Europa bate palmas a acordo com EUA. Stoxx 600 supera Wall Street por 8,8% este ano

Acompanhe aqui, minuto a minuto, o desempenho dos mercados desta terça-feira.
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Richard Drew/AP
Ricardo Jesus Silva e Bárbara Cardoso 27 de Maio de 2025 às 17:54
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Ásia divide-se entre ganhos e perdas com um olho em Trump e outro no Japão

As principais praças asiáticas encerraram a segunda sessão da semana divididas entre ganhos e perdas, numa altura em que os investidores avaliam o futuro e o impacto da política comercial inconstante dos EUA. Apesar de estarem cada vez mais acostumados com as estratégias de negociação de Trump, os mercados continuam com um sentimento de negociação frágil e à procura de novos catalisadores.

"Embora o adiamento das tarifas da União Europeia tenha dado um impulso a curto prazo aos mercados, as preocupações com as relações comerciais e os próximos indicadores económicos continuam a pesar sobre o sentimento dos investidores", explica Aaron Chwee, analista da OCBC, à Reuters. 

Num contexto de incerteza, os japoneses Topix e Nikkei 225 encerraram em alta, com ganhos de 0,64% e 0,49%, respetivamente, apesar de terem negociado grande parte da sessão no vermelho. O impulso de última hora foi dado pelo governo nipónico, que estará a considerar diminuir o número de vezes que vai ao mercado e emite dívida a longo prazo

Com as contas públicas cada vez mais degradadas e os investidores a venderem obrigações japonesas sem travões nos últimos tempos, o ministro das Finanças do país tem a difícil tarefa de estabilizar o mercado da dívida - principalmente depois de uma emissão a 20 anos na semana passada ter registado a procura mais fraca em mais de uma década. 

Pela China, o CSI 300 caiu 0,41%, enquanto o Shanghai Composite encerrou com perdas de 0,09%. Por sua vez, o Hang Seng, de Hong Kong, ganhou 0,44% numa sessão bastante volátil, após se ter conhecido a evolução do indicador que mede os lucros da indústria chinesa, que avançou 1,4% em abril. 

Nas restantes principais praças asiáticas, o sul-coreano Kospi deslizou 0,49%, afastando-se dos máximos de três meses atingidos na segunda-feira. Já o australiano S&P/ASX 200 valorizou 0,33%. 

Pela Europa, a negociação de futuros aponta para uma abertura em ligeira alta, com o Euro Stoxx 50 a avançar 0,05% no "pre-market". 

Petróleo em alta ligeira à espera da reunião da OPEP+

O barril de petróleo está a negociar em ligeira alta esta terça-feira, numa altura em que o mercado continua a avaliar a política comercial de Donald Trump e aguarda a reunião dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+), que devem decidir um aumento na produção de crude já em julho. 

O West Texas Intermediate (WTI) - de referência para os EUA – valoriza a esta hora 0,21% para os 61,66 dólares por barril. Já o Brent – de referência para o continente europeu – avança 0,31% para os 64,94 dólares por barril. 

No entanto, esta recuperação ligeira nos preços do petróleo deve ser temporária. "A tendência a longo prazo de desvalorização do crude continua intacta", explica Zhou Mi, analista da Chaos Ternary Futures, à Bloomberg. "Do lado da oferta, a OPEP+ movimenta-se para abrir mais as torneiras, enquanto do lado da procura, as tarifas ameaçam a economia global". 

Na frente geopolítica, as negociações entre Irão e EUA continuam a arrastar-se. Esta segunda-feira, o Presidente iraniano Masoud Pezeshkian afirmou que o país conseguirá sobreviver mesmo sem um acordo entre as duas potências, que está a ser atrasado devido às pretensões nucleares de Teerão. 

Se as negociações falharem, o crude iraniano vai continuar a sofrer sanções norte-americanas - o que vai limitar a oferta no mercado e, por conseguinte, dar força aos preços.

Desde meados de janeiro, quando Donald Trump assumiu as rédeas dos EUA, o petróleo tem tido dificuldade em ganhar terreno. Os preços chegaram a cair abaixo dos 60 dólares por barril, com a guerra comercial a levantar preocupações com a procura pela matéria-prima, numa altura em que o mercado já tem demasiada oferta e não a consegue escoar. 

Sem novos catalisadores, ouro continua em queda e cede mais de 1%

A onça de ouro está a cair mais de 1% esta manhã, num dia marcado pela recuperação do dólar e numa altura em que o recuo das tensões comerciais entre EUA e parceiros, nomeadamente a União Europeia, retiram algum do prémio de risco sobre o metal precioso. 

A esta hora, o ouro desvaloriza 1,09% para 3.307,52 dólares por onça, depois de ter chegado a ultrapassar pela primeira vez na história os 3.500 dólares no mês passado. "Neste ponto, estamos a ver alguma consolidação nos preços do ouro. O mercado está a respirar e à procura de um novo catalisador", explica Kelvin Wong, analista de mercados da Oanda, à Reuters. 

Enquanto espera um novo impulso, o metal amarelo está a conseguir diminuir as perdas devido ao clima de incerteza económica e orçamental que se vive nos EUA. O défice norte-americano parece cada vez mais difícil de conter e o megapacote de isenções fiscais aprovado na semana passada pela Câmara dos Representantes só vem dificultar a tarefa, com agências não-governamentais a estimarem que terá um impacto negativo de 3 biliões de dólares nas contas públicas.

Esta semana, o foco dos investidores vira-se para uma série de intervenções de membros da Reserva Federal (Fed), à procura de pista sobre o futuro da política monetária do país. No radar está ainda a evolução do índice dos preços no consumidor relativa a maio, revelada na sexta-feira, que vai permitir perceber se a inflação continua numa trajetória descendente. 

Dólar recupera terreno após ter tocado mínimos de dois anos

O dólar está a recuperar algum do terreno perdido nas últimas sessões, depois de na segunda-feira ter atingido mínimos de dois anos face a um conjunto dos seus principais rivais. A divisa norte-americana tem estado a ser pressionada pelas políticas erráticas de Donald Trump e pelas preocupações em torno da sustentabilidade das contas públicas dos EUA. 

A esta hora, o euro recua 0,40% para 1,1342 dólares, após ter tocado nos 1,14 dólares e ter negociado em máximos de quase um mês na sessão anterior. Num ciclo de desvalorização da "nota verde", a Presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, acredita que a moeda única pode tornar-se numa alternativa viável ao dólar - a moeda de reserva mundial -, isto se os governos europeus conseguirem fortalecer a arquitetura financeira e a segurança do bloco. 

Já face à divisa nipónica, o dólar avança 0,60% para 143,70 ienes, apesar dos comentários do governador do banco central do Japão, que voltou a apontar para uma subida nas taxas de juro para o final do ano. Kazuo Ueda afirmou que a autoridade monetária deve continuar atenta à evolução dos preços no país para definir o seu nível de atuação. 

Apesar da recuperação desta terça-feira, o dólar continua bastante pressionado este ano. Depois de um ciclo virtuoso, que fez soar os alarmes da paridade face ao euro, a "nota verde" tem perdido terreno com os investidores a afastarem-se de ativos norte-americanos e a concentrarem-se noutros mercados. 

Juros da Zona Euro registam grandes alívios com Japão a tentar estabilizar mercado

Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro estão a registar grandes alívios esta manhã, imitando as movimentações dos seus pares asiáticos, numa altura em que o Japão procura estabilizar o seu mercado obrigacionista. De acordo com o que as agências de notícias Bloomberg e Reuters noticiaram esta terça-feira, o ministro das Finanças do país já se encontra a falar com uma série de investidores institucionais para saber quais os próximos passos a adotar, depois de uma emissão de dívida a 20 anos na semana passada ter visto a pior procura na última década. 

A "yield" das obrigações nipónicas a longo prazo caíram mais de 20 pontos base com o anúncio e a tendência alastrou-se para o resto do globo. Apesar de os juros das dívidas com a maior maturidade estarem a ser os mais afetados, o efeito também se faz sentir na maturidade de referência, a 10 anos. 

Neste contexto, os juros das "Bunds" alemãs, que servem de referência para a Zona Euro, recuam 4,3 pontos base para 2,515%, enquanto a "yield" das obrigações francesas cedem 4,2 pontos para 3,192%. 

Já nos países da Europa do sul, os juros da dívida soberana portuguesa e espanhola a dez anos recuam ambos 3,5 pontos base para 3,018% e 3,139%, respetivamente, enquanto a "yield" das obrigações italianas desliza 3,3 pontos para 3,518%. 

Fora da Zona Euro, as "Gilts" britânicas e as "Tresuries" norte-americanas seguem a mesma tendências, com os juros da primeira a cederem 5,7 pontos para 4,622% e os da segunda a caírem 5,5 pontos para 4,455%. 

Trégua comercial entre EUA e UE volta a dar força à Europa

As principais praças europeias estão a negociar em alta esta manhã e a estender os ganhos da sessão anterior, com os investidores ainda a reagirem com algum otimismo às tréguas comerciais temporárias entre EUA e União Europeia (UE). No domingo, o Presidente norte-americano revelou que iria adiar a imposição de taxas de 50% sobre todos os produtos oriundos do bloco de países até 9 de julho.

A esta hora, o Stoxx 600, "benchmark" para a negociação europeia, avança 0,47% para 553,08 pontos, depois de ter encerrado com ganhos de 1% na segunda-feira. O setor da defesa é um dos principais destaques desta sessão, impulsionado pelos comentários de Donald Trump que quer aumentar as sanções contra a Rússia, numa altura marcada por uma escalada de tensões entre Moscovo e Kiev. 

A bolsa de Londres regressou à negociação esta terça-feira, após ter estado encerrada no início da semana devido a feriado. Ainda colhendo os frutos de um adiamento das tarifas à União Europeia, o britânico FTSE 100 avança mais de 1% esta manhã e encabeça os ganhos do Velho Continente. 

Por sua vez, o francês CAC-40 avança com ganhos contidos de apenas 0,22%, numa altura em que a inflação do país abrandou para os 0,6% em maioo valor mais baixo desde dezembro de 2020 e abaixo dos 0,9% esperados pelos economistas ouvidos pela Bloomberg. Esta evolução dá novos argumentos ao Banco Central Europeu (BCE) para prosseguir a série de redução das taxas diretoras por forma a apoiar a economia da Zona Euro.

Entre as principais movimentações de mercado, a FLSmidth avança 3,35% para 376,80 coroas dinamarquesas, após o Goldman Sachs ter aumentado a recomendação da empresa de "manter" para "comprar". 

Nas restantes praças europeias, Madrid valoriza 0,54%, Frankfurt negoceia perto de máximos históricos ao subir 0,44%, enquanto Amesterdão acelera 0,64% e Milão avança 0,53%. 

Euribor volta a cair a três e seis meses para novos mínimos desde finais de 2022

A Euribor desceu hoje a três, a seis e a 12 meses em relação a segunda-feira, nos dois prazos mais curtos para novos mínimos desde dezembro e outubro de 2022, respetivamente.

Com as alterações de hoje, a taxa a três meses, que baixou para 2,021%, ficou abaixo das taxas a seis e a 12 meses, que se fixaram ambas nos 2,056%.

A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, recuou hoje, ao ser fixada em 2,056%, menos 0,033 pontos e um novo mínimo desde 28 de outubro de 2022.

Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a março indicam que a Euribor a seis meses representava 37,65% do 'stock' de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável.

Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,39% e 25,67%, respetivamente.

No prazo de 12 meses, a taxa Euribor também caiu, ao ser fixada em 2,056%, menos 0,026 pontos do que na segunda-feira.

No mesmo sentido, a Euribor a três meses, que está abaixo de 2,5% desde 14 de março passado, recuou para 2,021%, menos 0,018 pontos e um novo mínimo desde 09 de dezembro de 2022.

Em abril, as médias mensais da Euribor caíram fortemente nos três prazos, mais intensamente do que nos meses anteriores e no prazo mais longo (12 meses).

A média da Euribor a três, a seis e a 12 meses em abril desceu 0,193 pontos para 2,249% a três meses, 0,183 pontos para 2,202% a seis meses e 0,255 pontos para 2,143% a 12 meses.

Em 17 de abril, na última reunião de política monetária, o Banco Central Europeu (BCE) desceu a taxa diretora em um quarto de ponto para 2,25%.

A descida, antecipada pelos mercados, foi a sétima desde que o BCE iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024.

A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 05 e 06 de junho em Frankfurt.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

* Lusa

Wall Street regressa do feriado ainda animada com negociações entre EUA e UE

As bolsas norte-americanas regressam de um feriado nacional bastante otimistas, num momento em que os investidores reagem ainda à pausa temporária da imposição de tarifas aos produtos importados da União Europeia. Donald Trump tornou a decisão pública após uma chamada telefónica com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen. 

A Comissão Europeia veio, mais tarde, confirmar a vontade do bloco em acelerar as negociações com a Casa Branca.  Depois do contacto telefónico entre os dois líderes, a Comissão Europeia diz que há "um novo ímpeto" nas negociações comerciais, procurando chegar a acordo antes de se esgotar o prazo, adiado por Trump, para a imposição de tarifas de 50% sobre os bens da UE. 

Assim, a confiança dos investidores volta a ganhar terreno e o apetite pelo risco aumenta. O S&P 500 soma 1,13% para os 5.868,24 pontos, enquanto o Nasdaq Composite salta 1,5% para 19.017,56 pontos e o Dow Jones sobe 0,88% para 41.968,01 pontos.

A grande parte das ações das "megacap" está a registar valorizações esta terça-feira: a Apple soma 1,3%, a Alphabet ganha 1,35% e a Tesla dispara 3,7%.

A empresa do presidente dos EUA, a Trump Media & Technology Group, cai mais de 5% depois de a empresa anunciar que planeia angariar cerca de três mil milhões de dólares para aumentar a exposição a criptomoedas.

Um dia antes de apresentar os resultados trimestrais, a Nvidia sobe 1,7%. Já a Informatica Inc. ganha acima de 6% após ter sido noticiado que a Salesforce está em negociações para adquirir a empresa de software.

Mercado pessimista com reunião da OPEP+. Petróleo cede

O "ouro negro" está a ceder esta terça-feira nos mercados internacionais, enquanto o mercado espera pela reunião da Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) deste sábado, na qual o cartel deverá anunciar um novo aumento da produção em julho. 

"Atribuímos uma elevada probabilidade a outro aumento considerável da produção de 411 mil barris por dia", afirmou Ole Hvalbye, analista da SEB, à Bloomberg.

Assim, o West Texas Intermediate (WTI) - de referência para os EUA – desvaloriza 0,65% para os 61,13 dólares por barril. Já o Brent – de referência para o continente europeu – perde 0,65% para os 64,32 dólares por barril. 

A travar o petróleo de maiores quedas esteve o alívio das tensões comerciais entre os EUA e a União Europeia durante o fim de semana. Os dois blocos chegaram a um acordo de pausa temporária de imposição de tarifas de 50% a produtos europeus importados, após uma chamada telefónica entre Donald Trump e Ursula Von der Leyen.

A presidente da Comissão Europeia confirmou a vontade do bloco em acelerar as negociações com a maior economia do mundo antes do prazo de 9 de julho - data definida na conversa. A trégua retirou alguma preocupação ao mercado em relação à procura por combustível que poderia ser afetada pelas tarifas.

Além disso, a CNN avançou esta semana que Washington poderá estar a preparar mais uma onda de sanções à Rússia, o que poderá reforçar os riscos de oferta de crude num dos maiores produtores mundiais.

Já a incerteza sobre se um acordo nuclear entre o Irão e os Estados Unidos possa, de facto, ser alcançado, alimentou ligeiramente o clima de otimismo. Se os países não chegarem a acordo, os EUA poderão continuar a aplicar sanções a Teerão, o que limitaria o fornecimento de petróleo iraniano.

Ouro recua com avanços comerciais entre a Casa Branca e a Comissão Europeia

Pela segunda sessão consecutiva, os preços do ouro estão a recuar, já que um dólar norte-americano mais caro encarece o metal para compra. Os investidores afastam-se de ativos-refúgio e preferem agora os de risco, depois de os Estados Unidos e a União Europeia terem chegado a um acordo temporário sobre as tarifas. 

A Casa Branca decidiu adiar a aplicação das taxas para 9 de julho, dando mais tempo aos dois blocos para chegaram a um acordo definitivo. Com o sentimento de risco e incerteza a desvanecer, o metal amarelo cai abaixo do patamar dos 3.300 dólares e perde 1,43% para 3.296,14 dólares por onça.

O CEO da Activtrades da Europa, Ricardo Evangelista, diz que "apesar deste recuo, o ouro continua próximo desse nível psicologicamente relevante, e é provável que os investidores hesitem em apostar fortemente numa continuação das quedas", numa nota a que o Negócios teve acesso.

"A incerteza em torno das tarifas mantém-se, assim como as preocupações com a situação fiscal dos Estados Unidos — sobretudo enquanto o Senado analisa a aprovação de um pacote de cortes fiscais que poderá acrescentar cerca de 4 biliões de dólares à dívida pública. Estes fatores deverão continuar a dar suporte ao ouro, tal como as tensões geopolíticas persistentes na Ucrânia e no Médio Oriente", acrescentou.

"Há muita volatilidade nos preços do ouro, já que as coisas mudam constantemente em termos de tarifas. Atualmente, o mercado pode estar com a impressão de que há um acordo a ser fechado e isso está a pressionar o ouro", disse Bart Melek, da TD Securities, à Reuters.

Sem novos catalisadores, o mercado espera agora por novos desenvolvimentos comerciais e geopolíticos. Além disso, a ata da última reunião de política monetária da Reserva Federal será divulgada esta quarta-feira e o presidente da Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, pediu que as taxas de juro ficassem inalteradas até que haja mais clareza sobre como as tarifas elevadas afetam a inflação. 

"Os mercados estão a antecipar pelo menos dois cortes de 25 pontos base na taxa de juro por parte da Reserva Federal ainda este ano, o que poderá enfraquecer o dólar e impulsionar o ouro, dada a correlação inversa entre os dois ativos. Neste contexto, é pouco provável que o preço do ouro desça de forma significativa abaixo dos 3.300 dólares, mantendo-se o caminho de menor resistência orientado para uma valorização", considerou Ricardo Evangelista. 

"Yield" da dívida do Japão mergulha e arrasta iene. Dólar avança à boleia de acordo comercial

O iene está a registar as maiores desvalorizações contra os principais pares esta terça-feira, isto depois de a "yield" da dívida japonesa ter afundado, com os investidores a reagirem ao facto de o Ministério das Finanças japonês ter enviado um questionário aos investidores sobre emissões e questões atuais do mercado. O Japão pode estar a considerar reduzir a emissão de obrigações com as maiores maturidades.

Assim, o dólar ganha 1,07% para 144,38 ienes, enquanto o euro sobe 0,68% para 163,76 ienes. Já o euro perde 0,40% para 1,1342 dólares.

A "nota verde" somou ganhos depois de novos dados terem mostrado que a confiança do consumidor norte-americano em maio foi muito melhor do que os economistas esperavam. O euro, por sua vez, foi afetado por dados que mostraram que a inflação francesa caiu para o nível mais baixo desde dezembro de 2020, em maio.

Juros da dívida da Zona Euro seguem Japão e aliviam

Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro aliviaram esta terça-feira, imitando o movimento dos pares asiáticos, numa altura em que o Japão procura estabilizar o mercado obrigacionista. O ministro das Finanças do país terá abordado uma série de investidores institucionais para saber quais os próximos passos a adotar, depois de uma emissão de dívida a 20 anos na semana passada ter visto a pior procura na última década.

Neste contexto, os juros das "Bunds" alemãs a dez anos, que servem de referência para a Zona Euro, caíram 2,9 pontos para 2,529%, enquanto a "yield" das obrigações francesas com a mesma maturidade recuou em 3,3 pontos para 3,201%, após a taxa de inflação em França ter caído para mínimos de mais de quatro anos, atingindo os 0,6% em maio, impulsionada por uma descida dos custos da energia e reforçando a necessidade de novos cortes nas taxas de juro pelo Banco Central Europeu.

Já nos países do sul da Europa, os juros da dívida soberana de Portugal cederam 3,8 pontos para 3,015%, enquanto a "yield" das obrigações espanholas aliviaram 4,3 pontos para 3,132%. Por sua vez, em Itália, os juros a dez anos perderam 3,6 pontos para 3,515%.

Fora da Zona Euro e após voltarem de feriados nacionais, os juros das "Gilts" britânicas desceram 1,5 pontos base para 4,664% e as "Tresuries" norte-americanas aliviam 6,7 pontos para 4,444%.

Europa bate palmas a acordo com EUA. Stoxx 600 supera Wall Street por 8,8% este ano

Os investidores ainda estão animados com o acordo comercial, ainda que temporário, entre os EUA e a União Europeia, e as bolsas europeias fecharam em alta pelo segundo dia consecutivo. 

O Presidente dos EUA, Donald Trump, concordou em prolongar a imposição de tarifas a 50% a produtos importados da Europa para dia 9 de julho, o que dá mais tempo aos dois blocos para negociar um acordo mais sólido - e a Comissão Europeia já proferiu a vontade em apressar as negociações para evitar uma escalada de tensões. 

"As tréguas deveriam desencadear uma recuperação, mas é apenas uma recuperação tática", disse Beatrice Guedj, da Swiss Life Asset Managers à Bloomberg. 

Assim, o Stoxx 600, que agrupa as principais praças europeias, subiu 0,33% esta terça-feira para 552,32 pontos, com os setores tecnológico e de viagens a impulsionar o "benchmark". Em contraciclo, as ações ligadas ao setor automóvel, da construção e "utilities" travaram o índice de referência de maiores avanços. Aliás, o Stoxx 600 continua à frente na corrida com as ações norte-americanas, com um avanço de 8,8% desde o início do ano. 

O CAC-40, em Paris, perdeu modestos 0,02% depois de a inflação do país em maio ter abrandado para o nível mais baixo em quatro anos, para 0,6% - evolução que reaviva as apostas dos investidores em mais cortes de juros por parte do Banco Central Europeu (BCE) de forma a apoiar a economia da Zona Euro. 

Nas restantes praças europeias, Madrid valorizou 0,13%, Frankfurt negociou perto de máximos históricos ao subir 0,83%, enquanto Amesterdão acelerou 0,56% e Milão avançou 0,34%. 

O setor automóvel foi dos mais pressionados, uma vez que os mais recentes dados revelaram que as vendas de automóveis na Europa caíram em abril, com os consumidores a adiarem grandes compras, num contexto de crescimento económico mais fraco e de incerteza do comércio mundial por causa das tarifas. A Renault cedeu 2,1%, a BMW perdeu 0,5% e a Michelin 0,4%.

Noutros movimentos de mercado, as ações da E.On caíram 1,2%, depois do Citigroup ter baixado a classificação da empresa, na sequência de uma forte subida das ações este ano.

Já a Elementis saltou mais de 11% após ter assinado um acordo para se desfazer do seu negócio de pó de talco.

No retalho, a Burberry ganhou mais de 5% após o Barclays ter revisto em alta a classificação do setor de luxo britânico. 

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