Receios sobre IA levam Wall Street novamente ao vermelho antes de contas da Nvidia
Os receios sobre a excessiva valorização das cotadas ligadas à IA, juntamente com as fracas perspetivas de um corte de juros da Fed em dezembro, voltaram a penalizar os principais índices, antes dos resultados da gigante dos chips.
Os receios sobre as grandes empresas tecnológicas continuam a pesar sobre as principais bolsas dos EUA, que registaram a maior sequência de perdas desde agosto, perante os contínuos alertas sobre a potencial sobrevalorização das cotadas ligadas à inteligência artificial.
O S&P 500 afastou-se dos mínimos da sessão, mas ainda assim terminou com perdas de 0,68% nos 6.262,90 pontos. O industrial Dow Jones recuou 1,07% para 46.091,74 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq foi o mais penalizado, descendo 1,21% para 22.432,85 pontos.
O foco dos investidores está na fabricante de chips Nvidia, que desceu 2,80% antes de apresentar resultados na quarta-feira. A empresa terá de convencer os investidores de que os elevados investimentos nos equipamentos para IA vai compensar no futuro.
Além dos lucros e receitas, que têm superado as expectativas nas últimas apresentações de contas, o mercado vai olhar com especial atenção para o “guidance” – procurando antecipar o crescimento do setor e avaliar o nível dos investimentos previstos.
As previsões da gigante dos chips poderão servir para atenuar ou agravar a noção que se está a instalar nos mercados de que a IA ainda não está a gerar retornos suficientes para justificar os investimentos massivos.
As apostas pesadas no setor da IA estão perto de uma reavaliação, refere Daniel Pinto, vice-presidente do JPMorgan Chase & Co, à Bloomberg. “Há provavelmente uma correção”, alerta. “Essa correção vai também criar uma correção no resto do segmento, no S&P e na indústria”, acrescenta.
Contudo, a IA não é a única preocupação dos investidores. O esperado corte das taxas de juro pela Reserva Federal (Fed) em dezembro não deverá surgir, tendo em conta a ausência prolongada de dados sobre a economia norte-americana durante o “shutdown”.
A falta de indicadores para a Fed definir a política monetária será atenuada na quinta-feira, com a divulgação do importante relatório do emprego. Contudo, os dados referem-se ainda a setembro, tendo os responsáveis do banco central que avaliar outras leituras do setor privado, que apontam para um enfraquecimento do mercado laboral.
Com a exposição às ações ainda nos níveis mais elevados desde fevereiro, de acordo com uma sondagem do Bank of América, o estratega Michael Hartnett refere que o mercado vai “corrigir mais” sem um corte de taxas no próximo mês.
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