Política de dividendos leva acções dos CTT a cair mais de 4%
Os CTT anunciaram que vão abandonar o compromisso de entregar 90% dos resultados aos accionistas e a reacção no mercado não se fez esperar. Apesar de a empresa de correios até ter aumentado o valor do dividendo, as acções caíram mais de 4%, com os investidores a manifestarem o seu descontentamento em relação à mudança na política de distribuição de dividendos, dizem os analistas.
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As acções da companhia liderada por Francisco Lacerda fecharam a cair 4,24%, para 9,25 euros, mas chegaram a cair cerca de 6% durante a manhã, depois de a empresa de correios ter reportado esta quarta-feira resultados que ficaram em linha com as estimativas dos analistas.
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Mas, não são os resultados em si que estão a fazer mexer os títulos. "Esta desvalorização deve-se à alteração da política generosa de dividendos, cuja distribuição da quase totalidade dos lucros atraiu o interesse dos investidores num contexto de juros baixíssimos", explicou Steven Santos.
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Também Pedro Lino justifica o mau comportamento dos títulos com a mudança na política de distribuição accionista. "Este desempenho negativo tem a ver primariamente com o corte na remuneração prevista para os próximos exercícios, e a baixa dos dividendos a partir de 2016", realça o administrador da Dif Broker.
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CTT baixam "payout"
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Os CTT anunciaram que vão pagar um dividendo de 46,5 cêntimos por acção, com base nos resultados obtidos no ano passado. Um aumento de 16,3% face ao anterior, explicado por um ganho não recorrente registado em 2014.
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No entanto, Francisco Lacerda explicou que a companhia vai abandonar o compromisso que tinha com o mercado de entregar aos accionistas 90% dos resultados gerados pela cotada, ainda que mantenha um "objectivo de crescimento estável e sustentado" dos dividendos.
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Na prática, a empresa está a reconhecer que poderá não entregar uma percentagem tão elevada dos lucros aos investidores, o que não significa que o valor do dividendo não seja maior, dependendo dos resultados obtidos pela companhia.
"No último ano e meio, os CTT ocuparam o lugar deixado vazio por antigos pesos-pesados dos dividendos, como a Portugal Telecom e a banca, e o mercado ajustou hoje o preço da acção a esta nova realidade, em que os CTT querem aumentar estavelmente os dividendos mas sem o compromisso de distribuir 90% dos lucros", acrescenta o gestor da XTB Portugal.
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Potencial limitado
Apesar da queda registada na sessão de hoje, os CTT acumulam uma valorização de 15,38% desde o início do ano e têm vindo a renovar máximos históricos ao longo dos últimos meses, um desempenho que esvaziou grande parte do potencial de subida das acções face aos preços-alvo.
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"Os CTT tiveram uma subida muito agressiva nos últimos meses", destaca Rui Bárbara. Para o gestor de activos do Banco Carregosa, "os resultados foram bons, mas foram ao encontro da expectativa do mercado. Era preciso uma grande surpresa para a acção subir mais". "Como as expectativas eram elevadas, até é natural uma pequena correcção", conclui.
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Pedro Lino considera que "o forte desempenho das cotações nos últimos meses, fez com que a cotação atingisse muitos dos preços-alvo, pelo que a acção estará menos atractiva". Assim, "são necessários novos catalisadores, como a actualização do plano de negócios relativo ao naco Postal, para que a cotação possa ultrapassar os 10 euros", defende o mesmo responsável.
Apesar da alteração à política de remuneração accionista, "que tem sido um dos trunfos dos CTT desde a estreia em bolsa", para Steven Santos, "o mercado continua a reconhecer valor intrínseco às actividades da empresa e aos seus projectos de investimento, mas teve de ajustar o preço à menor distribuição de dividendos".
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"Um dos mais elevados ‘dividend yields’ na bolsa portuguesa e a estratégia de crescimento de médio prazo apoiada no lançamento do Banco Postal permanecem suportes à cotação do título", defende o analista da Fincor Albino Oliveira.
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(Notícia actualizada às 17h00 com o valor de fecho da cotação)
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