A pandemia e os confinamentos estimularam transformações em quase todos os setores de atividade económica em todo o mundo, originando novos paradigmas de consumo e operação ou reforçando mudanças que já estavam em curso. É o caso da reabilitação urbana em Portugal, que esteve sempre a crescer, demonstrando a força da construção e do imobiliário. Este é um setor que, na minha opinião, parece ter argumentos e flexibilidade suficientes para continuar a vingar na economia e no futuro. Hoje, o país e o mundo estão rodeados de incertezas, no entanto, não estão estagnados.
O desafio neste setor é manter-se consolidado no mercado, desempenhando um papel de motor da economia e do emprego, face à situação, promovendo o alargamento da reabilitação urbana na generalidade do país, e não somente nos centros urbanos; deverá também tornar-se cada vez mais consistente na sustentabilidade nas mais variadas formas, e manter o posicionamento competitivo do mercado imobiliário face à escala internacional, em que Portugal é sem dúvida um país bastante atrativo para os investidores. Na base desta atratividade estão características como a tranquilidade e a segurança, a qualidade de vida, o clima e a fronteira com a costa atlântica – exigências que cada vez são mais emergentes na vida real das pessoas. Apesar de existirem problemas que travam a dinâmica do setor, como a escassez de materiais, a subida de preços e a falta de mão de obra, a necessidade de o setor ser competitivo e não estagnável justifica-se pela renovação e adequação do segmento comercial a novas realidades, à construção de novos entrepostos logísticos, ao facto de as expectativas dos compradores terem mudado com a procura e construção de habitações maiores, em zonas periféricas para melhor qualidade de vida - quer em termos económicos como vivenciais; justifica-se também pela adequação dos segmentos de escritório a uma nova realidade decorrente da pandemia e de novos hábitos ora adquiridos, como a democratização do e-commerce e o trabalho remoto.
Numa perspetiva de médio-longo prazo, em paralelo com a incógnita evolução da pandemia e o seu impacto, o setor imobiliário e de reabilitação urbana é sem dúvida uma área de crescimento de elevado potencial para a diversidade de património edificado, que continuará por parte dos investidores a ter interesse e liquidez, bem como um papel fundamental na economia e no emprego. Apesar das dúvidas relativas ao futuro, este setor parece ter argumentos e flexibilidade suficientes para continuar a vingar.
Dora Romano, arquiteta da Romano – Interior Design and Architecture