A Comunidade Intermunicipal do Cávado (CIM Cávado) e o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) organizaram em conjunto o 6.º Encontro Nacional das Autoridades de Transporte que decorreu no Auditório do Fórum Municipal Rodrigues Sampaio, em Esposende, com o intuito de permitir que todas as autoridades da área pudessem debater os problemas e os desafios de um dos setores que mais destaque merecem na atualidade.
A recolha dos ensinamentos e da experiência das boas práticas no setor, nomeadamente nos territórios de Castelo Branco, de Coimbra e da Galiza, constituiu uma das mais-valias do encontro, que decorreu durante toda a manhã do passado dia 13 de setembro, e cujas boas-vindas estiveram a cargo do presidente da Câmara de Esposende, Benjamim Pereira, e do presidente da Comunidade Intermunicipal do Cávado, Ricardo Rio.
"O investimento em transporte público reclama uma mudança de paradigma"Benjamim Pereira alertou para as carências que registam em termos de transportes públicos, à semelhança de grande parte do país. O autarca apelou, por isso, à reflexão. "Reconhecendo as virtudes de um programa como o PART (Programa de Apoio à Redução Tarifária), não posso deixar de apontar a contínua centralização que o caracteriza: 70,2% da sua verba orçamental é destinada à zona metropolitana de Lisboa, 14,5% à Área Metropolitana do Porto e os restantes 15,2% são para o resto do país", alertou.
O presidente da Câmara de Esposende trouxe também o tema da sustentabilidade, relembrando o compromisso da União Europeia em alcançar a neutralidade climática, em 2050. "O setor dos transportes tem de passar por uma transformação que exigirá reduzir 90% das emissões de gases, assegurando, ao mesmo tempo, soluções acessíveis aos cidadãos. " E acrescentou: "Tal implica uma rede de transportes públicos com baixas emissões e uma oferta atraente para todos os que necessitem de se deslocar."
Benjamim Pereira sublinhou ainda a importância que os transportes públicos desempenham na inclusão dos grupos mais desfavorecidos. Por tudo isto, frisou, "o investimento em transporte público e infraestruturas reclama uma mudança de paradigma".
Já Ricardo Rio, presidente da CIM Cávado e autarca bracarense, mencionou a questão da sustentabilidade, evidenciando que é "fundamental diminuir a carga de utilização das viaturas próprias". Apesar da "complexidade que o sistema de transportes acarreta", salientou o "caso de Braga": "Tem um operador interno que é o melhor operador de transportes públicos nacional. Ou os números assim o vão demonstrando."
Primeiro a pandemia, depois a guerraLuís Cabaço, presidente da Associação Nacional de Transporta[1]dores de Passageiros (ANTROP), João Marrana, presidente do Metro do Mondego, Hélder Henriques, vice-presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, e Ethel Mourelle, conselheira de Infraestruturas e Mobilidade da Xunta de Galicia, também estiveram no evento.
O presidente da ANTROP trouxe para o centro da discussão as dificuldades do mundo, da pandemia à guerra na Ucrânia, e o aumento dos combustíveis.
Por sua vez João Marrana explicou que "quando o Governo decide financiar o sistema de transportes, o que faz é reduzir a tarifa". "Ao reduzir a tarifa significa que só se está a mexer numa componente, o cash out". O presidente do Metro do Mondego afirmou que se o objetivo é que o transporte público ganhe ao transporte privado, é obrigatório "ter custos generalizados mais baixos do que o transporte privado". Segundo João Marrana: "O carro continua a ganhar largamente ao transporte público."
Linhas renovadas e bilhetes grátisNo que diz respeito a Ethel Mourelle, descreveu a realidade da mobilidade e dos transportes na sua região, destacando o facto de a Galiza ser "uma referência na modernização do transporte público". Refira-se que, na Galiza, foram renovadas 3.400 novas linhas de transporte e que os bilhetes são grátis para os jovens até aos 21 anos.
Em relação a Hélder Henriques, apontou alguns desenvolvimentos que foram feitos nos transportes públicos do seu território. O vice-presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco relembrou também que "os transportes públicos são um bom medidor da qualidade das sociedades".
O papel que as instituições têm na mobilidade também foi esclarecido, com Eduardo Feio, presidente do IMT, e Clara Albino, auditora-chefe da Fiscalização Prévia do Tribunal de Contas, a explicarem o que fazem as suas instituições.
O encerramento do 6.º Encontro Nacional das Autoridades de Transporte ficou a cargo do secre[1]ário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado.