entre as duas empresas dita que a Connected é agora uma unidade de negócio dentro da Open Cosmos dedicada à conectividade de "Internet of Things". Os 22 elementos da startup portuguesa vão juntar-se à equipa de 18 membros da Open Cosmos Atlantic, cuja sede está em Coimbra. 

A empresa emprega atualmente 200 trabalhadores onde tem operação (Espanha, Grécia, Reino Unido e Portugal), apresentando lucros há quatro anos consecutivos e com um ritmo de crescimento. Só em financiamento, a empresa espanhola conseguiu levantar mais de 50 milhões de euros e tem uma taxa de sucesso de 100% nas suas missões em órbita. 

A companhia fundada por Rafel Jordà investimento mais de 15 milhões de euros em território nacional, valor que deve ultrapassar os 50 milhões nos próximos três anos. Esta aquisição vem ainda reforçar o compromisso que a Open Cosmos tem com Portugal e expande a capacidade de fornecer serviços espaciais para a Europa. 

"Isto é apenas o início. Juntos, construiremos um futuro em que a Europa lidera não apenas em tecnologia, mas também em capacidade industrial, fornecendo serviços espaciais que resolvam problemas globais, conectam pessoas e ativos, proteger sistemas críticos e reforçam a independência regional", acrescenta Tiago Rebelo