Investir na bolsa: Compra! Não, vende! Vende! Não, compra!
Uma aposta que tem a resposta na ponta da língua se lhe perguntarem quanto recebeu no último ano pelas ações que vendeu. Mas se o questionarem sobre quanto pagou pelos custos de corretagem, sabe? A importância de escolher uma corretora competitiva não é desprezível. A longo prazo pode significar um incremento considerável à rentabilidade do seu investimento. Por exemplo, um investidor que negoceia com frequência e faça cerca de 60 operações por ano, em vários mercados, pode poupar anualmente quase 1000 euros em relação ao preçário mais caro que encontrámos, o que equivale a um ganho de 14% do valor
da carteira.
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Este é o motivo pelo qual decidimos comparar os preçários de 20 bancos e corretoras, em janeiro. O nosso estudo está centrado na negociação online, através de site ou app, pois a diferença de custos para os canais tradicionais (telefone ou balcão) é muito grande. Além de terem encargos muito inferiores, as corretoras online têm o benefício de darem acesso a informação pertinente para qualquer investidor (análise gráfica, cotações em tempo real, etc.).
Para ter noção dos custos, criámos um cenário para um pequeno investidor, que investe exclusivamente no mercado nacional - ainda que não o recomendemos por não permitir uma grande diversificação, muitos portugueses acabam por cair neste padrão -, e um segundo cenário para um investidor agressivo, com uma carteira de dezenas de milhares de euros, que transaciona várias vezes por mês. Os valores que apresentamos incluem os custos das ordens de compra e venda, custódia (guarda) de títulos e comissões sobre o pagamento de dividendos. Acrescem também os impostos aplicáveis às diferentes comissões (IVA e imposto de selo), bem como outros custos discriminados nos preçários (comissões de processamento, taxas em bolsas estrangeiras, etc.). Não incluímos, porém, os custos de manutenção da conta à ordem. Em regra, os custos de transação de ações aplicam-se também aos ETF (fundos cotados em bolsa).
Como vem sendo habitual, duas corretoras e dois bancos online ocupam o pódio dos preçários mais competitivos. DeGiro, Orey, Banco Carregosa (com a marca GoBulling) e Banco Invest são os intermediários mais baratos e escolhas incontornáveis para quem pretende reduzir os seus encargos de transação. O CaixaBI surge também como alternativa para a bolsa nacional.
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A corretora holandesa Degiro, com o seu modelo low-cost, tem um preçário extremamente competitivo, que permite negociar a partir de valores mínimos que seriam economicamente pouco viáveis noutras corretoras. Uma opção muito atraente, sobretudo para quem tem um grande volume de transações e/ou negoceia bastante nas bolsas dos EUA. Os clientes da DeGiro não beneficiam, porém, dos mesmos direitos e salvaguardas que os das restantes corretoras nacionais. O facto de não estar sediada em Portugal obriga os investidores a recorrer às instâncias de resolução de litígios da Holanda. Isso significa também que o sistema de proteção e de indemnização é diferente (20 000 euros em vez dos 25 000 pagos em Portugal). Por último, a liquidez (dinheiro não investido) dos clientes é aplicada num fundo de investimento do mercado monetário em vez de estar em depósitos a prazo. Embora o risco seja baixo, a verdade é que, desta forma, não há uma garantia formal do capital.
De referir que o preçário que incluímos na nossa simulação é o Custody. A DeGiro oferece outros, com custos mais baixos, mas em que os ativos dos clientes são emprestados para vendas a descoberto de outros investidores. Esta prática pressupõe um risco significativo, que não se põe no caso dos intermediários nacionais que analisámos. Recomendamos, por isso, que evite este tipo de preçário.
Entre as corretoras nacionais, a GoBulling, do Banco Carregosa, é a Escolha Acertada, sendo a melhor opção nos cenários que traçámos, em particular através do protocolo que negociámos para os subscritores da DECO. Lembramos que o preçário Web da GoBulling tem custos muito reduzidos no mercado português, mas foca-se exclusivamente nas bolsas da Euronext (Lisboa, Paris, Bruxelas, Amesterdão). O preçário Pro tem acesso a um número incomparavelmente superior de mercados e instrumentos.
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1. De quanto dinheiro preciso para começar a investir na bolsa?
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Para constituir uma carteira de ações, recomendamos, no mínimo, 10 mil euros, que lhe permitem investir, por exemplo, em 10 títulos diferentes. Abaixo desse valor, os custos de transação têm demasiado peso. É preferível investir em fundos de investimento.
2. O meu dinheiro está seguro? Que garantias tenho?
Depende. Se o capital estiver depositado num banco, o dinheiro que tem na conta à ordem está protegido pelo Fundo de Garantia de Depósitos, até 100 000 euros por cliente e por instituição financeira. No caso das corretoras, que usam bancos custodiantes, a proteção resulta do Sistema de Indemnização aos Investidores, que cobre até 25 000 euros em ativos financeiros (incluindo dinheiro depositado junto da corretora), caso o intermediário não possa restituir os valores.
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3. Que outros fatores, além do preço, devo ponderar antes de escolher uma corretora?
Se quer investir apenas em ações e negoceia intensivamente, mais que no cenário do nosso investidor agressivo, o dado mais relevante é o custo das ordens de compra e venda (veja o quadro com o preço das ordens). Simule primeiro para ver que recursos tem a plataforma, sobretudo se gosta de fazer análise técnica. Se quer diversificar e investir noutros ativos financeiros, verifique a oferta do intermediário (se tem fundos de investimento, PPR, boas taxas de depósito, etc.)
A corretora Orey e o Banco Invest também têm preçários competitivos e outros pontos de interesse. A Orey não cobra comissão pela transferência de títulos, limitando-se a repercutir eventuais custos cobrados por terceiros. O Banco Invest, que também firmou uma nova parceria com a PROTESTE INVESTE (Invest América), é o intermediário nacional mais barato para o mercado americano. Nota final para evitar mal entendidos: o CaixaBI é um banco de investimento com um preçário distinto do da Caixa Geral de Depósitos.
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Como mudar e poupar
Como pode ver na infografia, o custo de transferir uma carteira de ações, de maior valor ou mais diversificada, pode chegar às muitas centenas de euros. Para não ter de suportar este encargo cobrado pela corretora onde tem a custódia dos títulos, equacione desligar-se desta aos poucos. Considerando que o custo de comprar e vender ações é muito mais reduzido do que a sua transferência, talvez seja preferível arranjar um intermediário mais em conta para os novos investimentos, e vender gradualmente a carteira que já tem na outra corretora. Claro que a melhor solução depende de cada caso. Quanto mais elevados forem os custos de custódia de títulos, mais compensará transferir a carteira. Como alguns intermediários têm custos distintos consoante o mercado, pode ser preferível vender os títulos e voltar a adquiri-los no novo. É uma questão de fazer as contas (veja o exemplo embaixo). Lembramos que, ao contrário da venda, a transferência de títulos não tem consequências fiscais.
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